terça-feira, 11 de abril de 2017

Corte de freixos na Praça de Londres e na Avenida Guerra Junqueiro gera protestos / Última hora:Corte de árvores na Praça de Londres e na Guerra Junqueiro adiado por seis meses

Corte de árvores na Praça de Londres e na Guerra Junqueiro adiado por seis meses
POR O CORVO • 11 ABRIL, 2017 •

A reunião entre o vereador da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, e os activistas que vinham contestando o planeado corte de freixos na Praça de Londres e na Avenida Guerra Junqueiro, realizada na manhã desta terça-feira (11 de abril), resultou na suspensão do processo. De acordo com elementos que estiveram presentes no encontro, ficou assente que o abate das 16 árvores não avançará, por agora, mas poderá acontecer dentro de seis meses. Isto se a avaliação que for realizada nessa altura assim o indicar. “O processo foi adiado, suspenso, e será agora sujeito a uma reavaliação, com a certeza de que ocorrerá um acompanhamento semestral”, diz a O Corvo Rui Martins, dirigente do Movimento Vizinhos do Areeiro, que havia lançado uma petição contestado o corte, juntamente com a Associação de Comerciantes “Bairro em Movimento”, o Fórum Cidadania Lx e a Plataforma em Defesa das Árvores.

 Agora, o activista, que reconhece a “existência de problemas em algumas árvores”, tem esperança na inversão da decisão de proceder ao corte, senão de todas elas, pelo menos de algumas. É que, nota, “nem todas as árvores estão em mau estado”, logo não se justificará a sua eliminação. Em outubro, será feita uma avaliação final, para se saber que medidas tomar. “Com isto, ganha-se tempo e, depois, veremos o que dizem os relatórios mais actuais, pois os últimos conhecidos são já de 2014”, afirma Rui Martins, fazendo notar, porém, que “diversos procedimentos legais” não terão sido cumpridos neste caso. Na reunião, ficou a saber-se que, além da Praça de Londres e da Avenida Guerra Junqueiro, “também a Avenida de Paris tem previstos cortes de árvores”. Um outro activista, presente na reunião com Sá Fernandes, salientou a O Corvo a inexistência de “fundamentação técnica precisa, para além de se dizer que as árvores estão doentes”. E fez notar que, com o adiamento, “atira-se a questão para depois das eleições autárquicas”.

 O Corvo tentou confirmar a decisão da suspensão da operação com o assessor de comunicação do vereador, mas ainda não o conseguiu até ao momento.

 Texto: Samuel Alemão



Corte de freixos na Praça de Londres e na Avenida Guerra Junqueiro gera protestos

POR O CORVO • 11 ABRIL, 2017

 O previsto abate de 16 freixos na Praça de Londres e na Avenida Guerra Junqueiro, pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), reacendeu a polémica sobre a política de gestão do arvoredo da autarquia e das juntas freguesia, alvos frequentes de fortes críticas de alguns grupos de activistas, por levarem a cabo acções do género. Desta vez, a operação de corte, anunciada na sexta-feira passada (7 de abril), trás de volta a celeuma ocorrida há dois anos, quando algumas dezenas de árvores daqueles arruamentos foram sujeitas a podas profundas ou abatidas.

 A intervenção é justificada pela câmara municipal com os “graves sinais de decrepitude e defeitos estruturais” dos exemplares arbóreos. Razão contestada por diversas associações, que lançaram uma petição contra a operação, alegando ser infundada, por “não existir qualquer audição, auscultação, apresentação ou explicação pública, técnica ou fito-sanitária sobre a necessidade de novo abate”.

 Nos avisos colocados nos troncos dos freixos, a CML diz que os problemas detectados podem “pôr em causa a segurança de pessoas e bens”, justificando-se por isso o seu abate e substituição. Algo que, aliás, servira também de razão para a operação levada a cabo há um par de anos. E em março de 2016, a Guerra Junqueiro voltou a ser sujeita a uma poda substancial, que visava completar a intervenção iniciada no ano anterior.

 Na altura, tal como em 2015, a justificação dada ao Corvo pelo presidente da Junta de Freguesia do Areeiro, Fernando Braancamp (PSD), para a intervenção desencadeada pela Câmara de Lisboa prendia-se com o suposto mau estado do arvoredo e as consequências do mesmo na segurança pública. Argumentação repetida agora. “O corte é, neste caso, competência da câmara, pois estamos a falar de espaços estruturantes. Mas a junta não é alheia ao problema. Se se põe em causa a segurança de pessoas e de bens, há que tomar medidas”, diz, desta vez, o autarca, falando na existência de “uma doença”.

Frisando sempre não ter a junta a mínima responsabilidade pelo abate agora anunciado, Braancamp afirma que é conhecido o facto de a espécie de árvores em questão “ter uma vida útil de 60 a 70 anos, sendo que, nestes exemplares, foi identificada uma doença que estará a corroer o miolo por dentro”. A situação de degradação dos freixos, garante, será do conhecimento da CML há já quase uma década.

 “Pelo que sei, a câmara tem relatórios fito-sanitários, já desde 2008, em que se refere que estes freixos padeciam deste problema. Eles entenderam que não haveria outra solução possível, senão mandar abaixo. O corte não foi feito na devida altura, mas ficou combinado que o mesmo aconteceria, noutra fase, tal como a sua substituição”, explica o presidente da Junta de Freguesia do Areeiro. No ano passado, em declarações a O Corvo, o autarca falava na existência de um documento técnico de 2012 para justificar uma intervenção de desbaste e abate que, em 2015, todavia, fora tutelada pela junta.

 Uma operação evocada agora em termos negativos pela petição lançada, no último fim-de-semana, por um conjunto de entidades: Movimento Cívico “Vizinhos do Areeiro”, Associação de Comerciantes “Bairro em Movimento”, Fórum Cidadania Lx e Plataforma em Defesa das Árvores. “A poda radical de 2015 deixou a Avenida Guerra Junqueiro completamente irreconhecível, tendo sido realizada numa altura errada do ano e o processo que conduziu a essa poda foi marcado pela falta de informação generalizada, pela ausência de discussão pública e por um comprovado despropósito (vejam-se as árvores agora exuberantes)”, diz o texto que suporta a recolha de assinaturas.

 Nele, considera-se ainda o previsto novo abate como algo “surpreendente, uma vez que as árvores agora marcadas para a morte se apresentam viçosas e pujantes de verde, como resultado de uma poda selvagem de que foram vítimas há dois anos”. De acordo com os autores da petição, “volta, agora, a não existir qualquer audição, auscultação, apresentação ou explicação pública, técnica ou fito-sanitária sobre a necessidade de novo abate.

A Plataforma em Defesa das Árvores, uma das entidades responsáveis pela petição, qualifica a operação de abate prevista como “arboricídio”. “Vão ser abatidas na Av. Guerra Junqueiro 16 freixos com muitas dezenas de anos e perfeitamente saudáveis, o único problema fito-sanitário que apresentam resultou de uma poda inadequada feita pela Junta de Freguesia do Areeiro há dois anos, mas tudo indica que têm capacidade para recuperar. Este abate é inadmissível, as árvores não são mobiliário urbano que se substitui por capricho de alguém”, escreve no seu blogue.

 Contactado por O Corvo, um dos elementos da Plataforma, Rosa Casimiro, salienta a necessidade de serem conhecidas a reais razões para a CML avançar com esta solução drástica. “É preciso que haja um relatório actual, pois o mais recente que se conhece será de 2014. As árvores tinham problemas em alguns ramos, mas eles foram cortados na intervenção de há dois anos. Na minha opinião, parece evidente que as árvores estão saudáveis e que o se está ali a fazer tem mais que ver com uma operação de estética e não tento com razões fito-sanitárias”, considera. A activista salienta também que as árvores que estão ser plantadas no lugar dos freixos, da espécie ginkgo biloba,“nem daqui a 20 anos terão copas”.

 O Corvo contactou, ontem (segunda-feira, 10 de abril) à tarde, o assessor de comunicação do vereador responsável pela Estrutura Verde, José Sá Fernandes, para obter um comentário sobre este assunto. O referido assessor explicou que Sá Fernandes reunirá esta terça-feira (11 de abril) com os responsáveis pela petição, nomeadamente o movimento “Vizinhos do Areeiro”. Mas adiantou, desde logo, que os cortes de árvores previstos se encontram devidamente fundamentados por pareceres técnicos.


 Texto: Samuel Alemão

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