BE
tem “ideia radical” para o país e apela aos sonhadores: “o
sonho ao poder”
MARIA JOÃO LOPES
20/07/2015 - PÚBLICO
Na apresentação da
lista do Bloco por Lisboa, contrariou-se “chantagem” do voto
útil. Sobre ideia de Hollande de criar governo de seis países na
zona euro, Catarina Martins garantiu: “Portugal não será um país
de segunda” na zona euro.
Nestes quatro anos,
em cada mês que passou, dez mil pessoas saíram do país à procura
de trabalho. Em cada dia, mais de 220 postos de trabalho foram
destruídos. Em cada hora, a dívida pública aumentou mais de um
milhão de euros. Este foi o retrato do país feito pela líder do
Bloco, Catarina Martins, nesta segunda-feira na apresentação da
lista de candidatos por Lisboa nas eleições legislativas. A
bloquista lamentou o “tamanho da destruição”, a “terraplanagem”
que o Governo está a fazer do país.
Apesar da dureza do
cenário traçado, houve lugar para a poesia, pela mão do deputado
Pedro Filipe Soares, o número dois por Lisboa. Citou José Gomes
Ferreira e apelou às “sonhadoras e sonhadores”: o Bloco quer
levar “o sonho ao poder”.
O actual líder da
bancada parlamentar criticou “a chantagem que se antecipa de votos
úteis”, argumentando que “parece um disco riscado” e que nem
PS, nem PSD “acreditam numa maioria absoluta”. Para este
matemático de 36 anos, o que está em causa é a “eleição de
deputados e deputadas” e não do primeiro-ministro. “Não
escolhemos governos nas próximas eleições, mas deputadas e
deputados”, disse, tendo já antes salientado que o BE tem feito a
“diferença” com os seus parlamentares.
Uma dessas estrelas
é precisamente Mariana Mortágua, a cabeça-de-lista por Lisboa e a
deputada de 29 anos que deu que falar na comissão BES pelo estilo
aguerrido e questões sem medo. Foi a economista que, no átrio do
Cinema S. Jorge, disse que o BE tem uma ideia “radical” para o
país. Um radicalismo que pretende combater a precariedade, as
privatizações, as desigualdades sociais, as dificuldades das
famílias. Um radicalismo que quer defender os reformados, as
mulheres, a Palestina.
E citou exemplos
para ilustrar a “má governação” destes anos: as filas nos
“centros de desemprego”, a EDP “a contratar precários”, o
que “não seria possível, nem sequer legal se não estivéssemos a
ser mal governados”, a existência de “mais de dez mil
milionários” num ano. “O problema não é a falta de dinheiro,
mas como o distribuímos”, disse, perante uma plateia onde estavam,
entre outros, Luís Fazenda e Francisco Louçã.
O Bloco quer
“inverter estas contas”, continuou Mortágua, criticando ainda o
Governo por achar que “pode vender aquilo que é nosso, que foi
construído pelos nossos pais”. E como se invertem as contas? A
deputada tem a resposta pronta: se se tratar de escolher entre pagar
“60 milhões de euros de juros especulativos” ou o subsídio de
desemprego, o BE escolhe o segundo. “Escolhemos a vida digna.” A
plateia aplaudiu em força. Portugal “não passará por ser uma
colónia da Goldman Sachs” nem da Comissão Europeia. Mais palmas.
Catarina Martins –
que acusou o Governo de “mentir despudoradamente” sobre questões
como os apoios que retirou aos mais desfavorecidos e o desemprego –
sublinhou o facto de o Tribunal de Contas ter alertado para a baixa
taxa de integração dos estagiários profissionais no mercado de
trabalho, uma precariedade para a qual há muito o BE alerta e contra
a voz do Governo.
A líder bloquista
não passou ao lado da questão europeia, defendendo que há na União
Europeia “há quem queira condenar os países do Sul a uma
cidadania de segunda”, “humilhar” os países periféricos. E
mostrou-se incrédula com a ideia do presidente francês, o
socialista François Hollande, de querer seis países no governo da
zona euro. “Não aceitamos que Portugal seja um país de segunda”,
garantiu.
Entre muitos outros
nomes, o jornalista Jorge Costa é o terceiro na lista e, em quarto,
surge Isabel Pires, operadora de call center.
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