terça-feira, 7 de julho de 2015

Juncker pediu um sim, recebeu um não e agora vai explicar-se aos europeus


Juncker pediu um sim, recebeu um não e agora vai explicar-se aos europeus
Esta segunda-feira o presidente da Comissão não falou publicamente, mas começa terça-feira com um debate perante o Parlamento Europeu. Irá reconhecer a derrota?
CATARINA FALCÃO / 7-7-205 / OBSERVADOR

Jean-Claude Juncker pediu há uma semana aos gregos que votassem no sim e dessem um sinal positivo à Europa. Mas o não ganhou com larga vantagem e agora o presidente da Comissão vai ter de justificar perante o Parlamento Europeu o facto de ter tomado posição num assunto interno de um Estado-membro. E terá também de explicar qual o próximo passo, já que o seu conselho não foi seguido pela larga maioria dos gregos.

Juncker vai dar o pontapé de saída para o dia mais difícil da sua curta (mas muito atribulada) presidência logo às 8:30 em Estrasburgo, menos uma hora em Portugal. O presidente vai debater com os mais de 750 eurodeputados de 28 nacionalidades como pensa continuar a negociar com um Governo contra o qual fez campanha durante a semana que antecedeu o referendo de domingo. Com a demissão de Varoufakis e a nomeação de um novo interlocutor em Bruxelas, Tsipras parece estar a capitalizar o “não” dos gregos, apostando em novos negociadores e apresentando um plano já na tarde de terça-feira.

Na conferência de imprensa durante a manhã de segunda-feira, o vice-presidente da Comissão para o Euro, Valdis Dombrovskis, disse que “o ‘não’ aumentou a distância entre a Grécia e os restantes países da zona euro”, não comentando quando um jornalista o questionou sobre uma possível demissão de Juncker depois do apelo ao sim ter falhado. Na manhã de terça-feira, Juncker deverá explicar como pretende agir nos próximos dias, especialmente depois de Merkel e Hollande terem referido que o acordo para a Grécia é “urgente”.

O presidente da Comissão deverá ser severamente confrontado pelo grupo da Esquerda Unitária, que integra os eurodeputados do Syriza, e que contestaram a decisão de Juncker de apelar ao sim no referendo. Terá também contra si os eurocéticos, como o grupo de Nigel Farage, a quem este resultado na Grécia vem alimentar a esperança do fim da União. Será interessante a posição dos socialistas, já que Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu e socialista alemão, também foi muito crítico quanto à possibilidade da vitória do não na Grécia.


Após falar no Parlamento Europeu, Juncker vai ter uma reunião com o seu colégio de comissários e ainda vai participar na Cimeira do Euro em Bruxelas, onde se vai encontrar com os líderes dos Governos dos 19 membros da zona euro.

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