Vão
estudar lá fora. Querem dizer "até já" mas sabem que o
futuro pode morar além-fronteiras
RITA NEVES COSTA
22/07/2015 - 08:16
A
Universidade do Porto organizou esta terça-feira um “almoço de
despedida” para os alunos que vão estudar no estrangeiro no
próximo ano lectivo.
Com Julho já
avançado, não se esperaria encontrar tantos estudantes no pátio
interior da reitoria da Universidade do Porto (UP). Porém, o espaço
não poderia estar mais sobrelotado. Centenas de jovens munidos de
uma bolsa preta com o logótipo da universidade dão agora início a
uma nova etapa das suas vidas académicas, lançando-se para
além-fronteiras. Vão-se espalhar por 39 países, uma oportunidade
"imperdível", quem sabe o local do futuro emprego, esperam
alguns.
Ao abrigo do
programa Erasmus e de outros intercâmbios de mobilidade
internacional, os alunos portugueses foram até à reitoria da UP
para dizer um “até já”, antes da partida. E para lhes ser dada
a certeza que a instituição está aberta a qualquer tipo de
questões e apoios: antes, durante e após a estadia curricular no
estrangeiro.
A sopa, o
grão-de-bico, a massa e o churrasco fizeram as delícias dos
presentes, numa refeição tipicamente portuguesa, embalada pelos
acordes do Quim Barreiros ou do fado, para levarem Portugal nos
sentidos.
Os 1100 estudantes
da UP que em breve vão estudar no estrangeiro por um semestre ou um
ano lectivo inteiro vão estar dispersos por cinco continentes e 39
países. Inês Ferreira e Mafalda Meireles vão frequentar o 1º ano
do Mestrado de Química em Vigo, Espanha. A possibilidade de
estudarem no estrangeiro partiu do convite de uma professora, e no
momento, a resposta revelava-se óbvia. “Nem sequer pensamos em
recusar, aceitamos logo”, diz Mafalda. Ambas estão integradas num
projecto académico, que une a Faculdade de Ciências da UP com a
Universidade de Vigo, logo as perspectivas de ficarem a trabalhar em
Espanha não são totalmente ignoradas.
Também em Espanha,
mais propriamente em Saragoça, estará no próximo ano lectivo
Duarte Fernandes. O jovem de 21 anos é membro do Erasmus Student
Network Porto (ESN), um grupo de voluntários que ajuda os alunos
internacionais a integrarem-se em Portugal. Estudar fora do país era
uma vontade antiga e mesmo estando vinculado com a Faculdade de
Economia da Universidade do Porto, se gostar do destino Saragoça
pode ser uma “estadia prolongada”.
A viagem de Paula
Pinto e Mariana Silva será mais longa do que a maioria dos colegas
da UP. A China vai ser o próximo local de estudo destas estudantes
de Engenharia Mecânica e a escolha prendeu-se com os padrões de
desenvolvimento do país. “A China é uma potência económica em
desenvolvimento e na nossa área, os avanços tecnológicos são
notórios”, explica Mariana. “São mais práticos do que nós e
têm boas oportunidades de emprego”, remata Paula, quando compara a
cultura portuguesa com a chinesa.
De malas e bagagens
feitas para a Polónia, Cláudia Aragão e Diogo Moreira, do curso de
Ciências da Comunicação, partem com a sensação de que a cultura
deste país e o frio terão peso na “aventura”. A língua não
será um entrave, desde que o inglês esteja apurado. “No
jornalismo, pode ser complicado com as entrevistas numa língua
diferente da nossa. Mas desde que seja possível trabalhar com o
inglês, está tudo bem”, refere Cláudia.
O curso de Relações
Internacionais é propício aos programas de mobilidade
internacional. Quem o diz é Joana Soares e Edyta Swietlicka, de
viagem marcada para Berlim. As duas querem ficar fluentes em alemão,
porque “é uma língua que pode abrir os horizontes” junto das
entidades empregadoras. O nome Edyta imediatamente remete para a
Europa de Leste: a jovem é polaca, mas desde o primeiro ano de
faculdade que estuda na Universidade do Porto.
Maria de Fátima
Marinho, vice-reitora da UP para as Relações Externas e Cultura,
não esconde o agrado de ver a “casa cheia”, numa universidade
que proporciona as condições necessárias para os alunos estudarem
lá fora mas que, diz, também sabe acolher. “É uma das
prioridades da universidade permitir o conhecimento de novas formas
de ensinar, aprender e estar. E não é apenas a aprendizagem
curricular. O respeito pelas crenças e ideias dos outros torna a
diversidade cultural enriquecedora junto dos estudantes”, afirma.
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