quinta-feira, 2 de maio de 2013

A Europa continua presa no labirinto da sua indecisão e a evitar estratégias consequentes.Ferreira Leite diz que “andamos a fazer sacrifícios em nome de nada”


Bons exemplos, contas amargas

03/05/2013 Editorial / Público

A Europa continua presa no labirinto da sua indecisão e a evitar estratégias consequentes.

É como se os líderes europeus tivessem aderido a uma nova religião: a do crescimento e do combate ao desemprego. A homilia faz-se ouvir em todos os horizontes do continente. Em Bruxelas, o novo primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, ouviu uma resposta meramente consoladora do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, aos seus apelos para uma estratégia europeia contra o pesadelo do "desemprego jovem". Em Lisboa, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, honrou a sua reputação de homem de diálogo ao aplaudir ao mesmo tempo a austeridade de Passos Coelho e a defesa do crescimento de António José Seguro. Somos o "bom exemplo", disse Rompuy. Na próxima fase todos teremos que pensar mais no crescimento e no emprego, acrescentou.
Onde fica a próxima fase? Ninguém sabe. Porque as belas frases parecem colidir continuamente na barreira das contas amargas. Letta regressou a Roma para encontrar um relatório preocupante da OCDE sobre a economia italiana. Passos Coelho prepara-se para apresentar hoje mais cortes. E aos belos gestos parece estar reservado um destino idêntico. Mario Draghi, presidente do BCE, anunciou a descida para um novo mínimo histórico das taxas de juro. Mas o próprio Draghi teme que a medida não venha a ter efeitos reais na economia. Tal como os apelos ao crescimento que não se traduzem em estratégias efectivas, também esta mexida nas taxas de juro não chega para reanimar a economia. E a pergunta continua a ser a mesma: por que não segue o BCE o exemplo de outros bancos centrais, como a Reserva Federal norte-americana? Noutra dimensão, poder-se-ia perguntar: por que é que uma preocupação comum com o desemprego não se traduz em políticas concretas? E por quanto tempo poderá a Europa permanecer bloqueada no labirinto das suas indecisões?


Ferreira Leite diz que “andamos a fazer sacrifícios em nome de nada”

Por Luciano Alvarez
03/05/2013 in Público

Antiga presidente do PSD volta tecer duras críticas ao Governo e diz que só com uma “varinha mágica” o Executivo “transforma uma abóbora numa carruagem”.

Manuela Ferreira Leite classificou nesta quinta-feira o Documento de Estratégia Orçamental (DEO) 2014-2017 do Governo como “histórias para contar aos netos” e afirmou que as políticas que estão a ser seguidas pelo Executivo conduzem a “um verdadeiro desastre”.

No seu habitual comentário no programa Política Mesmo, na TVI24, a antiga presidente do PSD voltou a tecer duras críticas ao Governo e em especial ao ministro das Finanças, Vítor Gaspar.
Classificando o documento do Governo como sendo de natureza teórica, Ferreira Leite diz que foi feito de acordo “com os objectivos que a troika impôs” e, depois, “construíram-se os indicadores de forma a encaixar” naqueles objectivos. “Foi um exercício feito de pernas-para-o-ar.”
A social-democrata falou mesmo em “números verdadeiramente irrealistas”, em “sacrifícios em nome de nada” e acrescentou: “É preciso ter uma varinha mágica para transformar uma abóbora numa carruagem”.
A antiga ministra das Finanças manifestou-se ainda “chocada” por, no DEO, Vítor Gaspar “dizer mal de Portugal” em documentos internacionais e afirmar que tudo “foi errado e irresponsável”.
Afirmando que grande problema é a política que está a ser seguida, Manuela Ferreira Leite acrescentou que o Governo apresentou há pouco tempo medidas para o crescimento que o DEO agora vem matar.
A social-democrata afirmou ainda que o documento revelado por Vítor Gaspar na terça-feira no Parlamento de nada serve sem se conhecerem as medidas em concreto de corte na despesa, que vão ser reveladas nesta sexta-feira por Passos Coelho às 20h.
Ferreira Leite disse também que o DEO é “um documento verdadeiramente técnico” que “nem para uma tese de doutoramento serve” porque “não tem uma adesão à realidade”.
A antiga líder do PSD voltou a afirmar que a estratégia do Governo “não é exequível”, pois o Governo não vai poder cumprir aquilo que está a prometer.
Colocando dúvidas sobre quase tudo o que tem sido dito por Passos Coelho e Vítor Gaspar nos últimos dias, Ferreira Leite colocou em causa o facto haver funcionários públicos a mais e colocou o acento tónico no facto de a pobreza já ter chegado “a quem tem emprego” para mais uma vez criticar o Governo.


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