Juncker
pediu um sim, recebeu um não e agora vai explicar-se aos europeus
Esta
segunda-feira o presidente da Comissão não falou publicamente, mas
começa terça-feira com um debate perante o Parlamento Europeu. Irá
reconhecer a derrota?
CATARINA FALCÃO /
7-7-205 / OBSERVADOR
Jean-Claude Juncker
pediu há uma semana aos gregos que votassem no sim e dessem um sinal
positivo à Europa. Mas o não ganhou com larga vantagem e agora o
presidente da Comissão vai ter de justificar perante o Parlamento
Europeu o facto de ter tomado posição num assunto interno de um
Estado-membro. E terá também de explicar qual o próximo passo, já
que o seu conselho não foi seguido pela larga maioria dos gregos.
Juncker vai dar o
pontapé de saída para o dia mais difícil da sua curta (mas muito
atribulada) presidência logo às 8:30 em Estrasburgo, menos uma hora
em Portugal. O presidente vai debater com os mais de 750
eurodeputados de 28 nacionalidades como pensa continuar a negociar
com um Governo contra o qual fez campanha durante a semana que
antecedeu o referendo de domingo. Com a demissão de Varoufakis e a
nomeação de um novo interlocutor em Bruxelas, Tsipras parece estar
a capitalizar o “não” dos gregos, apostando em novos
negociadores e apresentando um plano já na tarde de terça-feira.
Na conferência de
imprensa durante a manhã de segunda-feira, o vice-presidente da
Comissão para o Euro, Valdis Dombrovskis, disse que “o ‘não’
aumentou a distância entre a Grécia e os restantes países da zona
euro”, não comentando quando um jornalista o questionou sobre uma
possível demissão de Juncker depois do apelo ao sim ter falhado. Na
manhã de terça-feira, Juncker deverá explicar como pretende agir
nos próximos dias, especialmente depois de Merkel e Hollande terem
referido que o acordo para a Grécia é “urgente”.
O presidente da
Comissão deverá ser severamente confrontado pelo grupo da Esquerda
Unitária, que integra os eurodeputados do Syriza, e que contestaram
a decisão de Juncker de apelar ao sim no referendo. Terá também
contra si os eurocéticos, como o grupo de Nigel Farage, a quem este
resultado na Grécia vem alimentar a esperança do fim da União.
Será interessante a posição dos socialistas, já que Martin
Schulz, presidente do Parlamento Europeu e socialista alemão, também
foi muito crítico quanto à possibilidade da vitória do não na
Grécia.
Após falar no
Parlamento Europeu, Juncker vai ter uma reunião com o seu colégio
de comissários e ainda vai participar na Cimeira do Euro em
Bruxelas, onde se vai encontrar com os líderes dos Governos dos 19
membros da zona euro.
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