Museu Judaico de Lisboa quer
"dialogar com o bairro" para envolver a população de Alfama
Há uma petição contra o local do
Museu Judaico, porque se teme que o dia-a-dia daquela zona seja afectada. A
dirigente da Comunidade Israelita de Lisboa salientou que "o museu não vai
impedir a vida no bairro nem as festas populares".
LUSA 20 de Abril de 2017, 16:15
A dirigente da Comunidade Israelita de Lisboa, Esther
Mucznik, afirmou nesta quinta-feira que o novo Museu Judaico, cuja abertura
está prevista ainda este ano, quer envolver a população de Alfama na sua
programação "e não estar de costas viradas". A dirigente falou na
Comissão Permanente de Cultura da Assembleia Municipal de Lisboa devido à
petição "Museu Judaico - Em Alfama? Sim! No Largo de São Miguel?
Não!", que conta com 152 assinaturas.
Perante os deputados municipais, Esther Mucznik disse que o
objectivo do museu é "dialogar com o bairro, para que as crianças, e não
só, possam participar em actividades educativas". "As pessoas também
poderão dizer se querem fazer coisas com o museu", uma vez que "a
perspectiva é que o museu dialogue com o bairro", explicou.
Confrontada com as preocupações manifestadas pelos
peticionários, que temem que o dia-a-dia daquela zona seja afectada, a
dirigente da Comunidade Israelita de Lisboa salientou que "o museu não vai
impedir a vida no bairro nem as festas populares" e "se houver algum
problema resolve-se através do diálogo". Esther Mucznik considera que este
equipamento "vai ser uma mais-valia" e mostrou-se convicta de que
"daqui a uns anos toda a gente estará contente".
A Associação do Património e da População de Alfama e
associações de defesa do património têm alertado contra o projecto
arquitectónico do novo Museu Judaico de Lisboa, por considerarem que vai
destruir a arquitectura tradicional do Largo de São Miguel, em Alfama.
Questionada sobre o porquê de o museu estar localizado nesta zona, a dirigente
da Comunidade Israelita de Lisboa afirmou que este local "tem um grande
simbolismo para o judaísmo português", uma vez que "já lá existiu uma
judiaria e também uma sinagoga".
A par de Esther Mucznik, também a arquitecta responsável
pelo projecto, Graça Bachmann, que explicou aos deputados municipais que uma
parte do edifício será feito como se fosse uma habitação, com várias janelas,
"para ajudar à integração no local", visto que para os deputados
municipais é necessário aumentar o diálogo com a população.
O Museu Judaico de Lisboa "contará a história da
presença judaica em Portugal desde antes da nacionalidade e até aos dias de
hoje" através de exposições permanentes e temporárias. "Vamos tentar
ao máximo que o museu seja interactivo e dialogue com os visitantes",
apontou Esther, acrescentando que o equipamento irá incluir um mapa de Portugal
"que irá mostrar todas as judiarias que existiram no país" ou
"um globo que assinala as rotas dos judeus portugueses pelo mundo". O
museu terá um centro de documentação que contará a história dos judeus em
Portugal e um espólio cedido pela comunidade israelita.
Esther Mucznik explicou que a exposição estará dividida por
três pisos: o piso 0 será "dedicado à cultura religiosa judaica" e
abordará três níveis "sabedoria, vida e o calendário festivo"; o piso
1 "irá abordar a história judaica, a convivência, os contributos dos
judeus para a nacionalidade, e também a intolerância"; e o piso 2 será
"dedicado à diáspora e ao regresso dos judeus a Portugal".
O projecto deverá custar cerca de cinco milhões de euros,
numa primeira fase, dos quais 2,9 milhões são financiados em conjunto pela
Câmara Municipal de Lisboa (a quem caberá um milhão de euros), a Fundação
Patrick & Lina Draghi (1,2 milhões de euros), e fundos noruegueses EEA
Grants (312,8 mil euros).
O museu será gerido pela Associação de Turismo de Lisboa
(ATL), que contribuirá com 55,2 mil euros e ficará com o direito de superfície
sobre o terreno onde será construído, durante um período mínimo de 50 anos.
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