Câmara
de Lisboa apoia Fundação Ricardo Espírito Santo com 150 mil euros
Depois
de ter iniciado o ano com uma “dramática situação financeira”,
a fundação quer apostar na obtenção de “novos apoios”
Inês Boaventura /
30-7-2015 / PÚBLICO
A Câmara de Lisboa
decidiu atribuir 150 mil euros à Fundação Ricardo do Espírito
Santo Silva (FRESS), instituição cultural cujo “modelo de
funcionamento” e “sustentabilidade” ficaram em causa com a
queda daquele que era o seu “principal mecenas”, o Grupo Espírito
Santo (GES).
A proposta, assinada
pelo presidente do município, Fernando Medina, foi aprovada na
reunião camarária da passada semana, com a abstenção do PCP e os
votos favoráveis dos restantes partidos. Nenhum dos vereadores
presentes se pronunciou sobre o documento, que prevê a celebração
de um protocolo com aquela instituição e a transferência do
montante já referido “com vista ao desenvolvimento das suas
actividades em 2015”.
Na proposta,
Fernando Medina sublinha que a fundação “é uma instituição
cultural de forte cariz patrimonial, cujo projecto, caso único na
Europa e raro a nível mundial, é reconhecido nacional e
internacionalmente como de inquestionável relevância cultural”.
“A originalidade e singularidade desta instituição residem na
articulação entre as suas quatro vertentes — museus, escolas,
oficinas, conservação e restauro — em torno das artes
decorativas”, acrescenta. Segundo o autarca socialista, desde “a
crise” do GES, “em Julho de 2014”, “os órgãos da fundação
têm adoptado uma série de medidas destinadas a enfrentar a nova
situação”, entre as quais “a implementação de uma nova
estratégia de sustentabilidade da FRESS assente, entre outros
aspectos, na expansão, diversificação e inovação das fontes de
receitas próprias”.
“Quer o conselho
de curadores quer o conselho de administração têm efectuado
diversas diligências junto de entidades públicas e privadas
(empresas e particulares), no sentido de tentar obter novos apoios e
de estabilizar algum financiamento por esta via”, diz Fernando
Medina, sustentando que “é competência da Câmara de Lisboa
apoiar ou comparticipar, pelos meios adequados, no apoio a
actividades que contribuam de forma significativa para a dinamização
cultural da cidade”.
Nos termos do
protocolo que vai ser firmado com a autarquia, a fundação
compromete-se, entre outros aspectos, a “possibilitar a frequência,
por parte de um trabalhador indicado pelo município, de
workshops/acções de formação por si promovidas” e a “oferecer
desconto de 50% no valor de entrada no Museu de Artes Decorativas aos
funcionários” da câmara.
Como anexo à
proposta camarária foi distribuído aos vereadores o Plano de
Actividades da fundação para 2015. Nele lembra-se a “dramática
situação financeira com que se iniciou o ano”, fruto do “contexto
nacional e internacional” e do facto de a fundação ter deixado de
contar “com as suas principais fontes de fontes de financiamento
mecenático”. Uma conjugação de factores que, diz-se, “significa
que o modelo de funcionamento se tornou insustentável e implica o
desenhar de uma nova estratégia de sustentabilidade da FRESS,
assente, entre outros aspectos, na expansão, diversificação e
inovação das fontes de receitas próprias”.
“Não deixaremos,
naturalmente, de envidar todas as diligências no sentido de tentar
obter novos apoios mecenáticos, quer de empresas quer de
particulares”, acrescenta-se no Plano de Actividades, no qual se
refere também que “um grande esforço será canalizado para o
desenvolvimento de uma estratégia comercial razoavelmente
agressiva”.
O PÚBLICO não
conseguiu falar com Conceição Amaral, que é desde Janeiro deste
ano presidente do conselho de administração da fundação.
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