Turquia
ataca Estado Islâmico pela primeira vez
CLARA BARATA
23/07/2015 - PÚBLICO
Base
área de Incirlik, no sul do país, deve finalmente ficar acessível
aos aviões da coligação contra os jihadistas.
A Turquia enviou
nesta quinta-feira jactos F-16 para bombardear posições do Estado
Islâmico perto de Kilis, no Sul, depois de uma unidade de protecção
da fronteira ter estado sob fogo dos jihadistas, que lançaram
rockets e dispararam contra os militares turcos, matando um deles. É
o primeiro confronto armado entre o exército da Turquia e o grupo
terrorista que controla território na Síria e no Iraque.
Este confronto
directo sucede num clima de grande tensão entre o Estado turco e a
minoria curda, após o atentado suicida de segunda-feira em Suruç,
outra localidade no Sul, perto da fronteira com a Síria, em que
morreram 32 pessoas e cerca de 100 ficaram feridas, numa associação
de militantes da causa curda que pretendiam ir ajudar à reconstrução
de Kobane, a cidade do Curdistão sírio que durante meses foi tomada
pelo Estado Islâmico (EI).
Os curdos acusam o
Governo de não os proteger o suficiente e de, com a sua política de
se manter de fora da guerra que há cinco anos devora a vizinha
Síria, estar efectivamente a ajudar à expansão do EI. No que
afirma ter sido uma retaliação pela falta de acção do Governo
contra os jihadistas, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão —
uma organização ainda considerada terrorista — reivindicou o
assassínio de dois polícias em Ceylanpinar, uma cidade no Sul,
perto da fronteira com a Síria. E embora não tenha ainda sido
reivindicado, outro polícia foi morto nesta quinta-feira, em
Diyarbakir, a grande cidade de maioria curda no Sudoeste da Turquia.
A Turquia tem hoje
1,7 milhões de refugiados sírios e é quem tem assumido o fardo
mais pesado dos deslocados que a guerra tem causado. Mas teme que os
combates que não dão sinais de abrandar no país vizinho entrem
pela fronteira de mais de 900 km que partilha com a Síria.
Por isso, embora
seja um membro da NATO, tem negado acesso aos Estados Unidos à base
aérea de Incirlik, no Sul da Turquia e perto da fronteira com a
Síria — mas isso poderá ter mudado. O Wall Street Journal e o New
York Times avançam que Ancara e Washington terão chegado a acordo
para que tanto aeronaves tripuladas como não tripuladas possam fazer
ataques deslocando de Incirlik.
A confirmar-se —
não há ainda confirmação oficial, sublinha a Reuters, e já
anteriormente se fizeram anúncios semelhantes que se vieram a
revelar extemporâneos —, a utilização de Incirlik seria um
factor muito importante na guerra contra o EI.
Fontes não
identificadas da Administração norte-americana dizem aos dois
jornais nova-iorquinos que o acordo sobre a base, negociado há
muitos meses mas desbloqueado após uma conversa ao telefone entre
Barack Obama e o primeiro-ministro turco, Recep Erdogan, na
quarta-feira, faz parte de um aprofundamento da cooperação na luta
contra o terrorismo.
Precisamente, os
analistas dizem que o atentado de segunda-feira contra os activistas
curdos terá sido uma resposta do Estado Islâmico a um reforço da
vigilância contra as actividades terroristas — e um mais apertado
controlo das fronteiras, para travar a circulação de armas e
pessoas para a Síria — das autoridades turcas nos últimos meses.
“O ataque de Suruç
parece ser uma retaliação pelas interdições recentes”, comentou
ao Guardian Michael Weiss, co-autor do livro ISIS: Inside the Army of
Terror (Estado Islâmico: Dentro do Exército do Terror).
Esta quinta-feira,
com os confrontos entre o exército turco e as forças do EI junto à
fronteira de Kilis, e a confirmar-se o acordo com os EUA sobre a base
de Incirlik, pode marcar o início do envolvimento a sério da
Turquia na guerra da Síria, e o momento em que este conflito
sangrento cobriu um raio mais vasto do Médio Oriente.
“A seta já deixou
o arco”, comentou também ao jornal britânico o especialista em
Relações Internacionais Serhat Güvenç, da Universidade Kadir Has,
de Istambul. “Não tenho a certeza que esse envolvimento fosse
necessário, mas o que estamos a ver acontecer é o resultado directo
das políticas da Turquia para a Síria.”
Turkey
Enters the War Against the Islamic State
After
months of indecision, Ankara has entered the fight in Syria. Can it
turn the tide?
BY DAN DE LUCEJULY
23, 2015 /https://foreignpolicy.com/2015/07/23/turkey-enters-the-war-against-the-islamic-state/
Alarmed by the
continued spread of the Islamic State, Turkey will bow to a
long-standing American request and allow the United States to fly
bombing missions against the militants from one of its key air bases,
a move that effectively thrusts Ankara into a war it has long sought
to avoid.
Under the deal,
manned and unmanned U.S. aircraft will be permitted to use the
Incirlik air base in southern Turkey to launch strikes against the
Islamic State, a change that will open the door to an expansion of
the U.S.-led air war in Syria and Iraq.
After months of
negotiations, the deal was sealed in a phone call between Turkish
President Recep Tayyip Erdogan and President Barack Obama on
Wednesday, U.S. officials said.
The decision
coincided with reports that Turkish troops clashed with Islamic State
fighters near the Syrian border in Kilis province in the first case
of direct combat between the country’s forces and the extremists.
One Turkish soldier was killed, and two were wounded.
A U.S. defense
official said Thursday that Washington takes “threats to Turkey’s
border very seriously” and will allow the anti-Islamic State
coalition “operational flexibility to respond to these threats,
especially those emanating from Syria.”
Turkey’s
willingness to allow the United States to use Incirlik is a major
shift for Ankara, which has been reluctant to be drawn into the war
on the Islamic State, even as fighting raged in the border town of
Kobani earlier this year.
Turkish leaders have
sharply disagreed with the U.S. approach in Syria and argued for more
support for the rebels fighting the regime of Syrian President Bashar
al-Assad, as opposed to just those battling the Islamic State. Ankara
has called for setting up a buffer zone in northern Syria to prevent
the conflict from spilling over its border and to provide an area
where humanitarian aid could be delivered to displaced Syrians.
Turkey, which has
strongly opposed self-rule for Kurds on its territory, also has
watched the advance of Syrian Kurdish forces against the Islamic
State with concern, vowing never to accept the creation of a Kurdish
state on its border.
Washington, however,
has so far dismissed the buffer zone idea as it would fall to the
U.S. military to secure the area and enforce a no-fly zone — an
escalation that the Obama administration opposes. U.S. officials have
argued that the priority should be targeting the Islamic State
extremists rather than Assad. To the consternation of Ankara,
Washington finds itself in a de facto alliance with Assad in the
fight against the Islamic State.
Turkey’s
reluctance to take part in the fight against the Islamic State has
frustrated the United States and other NATO allies. Western
governments also have urged Turkey to take more decisive action to
stem the flow of foreign fighters across its border with Syria, a
conduit dubbed the “jihadi highway.”
Access to the
Incirlik base was a contentious issue in the run-up to the 2003 U.S.
invasion of Iraq that soured relations between Washington and Ankara.
The Turkish parliament, reflecting opposition to the U.S.
intervention, refused to allow American forces to use the Incirlik
air base for bombing raids or to move troops through Turkish
territory to open a second front in northern Iraq.
The White House on
Thursday did not officially announce the agreement on Incirlik, but
Defense Department spokeswoman Laura Seal, using a different acronym
for the Islamic State, said the two governments “have decided to
further deepen our cooperation in the fight against ISIL, our common
efforts to promote security and stability in Iraq, and our work to
bring about a political settlement to the conflict in Syria.”
The shift on
Incirlik caps a bloody week for Turkey, which lost a soldier after
troops came under fire from several Islamic State militants armed
with a rocket launcher and Kalashnikov assault rifles, Turkish media
reported.
The Turkish armed
forces fired back at the extremists, killing one and destroying a
pickup truck.
The fighting came
after a suicide bomber with suspected links to the Islamic State set
off an explosive in the Turkish border town of Suruc on July 20,
killing 32 people and wounding more than 100.
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