O
PS de Costa e a Saúde
PAULO MOREIRA
28/07/2015 - PÚBLICO
Apenas
um vazio de ideias e um deambulante oportunismo mediático?
António José
Seguro, que apoiei contra António Costa, tentou renovar o Partido
Socialista. Porém, como antecipado por Seguro, o PS de Costa voltou
às ideias e pessoas do passado.
No que diz respeito
a um suposto processo de definição de políticas públicas
observamos, com tristeza, a ausência de qualquer indício de ideias
inovadoras para o sistema de saúde e uma insólita entrega de
diversos níveis de poder a medíocres descendentes de figuras
influentes deste PS, a ação de uns poucos indivíduos que procuram
obter empatias de interesse público duvidoso e, para nosso espanto,
identificamos defensores das ideias do FMI que assumem, entre as suas
prioridades políticas, a eliminação da noção de defesa do
interesse nacional. Fazem-no, porém, afirmando o seu contrário, tal
como o atual ministro da saúde fez durantes os últimos 4 anos,
quando insistia que as suas medidas visavam fortalecer o SNS.
Observei o PS de
António Costa, por dentro. Em suma, preconiza-se uma continuidade
das políticas de saúde do atual governo PSD/CDS a manter-se a força
de influência que assaltou o Poder interno no PS na definição de
um alegado programa de governo para a saúde. Até às legislativas
antecipa-se, por isso, uma prática discursiva para a saúde vazia de
qualquer nova ideia que gere algum tipo de Esperança entre cidadãos
e profissionais. Ainda assim, para que possamos escolher em Liberdade
e consciência, temos que exigir, de forma transparente, que o PS de
Costa se explique em relação a alguns temas fundamentais para o
Futuro do SNS.
Registo neste
espaço, que representa um dos últimos espaços de opinião livre em
Portugal, algumas ideias que defendo faz vários anos, por escrito, e
que apresento como questões para o PS de Costa responder, antes das
eleições.
a) Como protegerá o
papel das ordens profissionais na regulação das profissões e da
prestação de cuidados de saúde, modernizando, por exemplo, o papel
das direções clínicas e de enfermagem nos conselhos de
administração dos hospitais do SNS?
b) Que medidas
propõe para transferir para o cidadão poder de influência sob o
SNS?
c) Que modelo de
gestão da qualidade e incentivos à Acreditação das organizações
propõe?
d) Reintroduzirá as
carreiras dos profissionais como base do desenvolvimento e garantia
de atualização de competências?
e) Que incentivos
para os dadores de sangue e que solução para o escândalo do
Plasma?
f) Que medidas para
modernizar o modelo de gestão das unidades públicas do SNS de forma
a que estas fiquem em igualdade com os hospitais em PPP?
g) Que modelo propõe
para a efetiva avaliação e adoção da inovação no SNS?
h) Como vai gerir os
atrasos nos pagamentos à indústria farmacêutica que, em 2016
deverá ter, de novo, centenas de milhões de euros em atraso?
i) Que modelo de
meritocracia propõe para a nomeação e avaliação dos gestores das
unidades do SNS?
j) Que solução
para resolver a absoluta incompetência de uma Entidade Reguladora da
Saúde que não conseguiu demonstrar mais-valias que justifiquem a
sua existência?
k) Que incentivos de
gestão concretos propõe para garantir que os 30% de idosos
indevidamente internados nos hospitais, passem a ter resposta efetiva
na comunidade e no domicilio?
l)~Que medidas para
aprofundar o combate à corrupção incluindo, por exemplo, os graves
processos alegadamente ocorridos em hospitais como o hospital de
Santa Maria, durante os últimos 10 anos?
A julgar pela
pobreza das propostas para as políticas de saúde incluídas no seu
“programa de governo”, o PS de Costa terá ficado,
inexplicavelmente, sem competências nesta área? ou terá uma agenda
escondida?
As propostas do PCP
e do BE são, potencialmente, muito interessantes para o melhor
interesse nacional do SNS e estão em sintonia com muitas posições
que tomei em oposição direta e transparente ao atual ministro da
saúde desde 2011. Do PS de Costa, apenas um vazio de ideias e um
deambulante oportunismo mediático? Observemos para decidir quem
queremos que nos governe.
Especialista em
gestão e políticas de saúde
Sem comentários:
Enviar um comentário