Biblioteca de Benfica inaugurada até
ao final do verão no renovado Palácio Baldaia
POR O CORVO • 25 ABRIL, 2017 •
É uma das mais populosas freguesias da cidade de Lisboa, mas
não tem uma biblioteca pública. Uma carência que, promete ao Corvo a presidente
da Junta de Freguesia de Benfica, Inês Drummond (PS), deverá ficar suprida até
ao final deste verão, com a entrada em funcionamento dessa e de outras
valências no novo centro cultural que, nessa altura, entrará em funcionamento
no velho Palácio Baldaia. Não será ainda a tão aguardada biblioteca municipal,
prometida há anos, mas a sua entrada em funcionamento permitirá aos residentes
usufruírem de um espaço cultural num edifício onde, até há pouco tempo, chovia
no seu interior.
“Pressionámos muito a
Câmara Municipal de Lisboa para que pudéssemos disponibilizar este fantástico
edifício à população”, diz a autarca, na véspera do feriado de 25 de abril
(terça-feira), dia da inauguração simbólica dos jardins do edifício do século
XVIII, situado na Estrada de Benfica – e que haviam sido desvelados à
população, a 1 de outubro, aquando das comemorações do Dia da Música. Para além
da biblioteca, totalmente custeada pela junta, haverá ainda lugar para uma área
de exposições e outras iniciativas culturais, um espaço de corwork com
capacidade 16 postos de trabalho e uma cafetaria. Sob o mesmo tecto funcionarão
também uma ludoteca e um espaço com conteúdo adaptados para alunos surdos.
A nova biblioteca
virá dar resposta a uma carência evidente de Benfica nesta área. Apesar de a
freguesia ter quase 37 mil habitantes e os seus estabelecimentos de ensino
albergarem cerca de 16 mil alunos, os sucessivos planos para suprir tal falha
teimam em não dar frutos. “Nunca tivemos uma biblioteca, nem um centro de
exposições”, lamenta Inês Drummond, lembrando os esforços feitos, nesse
sentido, junto da câmara. A autarca lembra que existe um compromisso, já com
alguns anos, para a construção de tal equipamento, como contrapartida para a
urbanização dos terrenos da antiga Fábrica Simões.
Mas esse processo
encontra-se parado, desde o início da última crise financeira, impedindo, por
isso, a prossecução da edificação da tão prometida biblioteca, a integrar na
rede municipal. Por isso, o plano agora é que a nova biblioteca gerida pela
junta de freguesia, a abrir no verão, funcione como provisória até à construção
da definitiva. “Não deixaremos de ter uma palavra a dizer sobre o assunto, não
nos vamos esquecer do compromisso existente”, garante a autarca, salientando,
porém, a urgência de ter um centro cultural com tal funcionalidade, enquanto
tarda em ser cumprido o prometido. “Não podemos esperar mais”, diz.
O acervo da biblioteca da Junta de Freguesia de Benfica,
“feita inteiramente com verbas próprias”, será constituído com base numa doação
de 10 mil livros do Diário de Notícias, noutra de sete mil exemplares do
Instituto de Seguros e ainda das muitas ofertas feitas pela população. Os
custos totais da reabilitação do Palácio Baldaia – onde viveu Dona Maria Joana
Baldaia – e da sua entrada em funcionamento rondarão os 400 mil euros – 150 mil
dos quais saídos de uma proposta vencedora do Orçamento Participativo de Lisboa
de 2013. “Trata-se de um investimento muitíssimo grande para uma junta suportar
sozinha”, considera a presidente da autarquia.
A recuperação
integral do Palácio Baldaia, segundo cálculos da junta, custaria cerca de três
milhões de euros. “Algo completamente impensável para nós”, diz Inês Drummond,
que fala com orgulho na disponibilização à população da freguesia de um
edifício “que é um ícone de referência na Estrada de Benfica”, mas que se
encontrava “profundamente degradado” e, há quase um século, ocupado pelo
Laboratório Nacional de Investigação Veterinária – entidade que, formalmente,
ocupou o espaço até ao final de março.
As obras de conversão do Palácio Baldaia em centro cultural
e biblioteca resultaram de um contrato de comodato estabelecido, em 2014, entre
a Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia de Benfica. Isto depois de
um protocolo assinado, nesse ano, pelo anterior presidente de câmara, António
Costa, e a empresa de participações imobiliárias do Estado, Estamo S.A., que
permitiu o enquadramento dos projectos imobiliários no Plano Director
Municipal.
Texto: Samuel Alemão
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