A pasta medicinal Couto chegou a
Paris e Catarina já pensa em ir mais longe
É o primeiro passo além-fronteiras
d'A Vida Portuguesa. Loja que recuperou dezenas de marcas históricas
instalou-se por um mês na Trésorerie
23 DE ABRIL DE 2017
Joana Petiz
"Acreditamos que os objetos são capazes de contar
extraordinárias e reveladoras histórias. Sobre um povo e os seus gostos
peculiares, sobre uma sociedade e o seu contexto, sobre uma história que é
afinal uma identidade comum." Agora, essas histórias de que nos fala o
manifesto que apresenta A Vida Portuguesa vão dar-nos a conhecer melhor aos
parisienses. Durante um mês, a loja criada há dez anos por Catarina Portas, que
recuperou dezenas de marcas históricas de grande qualidade, vai estar no
lindíssimo espaço parisiense La Trésorerie.
Pode este ser um primeiro passo para a internacionalização?
"Pode", admite Catarina Portas. "A minha vida é em Lisboa,
portanto teria sempre de ter um parceiro local, mas vou aproveitar esta
passagem por Paris para ficar mais uns dias e pesquisar o que é possível fazer
nesse sentido." A fundadora d"A Vida Portuguesa admite que a
internacionalização é um processo "de alto risco e investimento, pelo que
isto tem de ser feito com muito realismo e muita preparação", mas é um
caminho que está seguramente nos seus planos, havendo mesmo já associado à
marca "um gabinete de design de quatro pessoas a trabalhar no sentido de
encontrar soluções para aumentar a coleção de produtos exclusivos".
Para já, porém, exceção feita a esta itinerância por Paris,
a exportação continua a ser feita dentro de fronteiras - a loja é um caso sério
de sucesso entre os milhões de turistas que nos visitam todos os anos, alguns
dos quais estiveram na inauguração de quinta-feira, na La Trésorerie.
"Havia muita gente que já nos conhecia, foi muito engraçado. Estive quatro
horas a dar entrevistas, a começar logo de manhã com o Le Monde, e à festa
foram imensas pessoas da comunidade portuguesa, pessoas de segunda geração,
como o Rúben Alves, a Maria de Medeiros, o Hermano Sanches Ruivo, etc., que
vieram agradecer-me porque isto ajuda a mudar a imagem ainda algo
preconceituosa que aqui se tem dos portugueses."
Para Catarina, de resto, esta ideia de levar A Vida
Portuguesa além-fronteiras surgiu como "uma bela surpresa". Turista
habitual em Paris, a empresária conhecia bem a La Trésorerie - "loja que
respeito e admiro, está entre as minhas favoritas" -, mas nem desconfiou o
que a esperava quando recebeu os representantes em Lisboa e lhe fez a
costumeira visita guiada pelo espaço e produtos que vende já em cinco locais.
Dois dias depois, estava a ser convidada para ter A Vida Portuguesa em
exposição e venda exclusiva no âmbito de uma iniciativa anual da La Trésorerie
que passa por dar a conhecer produtos de um país estrangeiro. Pela qualidade e
variedade da seleção que Catarina Portas tem na sua loja, aos franceses bastou
escolher os cerca de 30 fornecedores - quase todos exclusivos d"A Vida
Portuguesa, como os cremes Benamôr, a pasta medicinal Couto, os lápis Viarco,
os tapetes de trapo, as lavandas e sabonetes Ach Brito - para ocupar até ao
final de maio metade da loja na capital francesa. E a integração é
absolutamente natural: ambas as lojas se apresentam com um manifesto, ambas
apresentam produtos exclusivos e de alta qualidade, ambas apresentam os seus
artigos, as marcas e os artistas que as fazem para realmente dar a conhecer aos
clientes o que estão a comprar.
A maior prova do sucesso de uma ideia que ainda pode dar
muitos frutos? "Logo nos primeiros dois dias, vendemos quase metade do
stock de alguns dos produtos que levámos a Paris", confirma Catarina
Portas.
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