Projeto
para a antiga Hemeroteca de Lisboa motiva protesto de grupo de
cidadania
A
proposta da Santa Casa da Misericórdia prevê a demolição de
algumas partes do palácio situado no centro de Lisboa. Há um
parecer desfavorável de uma entidade da autarquia.
JOÃO PEDRO PINCHA
8/4/2015, 11:25 /
OBSERVADOR
A Câmara Municipal de Lisboa agendou para esta quarta-feira a discussão de um projeto de ampliação e de alterações ao palácio onde, durante décadas, esteve instalada a Hemeroteca Municipal de Lisboa. A proposta deverá ser retirada da ordem de trabalhos, mas merece desde já a oposição do Fórum Cidadania Lx, que alega que os trabalhos para a instalação de uma biblioteca jesuíta naquele espaço vão ser prejudiciais ao património nele existente.
Situado na Rua de
São Pedro de Alcântara, perto do Chiado, o palácio dos Condes de
Tomar albergou a Hemeroteca durante 40 anos e, agora, a Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa, atual proprietária do edifício, quer ali
colocar a redação da revista jesuíta Brotéria, bem como da
respetiva biblioteca. Para tal, o projeto entregue à câmara prevê
a “demolição de interiores com vista à sua adequação a
arquivo”.
É isto que preocupa
o Fórum Cidadania Lx, que fez chegar ao presidente Fernando Medina e
ao vereador Manuel Salgado – subscritor da proposta – uma carta
onde afirma que o projeto é “altamente lesivo para o edifício”,
nomeadamente no que diz respeito à ala que faz esquina com a Rua do
Grémio Lusitano. Se a escadaria, os estuques e as claraboias da
parte principal do palácio deverão ser preservadas, já a antiga
cozinha, a sala de fumo e a escada que liga essas divisões estão na
calha para a demolição.
Segundo a ficha
técnica do palácio, a que o Observador teve acesso, as “paredes
[da sala de fumo] apresentam um raro revestimento em couro lavrado e
policromo, representando elementos heráldicos da família dos
proprietários e animais fantásticos”, um dos motivos que leva o
Fórum a pedir que a Santa Casa reformule o projeto de forma a
preservar estes elementos.
Cremos que é
possível manter a vontade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
de fazer nascer a Biblioteca Brotéria neste palácio sem que isso
signifique a demolição do que foi relatado”, escrevem os
representantes daquele movimento cívico.
O projeto mereceu um
parecer desfavorável da Estrutura Consultiva Residente do Plano
Diretor Municipal (PDM) de Lisboa. Numa informação técnica dos
serviços da câmara também eram desaconselhadas as demolições. Já
a Direção-Geral de Património Cultural deu o seu aval às obras,
desde que as demolições sejam acompanhadas por um arqueólogo e
haja um plano de salvaguarda patrimonial.
Falando ao
Observador, o vereador comunista Carlos Moura queixou-se de ter
recebido a proposta só na segunda-feira, pelo que, diz, não teve
tempo para a estudar, o que o deverá levar a pedir que a mesma não
seja discutida na reunião de quarta. Já António Prôa, vereador do
PSD, admite que, “em princípio”, votará favoravelmente, caso
haja mesmo discussão do projeto. Para a reunião de quarta-feira
está agendada a discussão de 73 propostas.
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