Campolide, uma freguesia muito
cobiçada pelos jovens, mas com bairros sociais esquecidos
REPORTAGEM
Sofia Cristino
Texto
25 Junho, 2018
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Campolide está a rejuvenescer. A requalificação de grande
parte do edificado e do espaço público, aliada ao regresso do eléctrico 24, tem
atraído muitos jovens residentes, portugueses e estrangeiros. “60% da
reabilitação é para Alojamento Local e 40% é para habitação”, diz o presidente
da Junta de Freguesia, André Couto (PS). Uma mudança que não agrada a todos.
“Esta é uma das partes mais típicas de Lisboa e está completamente
descaracterizada”, critica um morador. O “desinvestimento” no comércio local, o
fecho de lojas e o trânsito intenso sentido todos os dias são outras das
queixas dos moradores. Noutra parte da freguesia, o Bairro da Liberdade, 150
famílias tomam banho no balneário público e a Junta de Freguesia diz não
conseguir resolver este problema. A “ansiada” recuperação da encosta deste
bairro social vai, porém, avançar – surgirão hortas comunitárias e zonas
verdes. O autarca garante que a freguesia tem tido “uma evolução enorme” e já
deixou de ser “o primo pobre de Campo de Ourique”.
“Ali em cima são os
ricos e, aqui, são os pobres”, comenta Manuel Pina, 43 anos, enquanto aponta
para o Centro Comercial Amoreiras. Está a beber um café na última mercearia da
2ª Rua Particular, um arruamento a poucos metros da Quinta da Bela-Flor, na periferia
da freguesia de Campolide, onde vive desde os cinco anos. Aos pés do Aqueduto
das Águas Livres, têm surgido construções modernas e já há apartamentos
dedicados a Alojamento Local (AL), alterações urbanísticas que, considera o
morador, estão a adulterar aquela parte da cidade. “O que mais me revolta é a
perda de identidade do bairro, esta é uma das partes mais típicas de Lisboa e
está completamente descaracterizada. Fizeram AL numa casa com um pátio muito
típico, e desta forma não concordo”, critica.
Na 3ª Travessa Particular, lances de escadinhas em calçada
separam casas dos anos 70 pintadas de diferentes cores. Manuel Pina explica que
estes imóveis foram, recentemente, comprados por um homem de nacionalidade
espanhola. “Despejou os inquilinos todos, só a minha mãe é que conseguiu
renovar o contrato por mais quatro anos, mas, ao final deste tempo, acho que
vai ter o mesmo destino que as vizinhas. Ele vai querer fazer alguma coisa com
as casas”, explica o habitante referindo-se ao novo proprietário.
Teresa Chaves, 63
anos, tece criticas semelhantes. “Parece que é mais importante construir
hotéis. Muitas pessoas foram despejadas, já saiu muita gente e, disso, tenho
pena”, explica a moradora, a viver naquela freguesia há 42 anos. Com uma
mercearia instalada perto da Quinta da Bela-Flor, onde foram realojadas pessoas
de outros bairros sociais de Lisboa, Maria das Dores admite sentir-se insegura.
“Antes, estava de portas abertas até à meia-noite, mas agora tenho medo. Nem
parece que moramos ao pé de Campo de Ourique, que está muito desenvolvido. Isto
está muito diferente, o ambiente é mais pesado, há mais barulho e mais
insegurança”, conta a proprietária da mercearia que herdou o seu nome, para
depois elogiar a requalificação dos passeios.
Ao descer para a Estação de Campolide, na zona envolvente do
Aqueduto das Águas Livres e da Avenida de Ceuta, o som de máquinas de
construção civil anuncia que é ali que vai surgir o novo parque urbano da
Quinta da Bela-Flor. O vale de Alcântara vai passar a ter um corredor verde
para circulação pedonal e de bicicleta, entre o centro da cidade, o parque
florestal de Monsanto e o rio Tejo. As obras prosseguem em direcção ao Bairro
da Liberdade, onde um mural onde está grafitada a frase “Conquista o Sonho”
marca o início deste que foi um dos primeiros bairros sociais de Lisboa. O
projecto de requalificação, da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa
(CML), também já começa a ser visível aqui e há quem não esteja contente com a
empreitada.
“Acho que a ciclovia
não vai ser muito utilizada. Mas o pior é que destruíram um parque infantil,
requalificado há um ano e meio, para a fazer. Além de ficarmos sem parque para
as crianças, usou-se dinheiro em vão”, critica Tânia Rodrigues, 34 anos,
proprietária da churrasqueira O Pitéu, no Bairro da Liberdade. A também
moradora diz que a população se sente esquecida e ainda carece de serviços
básicos. “Não temos uma mercearia, que é do mais elementar. Ao sábado, parece
que estamos na província, não se passa nada. O bairro está despido, os filhos
foram embora e não há incentivos a ficar. Temos a estação e mais nada, os
negócios que abrem também fecham e as prioridades são as ciclovias. Deixou-se
de realizar a maior feira de Lisboa, na Rua Larga, perdeu-se muito”, diz,
indignada.
Tânia Rodrigues
recorda ainda que há muitas promessas eleitorais por cumprir quanto à
reabilitação do Bairro da Liberdade, onde, em 2008, foram demolidas 40 casas
numa tentativa de devolver alguma dignidade aquele bairro. “Ainda há muitas
pessoas a irem buscar água ao chafariz porque não têm, as rendas subiram muito
e há muita fome escondida neste bairro. Há uns anos, Campo de Ourique estava
morto e foi recuperado, está espectacular. Nós fomos esquecidos”, lamenta,
acrescentando que “a demolição das casas destruiu famílias inteiras, ao
realojá-las noutros bairros em freguesias distantes”. “Acredito que, daqui a
uns anos, deitam mesmo tudo abaixo”, antevê. Apesar das falhas estruturais, a
comerciante elogia a melhoria da qualidade de algumas habitações e a proximidade
de Monsanto.
Para chegar ao bairro
do Alto da Serafina é preciso subir 160 degraus. No percurso, do lado esquerdo,
uma encosta de mato e silvas espera há décadas por reabilitação. Do lado
direito, casas distribuídas ao acaso compõem o Bairro da Liberdade, por vezes
confundido com o da Serafina. Para chegar a qualquer um, o trajecto ainda é
longo. “Não faz sentido terem de subir estas escadas todas, também podiam
arranjar uma solução”, sugere Tânia Rodrigues.
Este não é, contudo,
um problema para os moradores mais jovens, como Daniel Sousa, 27 anos. “Para
mim, é bom, fortaleço os músculos”, diz, em tom de brincadeira, para, logo de
seguida, explicar o que o incomoda na sua zona de residência. “Se olharmos
daqui, parece um gueto, mas lá em cima, no topo mesmo, é muito melhor. Tenho um
sentimento muito grande por esta zona, a casa da minha avó foi deitada abaixo
em 2004. Teoricamente, estava em risco de cair. O ponto negativo mais forte
talvez seja isto estar tão degradado e deixado ao abandono e os preços estarem
muito inflacionados, pedem muito por uma casa podre”, conta o jovem residente
da Serafina, licenciado em Engenharia Electrotécnica. A grande vantagem de
morar ali, explica ainda, é “estar perto do centro, sem estar na confusão da
cidade, e ter Monsanto ao lado”. “Se quisessem fazer uma extensão do metro, era
melhor ainda”, sugere.
Raúl Nunes, 39 anos,
“nascido e criado” no Bairro da Liberdade, orgulha-se de ainda ali viver. De
sorriso fácil, tece grandes elogios ao trabalho feito nos últimos dois mandatos
pela Junta de Freguesia de Campolide. “Está muito melhor, desde que chegou este
novo presidente de Junta. As estradas e as calçadas estão recuperadas e há
transportes para as crianças irem para a escola”, diz o morador, que mora ali
com os filhos, “o que já vai sendo uma excepção”, salienta. Raúl Nunes só
critica a desinvestimento no tecido associativo. Muitas colectividades
fecharam, como a Cascalheira Futebol Clube e a Calçada dos Sete Moinhos, e
outras deixaram de ser desportivas, passando a ser de convívio.
Na zona mais central,
quase a chegar a São Sebastião, os problemas são de uma índole bem diferente.
Na Rua de Campolide, durante a tarde, vê-se um morador à janela nos prédios
desgastados pelo tempo, num claro contraste com os novos condomínios de luxo e
anúncios de imobiliárias por ali dispersos. No Largo de Campolide, junto à
conhecida churrasqueira Valenciana, há esplanadas novas e o terminal do
eléctrico 24, a circular desde Abril passado entre Campolide e a Praça Luís de
Camões, após 23 anos de suspensão. A requalificação do largo, no âmbito do
programa Uma Praça em Cada Bairro da Câmara Municipal de Lisboa (CML), deu uma
nova vida ao bairro, elogiada por muitos moradores.
“É bastante visível a
tentativa do presidente de Junta em melhorar a nossa qualidade de vida, mas
algumas necessidades urgentes ainda carecem de soluções, como o estacionamento.
O comércio local precisa de ser renovado, ainda há algumas lojas muito antigas
fechadas”, diz Cláudia Carvalho, 29 anos, moradora na Calçada dos Mestres há
quatro anos. Dado o rejuvenescimento do bairro, com cada vez mais jovens a
procurar esta zona para viver ou trabalhar, a habitante sugere que se invista
mais em animação nocturna. “Falta alguma acção à noite, podiam fazê-lo sem os
grandes exageros que vemos à beira-rio, mas num aconchego dado a esta nova
juventude que vem, cada vez mais, viver para aqui”, propõe.
Durante muitos anos
deixada ao abandono, Campolide conhece agora uma nova vida, consequência das
requalificações feitas no espaço público e da reabilitação do edificado.
“Depois de me instalar, percebi que a freguesia estava a ser alvo de
remodelações, numa tentativa de acompanhar as novidades de Campo de Ourique.
Ainda bem para nós, que sentíamos que a nossa freguesia estava esquecida no
meio dos carros de quem trabalha nas Amoreiras”, diz a jovem moradora, dando
conta de outro dos traços distintivos da freguesia: ser um pólo de várias
empresas. Cláudia Carvalho diz que a centralidade da zona e a possibilidade de
ir a pé para o trabalho, assim como as rendas acessíveis na altura em que se
mudou, foram algumas das razões que a levaram a escolher Campolide para
residir. “Não me vejo a morar noutro
bairro”, comenta.
A Universidade Nova
de Lisboa também tem ajudado ao desenvolvimento do comércio local, acredita
Célio Silva, brasileiro, a trabalhar ali há sete meses, na Barbearia do
Mercado. “Vim aqui parar por acaso, mas fui muito bem-recebido e não me faltam
clientes. Esta zona tem muitos jovens, o que ajuda muito”, conta, enquanto vai
cortando o cabelo de Natalino Cordeiro, natural de Santarém. Para este cliente,
Campolide está “um bocadinho degradado, como toda a cidade”. “O que eu gosto
mais é ser uma zona calma, onde têm aparecido mais jovens, muito devido à
universidade e às rendas ainda baixas. Moro cá há poucos anos”, explica
Natalino, enquanto troca comentários sobre o corte de cabelo.
Quem está ali há mais
tempo sente ainda mais as diferenças. “Isto era um deserto, têm feito muitas
obras e está muito bonito. É uma zona calma e há transportes para todo o lado,
agora vou dar uma volta de autocarro pela cidade”, diz José Moreira, 91 anos,
um dos rostos mais antigos do bairro. A morar na freguesia há 50 anos, gosta de
se sentar no muro de uma loja aparentemente fechada, porque diz ser o melhor
sítio para apanhar sol. É ali que passa grande parte do dia, numa das
extremidades da Rua de Campolide – um dos principais arruamentos da freguesia
onde ainda subsiste o comércio tradicional.
“Isto está
metade-metade. Há três anos, havia mais idosos do que jovens a morar aqui,
agora está dividido. Aparecem mais pessoas à procura de casa do que a comprar
flores. Mas acho muito bem haver gente mais nova”, comenta Lina Silva, a
florista mais antiga da Rua de Campolide, enquanto cumprimenta uma criança de
cinco anos que está a passear com a avó. Essa satisfação contrasta, porém, com
o “desinvestimento” no comércio local. “Esta rua tinha muito movimento,
mandaram muitas pessoas embora. Onde era a ourivesaria, nesta rua, agora mora
um casal. Há muita gente que voltou para a terra natal”, conta.
O proprietário da
loja de pronto-a-vestir em frente, ali instalado há 48 anos, está mais
optimista. “Campolide está um bocado velho, fecharam algumas sociedades
recreativas e é pena. Mas já se vê construção nova e muita reabilitação, por
isso, poderá mudar”, acredita. Geraldino Rodrigues, que já teve mais duas lojas
naquela rua, diz ainda trabalhar “por carolice”. “Isto é para me entreter, as
pessoas do bairro são as únicas que ainda consomem alguma coisa, e ainda vive
aqui gente. A juventude vai ao centro comercial”, constata.
Um pouco mais acima,
no Bairro da Calçada dos Mestres, uma das zonas mais caras da freguesia para
viver, e onde há casas à venda por um milhão de euros, chegou a existir muito
comércio local. Agora, porém, é apenas um bairro residencial. Muitos dos
moradores elogiam-lhe a “calma e a segurança”, não omitindo, contudo, o
desagrado que sentem por nesta parte da cidade passar todo o trânsito que se
desloca para Sul ou para a linha de Cascais. “É só carros, como se vê”, comenta
Cristina Velez, dona de uma loja de móveis. O pior problema da freguesia diz
ser, contudo, a falta de estacionamento. “A maioria das pessoas que vem
trabalhar para Campolide, como eu, não são de cá. De madrugada, vê-se muitas pessoas a dormir
nos carros, vão mais cedo para encontrarem lugar. Deviam fazer um
parqueamento”, sugere a comerciante.
O presidente da Junta
de Freguesia de Campolide, André Couto (PS), em declarações a O Corvo, diz que,
durante os últimos anos de mandato, fez nascer centenas de novos lugares, com a
criação de parques de estacionamento. A Empresa Municipal e de Estacionamento
de Lisboa (EMEL) também já está, desde Março, a operar em Campolide. “Há
parquímetros novos e, até ao final do ano, vamos ter mais. Campolide era uma
ilha não tarifada e o Centro Comercial Amoreiras recebeu muitas empresas, era
mesmo necessário mais estacionamento”, considera. O grande volume de trânsito
ali sentido também deverá diminuir, garante, com as obras de requalificação
previstas para a Praça de Espanha, a cargo da Câmara de Lisboa.
Até ao final do ano,
André Couto promete ainda devolver aos moradores do Bairro da Liberdade uma das
encostas onde o núcleo está instalado. “A encosta vai, finalmente, ganhar
alguma dignidade, uma obra ansiada há anos. Demorou mais porque, em termos de
projecto, esta obra era mais complexa e dispendiosa e teve de ir a concurso
público. Assim que começar, demora três meses a estar concluída”, explica,
adiantando que ali vão surgir hortas comunitárias, zonas verdes e um parque de
estacionamento. A Rua de São Jacob também vai ser alvo de uma requalificação,
estando prevista a sua conclusão para este ano.
Couto diz ainda que
não tem conhecimento de existirem famílias sem água canalizada no Bairro da
Liberdade, mas que há 150 agregados familiares a tomarem banho num balneário
público por falta de instalações sanitárias. Um problema que o presidente da
Junta de Freguesia de Campolide diz não ter capacidade para resolver. Através
de um projecto da Junta em parceria com a Câmara de Lisboa, o Acupuntura
Urbana, com um financiamento reduzido, tem conseguido, contudo, reabilitar
alguns fogos neste bairro. São realizadas pequenas reparações, como o arranjo
de telhados, pinturas no chão ou substituição de azulejos. Agora, quer concluir o trabalho que já fez no
âmbito do projecto Campolide 100% Seguro, que tem como objectivo “pôr uma zona
antiga da cidade mais segura para a circulação pedonal”.
Quanto à insegurança
sentida por alguns moradores no bairro da Bela-Flor, André Couto diz
entendê-la, mas garante não haver motivo para alarme. “É um bairro social no
coração das zonas mais ricas da freguesia e é normal que haja esse sentimento,
mas não temos dados concretos da polícia de alguma ocorrência”, diz. Para
combater a criminalidade, a Junta de Freguesia tem dado emprego a pessoas que
acabam de sair da prisão ou que estão em risco de ficarem sem trabalho, numa
colaboração com o Estabelecimento Prisional de Lisboa e com a esquadra do
Palácio da Justiça. “Este programa ajuda a salvar muitas famílias e a diminuir
a criminalidade”, explica.
André Couto confirma
que a freguesia está a rejuvenescer e o Alojamento Local (AL) já é bem visível,
o que se deve à crescente requalificação do edificado. “60% da reabilitação
urbana é para Alojamento Local e 40% é para habitação própria, muito procurada
por casais mais novos. O AL é um problema grande da freguesia e temos
sensibilizado a Câmara para intervir com medidas que travem o AL”, explica. E,
com a reactivação do eléctrico 24, o autarca acredita que a freguesia vai
receber mais pessoas. “O eléctrico vai trazer muitos turistas e tenho a certeza
que será uma forma de dinamizar o comércio local. Estamos a preparar um roteiro
para que as pessoas saiam da praça, onde está o terminal, e vão até ao Aqueduto
das Águas Livres e outros pontos emblemáticos da freguesia. Sentimos que têm
ficado muito por ali”, adianta.
Outra das formas
encontradas para retirar o comércio local do estado moribundo em que se
encontrava foi a criação do programa Pago em Lixo, através do qual se pode
trocar um quilo de papel ou de embalagens de plástico por uma moeda local de “1
lixo” equivalente a um euro – que só pode ser gasto no comércio tradicional.
“As pessoas despertaram para o comércio local e a importância da reciclagem.
Correu tão bem que voltamos a reactivá-lo, há 15 dias. Acreditamos que pode
funcionar melhor no Verão”, diz. Neste programa, que já conta com 16 acções,
participaram em média 800 pessoas.
Conhecido pela proximidade que mantém com os munícipes,
André Couto não só realiza uma videoconferência semanal com os moradores para
falar sobre problemas da freguesia, como faz o que apelida de “consulta
popular” – “uma espécie de referendo na praceta”, onde se tomam decisões em
conjunto sobre intervenções no espaço público. “Sinto que é uma marca que
deixamos em Campolide, porque não havia um pólo aglutinador de todas as
pessoas, e estas iniciativas dão-lhes confiança. Já deixamos de ser o primo
pobre de Campo de Ourique há muito tempo, houve uma evolução enorme na
freguesia”, conclui.
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