Pavilhão
Carlos Lopes poderá acolher espaço museológico dedicado ao atleta
Câmara
de Lisboa aprovou um protocolo com a ATL que “disciplina a
recuperação e utilização” do pavilhão
Inês Boaventura /
2-7-2015 / PÚBLICO
A Associação de
Turismo de Lisboa (ATL), à qual a Câmara de Lisboa deliberou ceder
o Pavilhão Carlos Lopes por um período de 50 anos, fica obrigada a
manter a designação do imóvel, comprometendo-se ainda a “dialogar”
com o atleta português para encontrar uma forma de lhe prestar no
espaço a “justa homenagem pelos seus feitos e carreira”.
Esse tributo, diz-se
no protocolo que vai ser celebrado entre o município e a ATL, poderá
“incluir a exposição de objectos e peças, fotografias, exibição
de filmes e informação aos utilizadores, em condições a definir”.
A minuta desse protocolo, “que disciplina a recuperação e
utilização futura do Pavilhão Carlos Lopes em regime de direito de
superfície, para eventos de natureza diversa”, foi ontem aprovada
em reunião camarária, com o voto contra do PCP.
“Mudar de opinião
muitas vezes é uma prova de inteligência. Ainda bem que o
presidente da câmara mudou de opinião”, reage o vereador do CDS,
que na semana passada tinha defendido que a requalificação do
imóvel no Parque Eduardo VII incluísse a criação de um espaço
museológico que albergasse o espólio de Carlos Lopes. Como essa
ideia não foi na altura acolhida pelo executivo camarário, João
Gonçalves Pereira anunciou que iria apresentar, em conjunto com o
vereador social-democrata Fernando Seara, uma proposta nesse sentido.
Com o protocolo
agora discutido, o executivo presidido por Fernando Medina acabou por
se antecipar a essa iniciativa. “O presidente não quis escrever
que é um espaço museológico, mas a descrição que faz é de um
espaço museológico”, diz o vereador do CDS, acrescentando que vê
como “positiva” esta “mudança de opinião de uma semana para a
outra”.
“Era de elementar
justiça que este espaço fosse encontrado”, frisa o autarca,
criticando que o espólio do atleta esteja hoje “enfiado na garagem
em casa dele, em Torres Vedras”. Algo que, considera João
Gonçalves Pereira, “só pode envergonhar qualquer português”.
No protocolo que vai
ser celebrado com a ATL diz-se ainda que a câmara poderá realizar
no Pavilhão Carlos Lopes “até 15 eventos por ano”, “sem
custos de aluguer ou outros”. Caso esse limite seja ultrapassado, o
município beneficiará de “um desconto de 25% sobre os preços de
tabela no aluguer”.
“Estamos a pôr um
remendo em pano velho”, avalia o vereador Carlos Moura, do PCP,
considerando que aquilo que é proposto “não é satisfatório”.
“A câmara tinha os meios, o projecto e os dinheiros do Casino de
Lisboa”, nota o autarca, que continua a defender que o município
devia assumir a requalificação e a gestão do imóvel histórico e
não entregá-las a terceiros.
Quanto à
possibilidade de no imóvel nascer um espaço museológico dedicado a
Carlos Lopes, Carlos Moura manifesta algumas dúvidas. “Corremos o
risco de de hoje para amanhã termos o espólio exposto num centro de
congressos. Não é a coisa mais indicada.”
Também aprovada
nesta reunião de câmara foi a proposta relativa à realização de
uma hasta pública para a alienação dos terrenos da antiga Feira
Popular, por um valorbase de 135,7 milhões de euros. Na votação do
documento, que esteve em discussão na reunião da passada semana mas
só agora foi votado, os vereadores do PSD, do PCP e do CDS
abstiveram-se.
Carlos Moura
justifica o sentido de voto do seu partido dizendo que “apesar de a
proposta estar melhorada” em relação à sua versão inicial
continua a apresentar problemas. Entre eles o facto de não estar
prevista a cedência de equipamentos, nomeadamente culturais, e o de
a superfície pavimentada acima do solo prevista (mais de 143 mil m2)
ser “muito grande”.
O PSD apresentou uma
proposta para que a percentagem mínima de habitação na construção
que vier a ser concretizada no local subisse de 20% para 40%,
sugestão que mereceu a concordância do PCP e do CDS mas foi
rejeitada pela maioria.
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