Já se cortou a fita, mas o Cais do
Sodré continua em obras
É só até ao fim deste mês, garante a
Câmara Municipal de Lisboa. Nas últimas semanas foram feitas novas passadeiras
e alargaram-se os passeios, eliminando lugares de estacionamento. Quantos? A
autarquia não esclarece.
JOÃO PEDRO PINCHA 27 de Abril de 2017, 8:16
Inaugurado há pouco mais de um mês com uma festa que teve
dois concertos, bancas de artesanato e milhares de pessoas, o renovado Cais do
Sodré ainda não se livrou definitivamente das obras. Nas últimas semanas os
trabalhos concentraram-se na parte final da Avenida 24 de Julho, o que tem
causado inúmeros transtornos à circulação pedonal.
À semelhança do que já tinha acontecido nas imediações do
Largo de Santos, os passeios foram alargados e o estacionamento praticamente
desapareceu entre a nova sede da EDP, a Praça Dom Luís, o Mercado da Ribeira e
a Praça Duque da Terceira. Além disso, a ciclovia que se inicia junto às
Escadinhas da Praia foi esticada até à entrada da estação do Cais do Sodré.
Nesse sítio, mais recentemente, foram as obras nas passadeiras e no separador
central que mais incomodaram os peões e os utilizadores de transportes públicos,
que durante muitos dias tiveram de esperar pelos autocarros no meio de terra
batida.
“Isto tem estado
sempre caótico, sobretudo de manhã ao sair da estação”, queixou-se uma
trabalhadora da zona, Catarina, numa recente visita do PÚBLICO ao local. “E
isto muda todos os dias, os peões nunca sabem por onde ir. Às vezes está
vedado, outras vezes não está. É um Totoloto”, acrescentou.
O PÚBLICO tem vindo a questionar a Câmara Municipal de
Lisboa sobre este tema há mais de um mês. Depois de insistentes pedidos de
resposta, a autarquia informou na segunda-feira que a criação de passadeiras e
a substituição da calçada portuguesa por um pavimento betuminoso junto à
estação do Cais do Sodré “são obras novas” que não estavam previstas
inicialmente. “Reparou-se que não havia piso confortável na aproximação às
passadeiras nem guias de sinalização e aproximação”, esclareceu a câmara
através do gabinete de comunicação.
Os restantes trabalhos – “a criação de um amplo passeio
público arborizado na Av. 24 de Julho” – já estavam incluídos no projecto de
requalificação do Largo de Santos, garante a autarquia. No site da câmara lê-se
que o projecto desta intervenção previa obras apenas “até à esquina do
Boqueirão dos Ferreiros” – junto à sede da EDP. A planta que prevê o
reperfilamento da 24 de Julho a partir desse ponto até ao Cais do Sodré,
publicada no mesmo site, tem data de 3 de Fevereiro.
Todas as obras, assegura o município, “estarão concluídas
durante o mês de Abril”.
Com estas intervenções, a Av. 24 de Julho ficou sem várias
dezenas de lugares de estacionamento. O PÚBLICO perguntou à câmara qual o
número exacto de lugares eliminados, mas essa questão ficou sem resposta. A
autarquia sublinha que “o projecto do novo Largo de Santos prevê 67 lugares de
estacionamento e 5 espaços para motos” e que a Empresa Municipal de Mobilidade
e Estacionamento de Lisboa (EMEL) vai começar a actuar nesta zona. Os
parquímetros, aliás, já estão instalados.
Além disso, a câmara afirma que “vão ser criados dois
parques de estacionamento na Rua Dom Luís I”, com 157 lugares ao todo. O maior
deles terá capacidade para 99 automóveis e o outro, com 58 lugares, “será de
utilização exclusiva para os residentes, com avenças mensais a preços bastante
abaixo dos praticados no mercado”. Ou seja, 30 euros. Estes parques vão ser
perto do IADE e ambos "deverão estar operacionais durante o mês de
Maio."
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