Mais
de 20% da população está emigrada
19/07/2015 | 15:19 |
Dinheiro Vivo
Entre dois milhões
e 2,3 milhões de portugueses estavam emigrados em 2013,
principalmente na Europa, de acordo com dados da ONU e do Banco
Mundial, citados no relatório do Observatório da Emigração
relativo ao ano passado.
A população
portuguesa emigrada representa mais de 20% da população residente
no país. Em termos relativos, Portugal é o país da UE com maior
número de emigrantes, depois de Malta.
Em 2013, terão
entrado nos países de destino pelo menos 110 mil portugueses, quase
três vezes mais do que em 2001 (cerca de 40,000). Entre 2012 e 2013,
a população residente em Portugal diminuiu 0,5%.
Os principais países
de destino da emigração portuguesa, em 2013, foram Reino Unido,
Suíça, França, Alemanha, Espanha, Angola, Luxemburgo, Bélgica,
Moçambique, Brasil, Holanda, Estados Unidos, Noruega, Canadá e
Itália.
O Reino Unido
recebeu, em 2013, 30 mil portugueses e em relação a 2012 as
entradas de portugueses aumentaram 47%.
O segundo país
europeu que recebeu, em 2013, o maior número de emigrantes
portugueses foi a Suíça (20 mil), depois França (18 mil) e
Alemanha com 11 mil.
Fora da Europa, os
principais países de destino da emigração portuguesa foram, no
referido período, Angola e Moçambique.
De acordo com os
dados do Observatório da Emigração, da secretaria de Estado das
Comunidades Portuguesas, em 2013, os portugueses foram a
nacionalidade mais representada entre os novos imigrantes que
entraram no Luxemburgo e França.
Mais de um quinto
(22%) dos estrangeiros que obtiveram a nacionalidade luxemburguesa,
em 2013, eram portugueses.
Na Suíça foram a
segunda e no Reino Unido e no Brasil a quinta, mas os países que
registaram o maior crescimento do número de emigrantes portugueses,
em 2013, foram a Noruega (mais 26%) e o Reino Unido (mais 19%).
A França continua a
ser o país com maior número de emigrantes portugueses, e em 2011
ultrapassou o meio milhão (592,281), sendo a terceira maior
população emigrante residente (11% do número total de imigrantes).
Em segundo lugar,
surge a Suíça com 211,451 emigrantes portugueses em 2013, onde são
a segunda nacionalidade mais numerosa (9%)
O Observatório da
Emigração indica ainda que, entre 2003 e 2013, as maiores variações
de portugueses residentes no estrangeiro registaram-se na Noruega
(mais 11%), Espanha (mais 7%), Suíça (mais 6%) e Reino Unido (mais
5%).
No mesmo período,
os principais países com variação negativa foram o Brasil (menos
5%) e a Venezuela (menos 4%), de acordo com os dados publicados pela
secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
OPINIÃO
Pousar
a mala, e levantar a cabeça
ANTÓNIO SÉRGIO
ROSA DE CARVALHO 12/01/2014 - PÚBLICO
Quando
irá Portugal, finalmente, pousar a mala e levantar a cabeça?
Infinito e promissor
horizonte Atlântico. Proibitivo e intransponível muro Castelhano.
Estes foram os factores que determinaram a expansão Portuguesa. Mas,
também, o seu eterno escapismo quimérico, na procura do Devir /
Identitário. Sempre baseada no acto de Partir, isto, de forma
indissociável, tragicamente e dialecticamente a uma eterna
fidelidade à ideia metafísica da Pátria mítica, mas inatingível.
Enquanto o mundo
Protestante transforma o seu cepticismo perante a imperfeição do
Mundo, precisamente numa capacidade de intervir nessa mesma realidade
e transformá-la, tal como Max Weber demonstra na sua associação
entre Protestantismo e a formação do Capitalismo pré
Neo-Liberal... os misteriosos Lusitanos, saltitam de escapismo em
escapismo.
Agora o “Império”.
Depois, o deslumbramento das promessas de abundância do clube
prestigiante do desenvolvimento Europeu, como se tratasse de fenómeno
mágico e instantâneo, sem inclusão de preço e responsabilidade.
Progresso? Sim
houve-o. E uma das mais importantes manifestações desse mesmo
Progresso constituiu o acesso ao ensino e a formação de milhares de
jovens. Os tais que iriam determinar o Portugal pós Abril. Que iriam
garantir e confirmar o fim desta dialéctica de Êxodo, finalmente, o
interromper deste ciclo de Diásporas.
Que iriam constituir
a primeira geração que iria ficar e finalmente investir neste
misterioso rectângulo plantado à beira-mar atlântica.
Portugal iria
finalmente ser cumprido, de forma Adulta, com a capacidade de aceitar
as suas fronteiras físicas, geográficas e reais, assumindo
finalmente, sem escapismos, as suas verdadeiras capacidades e
transformando assim a realidade, quebrando o feitiço, destruindo
esta maldição.
As centenas de
milhares que partem de novo, com o sabor amargo da decepção e
mágoa, para o exílio, restabelecendo o ciclo da Diáspora, ilustram
um grave fenómeno com consequências não apenas demográficas e
económicas para o futuro do País.
Precisamente na área
da vivência/ocupação/ futuro das cidades e respectivo Património,
as consequências serão terríveis.
Pois não seria esta
geração que iria, através da sua criatividade
cultural/empreendedorismo e actividade profissional, exigir o seu
espaço, ocupar finalmente os centro históricos e habitá-los?
Em vez disso,
assistimos à transformação das duas principais cidades do País,
numa plataforma de eventos, num palco de investimento exclusivo na
sua ocupação temporária através de hotéis, hostels e oferta de
casas na hotelaria paralela.
Tudo dirigido ao
novo “Bezerro de Ouro” que se chama Turismo, fenómeno importante
com indiscutível potencial de reconhecimento e prestígio, com vasta
dimensão económica, mas que sem gestão equilibrada, transforma as
cidades em produto efémero e temporário.
Tudo isto é
interpretado de forma relativizadora como fenómeno temporário,
associado a uma crise, que se assume descaradamente e oficialmente de
forma derrotista com declarações oficiais com apelos explícitos à
emigração dos jovens, capazes e formados, como se isso não
constituísse uma sangria irreversível e uma ilustração
traumatizante de um falhanço da promessa que Abril, iria finalmente
interromper este ciclo de eternas Diásporas.
Investe-se na
tentativa de aliciar capital Internacional, nomeadamente na área do
Imobiliário e Reabilitação Urbana, com promessas “douradas”,
mas quem irá garantir o rigor das intervenções no Património
Arquitectónico e respectivos interiores, quando estes projectos se
destinam à ocupação temporária, à curta estadia e à vivência
efémera da cidade vista exclusivamente como produto?
Onde estão as
famílias locais a apropriar-se da cidade? A ocupá-la e a habitá-la
permanentemente?
Quando irá
Portugal, finalmente, pousar a mala e levantar a cabeça?
Historiador de
Arquitectura
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