"Marine le Pen vai ser uma
grande governanta"
Café português festejou passagem à
segunda volta de Marine Le Pen
23 DE ABRIL DE 2017
Joana Haderer/Lusa
Entre finos e petiscos à portuguesa, no café "Chez
Tonton", junto a Paris, alguns emigrantes festejaram a passagem de Marine
Le Pen, a líder da extrema-direita, à segunda volta das presidenciais
francesas.
Manuel Domingos, proprietário do restaurante que foi chamado
a "cantina do FN" (Frente Nacional) pelo jornal Le Monde e a
"cantina de Marine Le Pen" pelo Le Figaro, votou Marine Le Pen e
assim que foram anunciados os resultados disse estar "muito satisfeito".
"Digo-lhe francamente: estou muito satisfeito. Esperava
melhor, será para a próxima volta. Felicitações para a Marine. Ela merece, com
todo o carinho. Tenho muita amizade, muita paixão, gostava que ela fosse
vitoriosa na primeira volta, não é o caso. Vamos esperar mais uns dias",
declarou o franco-português de 55 anos que acredita que a líder da FN pode
vencer à segunda volta.
Manuel Domingos votou Marine Le Pen, "uma mulher de
grande inteligência e capacidades", que acredita que "vai ser uma
grande governanta", e disse ter "muito prazer e a honra de servir o
partido dela", oferecendo-lhe o que houver na ementa, "pode ser
moelas, pode ser frango, pode ser vitela, pode ser carne de vaca, pode ser
costeleta de porco, feijoada".
Fernando Garcia Pires, de 60 anos, não votou porque só tem
nacionalidade portuguesa, mas ficou contente com o apuramento de Marine Le Pen
porque "depois as coisas podem mudar", mas disse achar
"difícil" que conquiste o Eliseu porque "vão votar todos contra
ela como foi da última vez".
"Ela é contra os imigrantes que continuamente vêm de
todos os lados e eu acho que ela tem razão porque nós somos europeus e as
pessoas que vêm agora de fora não são europeias, são africanos, são asiáticos,
não tem nada a ver com o emigrante europeu", justificou o português que
chegou a França em 1975.
Fernando Espinho, que vive em França há 16 anos, bebeu um
copo para festejar a passagem de Marine Le Pen e disse estar satisfeito porque
votou nela.
"Simpatizo um bocado com ela, 'c'est tout'! Eu acho que
é uma pessoa liberal, é uma pessoa muito aberta com portugueses aqui,
principalmente aqui, nunca tive problemas com ela. Na segunda volta espero que
ela passe também. Vou beber um copo, mas não é ela que me vai pagar porque ela
não está aqui", exclamou o emigrante de Chaves de 53 anos.
Ao seu lado, Roberto Sousa sublinhou que a líder do FN é uma
"grande amiga" e que ele e os quatro filhos votaram na candidata.
"Gosto muito dela. É simples e o pai dela é igual. O
que eu queria é que a moeda viesse para trás, como era antes. Escudos em
Portugal, francos aqui, era isso que eu queria. Uma pessoa vivia muito melhor
do que vive hoje", afirmou o português de 55 anos que tem a nacionalidade
francesa para votar.
A tasca portuguesa fica a cerca de 200 metros da sede da
Frente Nacional, onde esta tarde estava uma carrinha de polícia estacionada, e
festejou em francês e português o apuramento da candidata da extrema-direita,
ligando em cima da hora o canal TF1 para ver os resultados, porque antes estava
a dar o jogo de futebol Guimarães-Braga.
Jean-Pierre é contabilista na sede do FN e preferiu assistir
aos resultados no café português porque a comitiva do partido e a sua líder
estavam hoje em Hénin-Beaumont, no norte de França.
"Estou muito contente, não pensei que fosse com o
Macron mas com ele é possível vencer se as pessoas da direita não se armarem em
imbecis. Estou muito otimista", declarou o membro do FN, explicando que
entre o partido e os portugueses há uma ligação porque "são pessoas que
estão fartas das falcatruas dos outros e também estão fartos da imigração"
e considerando que "há portugueses que se sentem mais franceses que alguns
franceses daqui".
Atrás do balcão, Manuel Domingos servia copos à saúde da sua
candidata e disse esperar que ela passe no café ainda antes da segunda volta,
estando a sala no primeiro piso preparada para a receber como já o fez várias
vezes.
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