O VOO DO CORVO .......
O Voo do Corvo pretende informar e contextualizar .
Assim acompanhará diáriamente diversos temas e acontecimentos, de forma variada e abrangente nas áreas da Opinião e Noticiário. Nacional e Internacional.
O critério Editorial é pluralista e multifacetado embora existam dois “partis/ pris”:
A Defesa do Património e do Ambiente.
António Sérgio Rosa de Carvalho.
Dia 26 de Janeiro de 2013, notícia da TVI: “A rede de
comunicações SIRESP, usada pelo INEM, polícias e bombeiros, falhou durante o
temporal do último fim-de-semana. O socorro às populações vítimas do mau tempo,
mas também de doentes urgentes, foi afectado. O SIRESP começou a falhar às
06h18. Às 15h00 de sábado sofreu uma interrupção de mais de duas horas. Os
ventos vieram mostrar que polícias, bombeiros e profissionais de emergência
médica não podem fiar-se na rede de telefones e de dados que os políticos compraram
por 500 milhões de euros.”
Este é um exemplo. Há muitos mais. Ontem, vários jornais
noticiaram que há menos de um ano, a 23 de Agosto de 2016, existiu uma nova
“falha crítica” do SIRESP num incêndio no Sardoal. Antes disso, a 27 de Janeiro
de 2014, a jornalista Ana Leal assinou uma badalada reportagem onde mostrava a
ausência de sinal do SIRESP em garagens e em elevadores. Que os hospitais de
Santarém, Torres Vedras e Viseu não o conseguiam utilizar. Que até em Lisboa,
no Hospital São Francisco Xavier e no próprio aeroporto, não havia rede
decente. Em quase todos esses locais, as equipas de emergência preferiam recorrer
a telemóveis. Era mais fiável e mais eficaz. O SIRESP – Sistema Integrado das
Redes de Emergência e Segurança em Portugal – é uma rede que foi paga por
valores absurdos para unificar todas as comunicações em casos de incêndio,
tempestades ou terramotos. Funciona excelentemente, excepto em casos de
incêndio, tempestades e – temo bem – terramotos.
O SIRESP voltou a falhar no incêndio de Pedrógão Grande. O
Expresso Diário contou que existem quatro unidades móveis que podem ser
activadas para responder a quebras do sistema, por destruição das torres fixas
– que são mantidas, imaginem, pela Meo. Duas dessas unidades são ligeiras mas
não dispõem de ligações por satélite. Restam duas unidades pesadas, uma mantida
pela GNR, outra pela PSP. A que é mantida pela GNR estava indisponível: aquando
da visita do Papa, há cinco semanas, danificou uma das antenas em Fátima, e
pelos vistos as antenas de uma rede de emergência demoram tanto a ser
arranjadas como as escadas rolantes da Baixa/Chiado. Sobrava a unidade da PSP –
e lá foi ela. Chamada às 23 horas de sábado só conseguiu restabelecer as
comunicações às oito horas de domingo. É isto o SIRESP.
Há duas coisas que falta apurar: 1) a dimensão do apagão, e
até que ponto ele pode estar implicado na tragédia da EN236; 2) porque razão o
sistema continua a falhar perante a complacência geral (só faltou ao comandante
Vítor Vaz Pinto agradecer publicamente ao SIRESP por falhar pouco tempo de cada
vez). Isto, pelo menos, já está apuradíssimo: a PPP SIRESP, um consórcio envolvendo
a SLN (actual Galilei, 33%), a PT (30%) e a Motorola (15%), é um escândalo
nunca devidamente apurado da nossa democracia. Em 2005, o ministro da
Administração Interna Daniel Sanches – que trabalhava para a SLN antes de
integrar o governo – e o ministro das Finanças Bagão Félix adjudicaram o
negócio por mais de 500 milhões de euros, três dias depois de Pedro Santana
Lopes perder as eleições para José Sócrates. Num primeiro momento, António
Costa, ministro da Administração Interna de Sócrates, travou a adjudicação, mas
acabou por fechar o negócio por 458 milhões. Juntando-lhe as despesas de
operação e manutenção são 600 milhões de euros até 2021 por um sistema
miserável. Acham mesmo que esta tragédia não tem implicações políticas? Claro
que tem. E não são poucas.
A circulação e o estacionamento de autocarros turísticos de
grande dimensão pelas ruas da Baixa pombalina e da zona da Sé estão a
contribuir para uma rápida degradação da qualidade de vida naquelas áreas. O
problema tem vindo a intensificar-se, nos últimos anos, à medida do crescimento
do fluxo de turistas a visitarem a capital portuguesa. Os moradores reclamam,
por isso, a actuação das autoridades municipais, dando assim continuidade a
queixas que já não são de hoje. O presidente da Junta de Freguesia de Santa
Maria Maior, Miguel Coelho (PS), reconhece-lhes razão e tem vindo a exigir
medidas à Câmara Municipal de Lisboa (CML), desde há mais de dois anos. Mas no
terreno pouco se vê. Como consequência, o PSD pede a rápida criação de um muito
prometido regulamento, que, entre outras coisas, permita “interditar o trânsito
de autocarros turísticos em algumas artérias de zonas históricas”.
A proposta dos
social-democratas, parte de uma recomendação a apresentar na próxima sessão da
Assembleia Municipal de Lisboa (AML), coincide com muitas das exigências feitas
por um grupo de residentes, que, a 6 de junho, enviou uma carta a Fernando
Medina (PS), presidente da CML, e a Miguel Coelho, denunciado tal cenário e
solicitando a tomada de medidas para o contrariar. E elas passam, sobretudo,
por “necessidade de interditar a zona da Sé a autocarros turísticos e
restringir a passagem dos mesmos na Baixa de Lisboa, assim como o seu
estacionamento em toda a área (incluindo o Rossio, onde não raro se vêem vários
autocarros estacionados em linha)”. “Vimos também alertar para o estacionamento
selvagem na zona da Sé e da Baixa e para a necessidade de maior fiscalização e
acção da polícia municipal”, acrescentam.
Dizendo compreender a
importância económica da actividade turística, os autores da carta – assinada
por mais de nove dezenas de residentes – dizem, todavia, não aceitar que a
mesma implique “infracções à lei” e “situações de perigo”, bem como o
sacrifício dos que ali habitam permanentemente. “Na generalidade das cidades
europeias cujos centros históricos atraem muito turismo, os turistas vão a pé
até aos monumentos. É incompreensível que em Lisboa se permita parqueamento de
pesados de turismo no meio da estrada à porta da Sé, inclusive obstaculizando a
respectiva visibilidade”, escrevem. “A zona não tem condições para a passagem e
muito menos estacionamento de veículos pesados; o estacionamento só pode
efectuar-se em contravenção do Código da Estrada, mas estranhamente, ao longo
de décadas, é notória a tolerância das autoridades face à ilegalidade”,
acrescentam.
Replicando o que
alguns haviam dito a O Corvo, há quase dois anos, os moradores dizem na missiva
que quem reside junto à Sé sofre, há anos, com especial acuidade. É descrito um
quadro de “inferno de trânsito e de engarrafamentos, com casos de perigo
público (quando se obrigam os veículos que sobem a Rua de Santo António à Sé a
avançar em contramão num local sem visibilidade), causados pela passagem e
estacionamento, na estrada, de enormes autocarros turísticos”. O que, notam,
faz perigar a circulação de veículos de emergência. Por causa disso, e
apontando a recente criação pela Câmara Municipal do Porto de um regulamento
para veículos turísticos, os subscritores pedem a Medina “que tome as medidas
necessárias para assegurar, desde já, o cumprimento da lei no que se refere ao
estacionamento quer de autocarros quer de carrinhas turísticas em frente à Sé e
nas imediações” e que “que interdite a entrada de pesados na zona, que é
demasiado estreita para a circulação destes veículos”.
No mesmo sentido vai
a proposta do PSD, a discutir na assembleia municipal, a 27 de junho
(terça-feira). O texto assinado pela eleita Margarida Saavedra recomenda à
câmara que “estude a possibilidade de criação de áreas de paragem exclusivas
para autocarros turísticos, de forma a que os mesmos não condicionem o trânsito
nas zonas históricas” e “estude a possibilidade de interditar o trânsito de
autocarros turísticos em algumas artérias de zonas históricas”. Mas também pede
à autarquia informações “sobre os últimos desenvolvimentos relativamente ao
anunciado Regulamento Municipal respeitante à Circulação de Veículos Afectos à
Actividade de Animação Turística, que esteve em consulta pública no início
deste ano”.
Nos considerandos à
sua recomendação, os social-democratas consideram que o crescente afluxo de
turistas se “reflecte numa pressão sobre a cidade a todos os níveis – uma
realidade inegável, e que tem causado dificuldades aos seus moradores”,
apontando a Baixa e o Chiado como áreas particularmente sensíveis. “Para além
de vários outros problemas já identificados, o transporte dos turistas para
essas zonas é um dos principais problemas com que a cidade tem neste momento de
lidar – qualquer lisboeta já se apercebeu das dificuldades que existem no
trânsito causadas pelos autocarros turísticos”, escreve Margarida Saavedra. E
acrescenta: “Em zonas como o Bairro Alto, Sé ou Rossio, os ditos autocarros
entopem o trânsito, chegando mesmo a estacionar de forma abusiva em algumas
áreas, condicionando o dia a dia de quem quer continuar a viver em Lisboa”.
Questionado por O
Corvo sobre as queixas dos moradores, o presidente da Junta de Freguesia de
Santa Maria Maior diz concordar plenamente com as mesmas e até confessa
desconhecer as razões pelas quais os autocarros continuam a circular naquelas
zonas. “Por mim, já não poderiam entrar há muito tempo. Trata-se de algo
manifestamente agressivo, quer para os residentes, quer para quem ali passa ou
até para os próprios turistas, que não podem desfrutar dos monumentos em
condições”, afirma Miguel Coelho, que considera ser este um problema “crónico”
causado por “falta de fiscalização”. O autarca assume que tem falado
“recorrentemente” com a CML sobre esta questão. Apesar disso, o problema mantém-se.
Pior, parece ter-se agravado, concede. “Isto, como está, não faz sentido. Quem
trabalha no turismo, ou arranja veículos mais pequenos ou então encontra forma
de levar as pessoas a andar pé naquela zona”, preconiza.
O Largo de São Carlos volta a ser palco de 14 noites com
espetáculos música e dança. Entre 7 e 29 de julho, os intérpretes da Orquestra
Sinfónica Portuguesa, do Coro do Teatro Nacional de São Carlos e da Companhia
Nacional de Bailado, acompanhados por convidados especiais, regressam para a
edição de 2017 do Festival ao Largo Millennium, de entrada livre. Os concertos
de abertura do festival, a 7 e 8 de julho, são marcados pelo regresso da
maestrina Joana Carneiro, que conduzirá a Orquestra Sinfónica Portuguesa por um
programa de influência jazzística, com obras de Bernstein e Ravel. O pianista
Pedro Costa, vencedor do concurso de interpretação do Festival do Estoril, será
o solista. Entre os convidados deste ano, contam-se a Orquestra Filarmónica de
Zagreb, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Clássica da Madeira e
o agrupamento Brass Factory, formado por solistas da Metropolitana. O Festival
ao Largo Millennium termina, como já é hábito, com a Companhia Nacional de
Bailado, nos dias 27, 28 e 29 de julho. O programa combina as obras Quinze
Bailarinos, do português Rui Lopes Graça, e Minus 16 do israelita Ohad Naharin.
O programa completo do Festival ao Largo Millennium pode ser consultado aqui:
Enquanto a espiral do preço das casas no Reino Unido
continua a descer, este artigo do FT é uma peça de propaganda para garantir que
a espiral especulativa em Lisboa continue a crescer …
Preços comportáveis para os habitante e residentes Locais, os chamados “autóctenes” !?
€400,000 A one-bedroom pied-à-terre apartment in the central
district of Chiado
€800,000 A three-bedroom apartment with a terrace in Bairro
Alto
Para alugar : T3 a 2.000 euros por mês
OVOODOCORVO
Lisbon’s ‘golden visa’ age: residency scheme boosts homes
market
The city is attracting more buyers from abroad, just as
housing reforms have aided developers
Twenty years ago, Lisbon’s housing market was stagnant.
Long-standing rent controls gave landlords little flexibility to increase rent
or remove tenants. As such, there was little incentive for landlords to spend
money on their buildings, says José Salazar Rodrigues, one of Lisbon’s leading
commercial agents. Throughout the city, blocks were neglected and façades were
a decaying mess of poorly kept stonework and peeling paint. The planning
approvals process was a morass of red tape; developers could easily wait for
six years before being granted a permit to develop a building.
Following his election in 2007 — and despite his socialist
credentials — Lisbon’s mayor António Costa began a process of deregulation. The
city’s draconian rent controls were moderated and the painful bureaucracy of
permits was streamlined. “A new tax regime was introduced, including a cut to
sales tax and a big reduction on VAT for new developments,” says Patrick
Dewerbe, a tax partner at local law firm CMS Rui Pena & Arnaut.
Costa is now Portugal’s prime minister and his socialist
government is welcoming foreigners to the country’s property market. The
“golden visa” programme, introduced in 2012, has meant that as Lisbon has
become more attractive to developers, it has also become more appealing to
buyers from abroad.
The scheme grants residency to anyone who spends at least
€500,000 on property. Once granted, recipients must spend at least a week in
the country for the first year and a total of two weeks every two years
thereafter — a small sacrifice for unencumbered travel throughout much of
Europe. Government data show that more than €1bn has been invested in property
via the golden visa scheme in the past year and almost €3bn since its launch.
Interest from abroad has helped boost prices. Average sale
prices in Lisbon gained 6 per cent in the year to April, and 16 per cent in the
past three years, according to Savills. Despite these gains, homes in the city
remain a very affordable €1,350 per sq metre.
The high concentration of historic buildings in central
Lisbon has helped too. The city’s strict planning code has long protected these
from the wrecking ball, meaning that most new prime developments are top-to-toe
restorations, from complete internal refits to the resurrection of tired
façades.
Six-bedroom, detached villa in Lapa, €3.5m
In the city’s Alfama neighbourhood, Athena Advisers is
selling a three-bedroom apartment with a garden and a good view of the Tagus
river for €1.9m. The property is in the Santa Helena development on Largo do
Sequeira, where the original buildings date back to the 16th century. In Lapa,
a well-appointed western district home to several embassies, Fine & Country
is selling a detached, six-bedroom villa for €3.5m.
There are also alluring options outside the city. Besides
the plentiful supply of fancy beach resorts nearby, such as Estoril and Cascais
— nicknamed “cash-cash” by the pupils at local international schools — which
are stocked with sprawling top-end villas, there is also plenty to keep golfers
entertained. Belas Clube de Campo, half an hour’s drive inland from Lisbon, is
a purpose-built development of villas and townhouses, including a championship
golf course and a swanky clubhouse. Andre Jordan Group is selling a
three-bedroom villa there for €995,000.
Three-bedroom villa at Belas Clube de Campo, €995,000
Government figures show a market that until recently was
dominated by Chinese buyers: almost four out of five visas under the scheme
have gone to Chinese. Between 2013 and 2015 frenetic buying distorted prices.
“They were so desperate for the golden visa that they would pay €500,000 for
homes worth half that,” says Rodrigues.
Today, however, the biggest demand is from Turkey, says
Charles Roberts of Fine & Country. He estimates that Turkish nationals
account for two-thirds of current golden visa applications. Smarting under the
effects of an increasingly autocratic political regime and a run of terrorist
attacks at home, they are keen to get money out of the country.
Tax breaks compound the appeal of the golden visa. Under
Portugal’s “non-habitual resident” scheme, second-home owners from abroad who
spend 183 days or more in the country per year may get considerable tax perks.
These include, for the first 10 years, exemption from any tax on
foreign-sourced pensions, dividends or employment income. For many foreign
retirees and entrepreneurs, this means the majority of their income is tax
free.
For rich buyers this is a compelling prospect. Roberts
recently sold a house in Estoril for €4m to a retired Swedish executive. The
buyer had worked around the world, had senior management positions in a host of
international companies and collected an impressive portfolio of pensions. “I
asked him how much [moving to Portugal] meant he saved from Sweden’s tough
income tax regime. It was enough to pay for the house in four years,” he says.
Buying guide
● Foreign buyers can typically get local mortgages for about
half the value of their home, according to agents
● Buying costs — including sales taxes, land registry and
stamp duty — are about 7 per cent. An annual 0.3 per cent is charged on the
home’s ratable value
● Regular flights connect London with Lisbon in roughly two
hours, 40 minutes
What you can buy for . . .
€400,000 A one-bedroom pied-à-terre apartment in the central
district of Chiado
€800,000 A three-bedroom apartment with a terrace in Bairro
Alto
€2m A five-bedroom villa with pool and garden near the
seafront in Estoril
Boris Johnson struggled to explain the key points of the
Queen’s speech in a radio interview on Wednesday night, repeatedly pausing and
sighing “hang on a second” as he could be heard riffling through papers.
The foreign secretary was sent out to promote the
Conservatives’ legislative priorities for this parliament, with interviews on
Sky News and Channel 4 News as well as Radio 4’s PM.
Johnson appeared to have the greatest difficulties with PM
presenter Eddie Mair’s questions about the measures the speech contained to
tackle the “burning injustices” identified by Theresa May.
Mair began by asking the MP what the Queen’s speech would do
to tackle discrimination against black people in the criminal justice system –
an issue highlighted by the prime minister when she took office last year.
Johnson replied hesitantly: “Well, there are measures, I
believe, in the bill on the courts which I think is supposed to address some of
those issues. I think one thing in particular that we are looking at is
measures to ... hang on a second ... there are all sorts of measures that we
want to take to ensure that we do not discriminate against everybody.”
The interview can be heard on the BBC iPlayer and begins at
about 26 mins.
Mair then asked about how the speech would help white
working class boys attend university and the foreign secretary gave a response
that avoided answering Mair’s question.
The presenter then turned to mental health care, at which
point Johnson tried to return to the first question, only to be told by Mair:
“It’s not a Two Ronnies sketch – you can’t answer the question before last.”
Asked why so many measures from the Conservative manifesto
had been ditched so soon after the election, Johnson was more candid. “I’m not
going to hide it from you that the election did not turn out exactly as we
would have hoped,” he replied. “It’s our job to form a government if we
possibly can and to get on with what I think is a very progressive Queen’s
speech.”
Asked what the point of the prime minister was given the
doubt about whether the Tories would be able to get legislation through the
Commons, Johnson said: “The point of the prime minister is to lead the country,
to give a lead on these key issues and to take this Queen’s speech through, and
she will. She will do a great job. The people of this country, I think, have
had pretty much enough of elections. I think most people want a period of
calm.”
The Leave campaigner also told Channel 4 News that Brexit
could be finalised in two years with no transitional deal. “What I certainly
think we can do is get the best of both worlds”, Johnson said. That would mean
“frictionless, tariff-free trade”, while “also being able to do free trade
deals”.
He also said he was not about to challenge May for the Tory
leadership: “We have got to get on and deliver on the priorities of the
people.”
Johnson also seemed to suggest that a controversial visit by
President Donald Trump would go ahead later this year.
He told Sky News that a date was not mentioned in the
Queen’s speech on Wednesday because a date was yet to be agreed with the White
House.
The crown wasn’t at all happy. Normally it got to sit on the
Queen’s head; now it was made to ride in a separate limo. The Queen also didn’t
look best pleased by the lack of pursuivants, heralds and ladies of the bedchamber.
Her expression never rose above the miserable throughout. Still, at least she
was able to make a statement of sorts by wearing a hat in the style of an EU
flag. Suck on that, Maybot. There were even empty seats in the Lords. A
threadbare state opening of parliament for a threadbare government.
It was all done and dusted in little more than 20 minutes.
The longest part was the wait for Black Rod to summon all the MPs from the
Commons. Her majesty looked up briefly to check the body language between the
Maybot and Jeremy Corbyn. Not good. Come to think of it, the sexual chemistry
between the Maybot and her own party wasn’t much better.
The lord chancellor handed the Queen a copy of the speech.
Brenda flicked through the largely blank pages with a mixture of distaste and
disbelief. Was this all the Maybot could come up with after delaying the state
opening by a couple of days. “My government will ...” she began, her eyes beginning
to close.
It turned out that what her government would be doing most
of was dumping large parts of the manifesto on which it had been elected. Out
with grammar schools, out with scrapping free school meals and the winter fuel
allowance, out with the dementia tax, out with energy price caps. Damn it, the
Maybot was even reneging on her promise to reinstate fox hunting. That was the
one bit of the speech the Queen had actually been looking forward to.
After limping her way through a series of vague commitments
on Brexit along with a promise to unite the country – good luck with that one,
she thought, you can’t even unite your own party – Brenda hit the home
straight. “My government is committed to ...”. To scraping the barrel with a
whole load of vague promises on space travel and electric cars that had been
made in previous Queen’s speeches.
“It’s almost enough to make one want to abdicate,” the Queen
muttered to Prince Charles, who was standing in for the unwell Duke of
Edinburgh, on the way out.
“Great idea, Mummy,” said the Prince of Wales, his ears
perking up.
“Only joking. Let’s fawk awf to Ascot.”
With the Queen safely at the races, the Commons reconvened
two hours later to debate the speech. As is customary, proceedings began with
two speeches from backbenchers. As isn’t so usual, these were neither sparkling
nor witty. Perhaps Tories Richard Benyon and Kwasi Kwarteng had decided it was
more appropriate to live down to the occasion and keep things dismal.
Jeremy Corbyn stood up and paused. So many open goals, so
little time to score them. He eventually opted to begin on a serious note with
the Grenfell Tower fire and the terror attacks, before going on to wonder if it
was not a little unusual not to implement any of the key promises in a
manifesto. A manifesto that had been deleted from the Conservative website only
that morning.
This was a new energised and empowered Corbyn and the Tories
didn’t quite know how to react to him. For years they had been treating him as
a joke; now they were being forced to accept he was a possible future prime
minister. They didn’t seem to like it much. Corbyn did ramble a bit towards the
end, but you can’t blame him for getting carried away. The way things are
shaping up, there’s going to be a lot of days in parliament when he gets the
better of the exchanges. Without even needing to be particularly good.
There was a desperation to the roar which greeted the Maybot
from the Tory benches. A primal scream of despair. The Maybot only confirmed
their fears. After an OK start, she rather fell apart. She didn’t seem to know
much about Brexit. Or anything else, for that matter. She just went back to her
tried and tested method of saying nothing of any meaning till everyone tuned
out. Maybots are as Maybots do.
When Labour MPs pointed out that the election hadn’t
actually gone that well for her and she couldn’t do a deal with the DUP, never
mind 27 EU countries, her memory files crashed. “I won, I won,” she cried. The
expressions on those around her suggested otherwise. Freewheelin’ Phil
grimaced. Boris yawned. Their time would come.
Two miles south of the charred skeleton of Grenfell Tower is
a large complex of sleek new apartments that some of those displaced by last
week’s inferno will soon be able to call home.
Kensington Row’s manicured lawns, clipped trees and burbling
fountains are a haven from the rumbling traffic of two busy London
thoroughfares, and its spacious, air-conditioned foyers a relief from June’s
oppressive heatwave.
Four unfinished blocks house the 68 flats purchased by the
Corporation of London for families who lost their homes in Grenfell Tower.
Workmen had been instructed not to talk to the media, but one said there was
now a rush to complete the building work. “It’s a brilliant idea,” he said of
the resettlement plan.
Among those exercising dogs and small children, the views
were more mixed. “It’s so unfair,” said Maria, who was reading the news in the
Evening Standard with two neighbours.
She bought her flat two years ago for a sum she was
unwilling to disclose. “We paid a lot of money to live here, and we worked hard
for it. Now these people are going to come along, and they won’t even be paying
the service charge.”
Nick, who pays £2,500 a month rent for a one-bedroom flat in
the complex, also expressed doubts about the plan. “Who are the real tenants of
Grenfell Tower?” he asked. “It seems as though a lot of flats there were
sublet. Now the people whose names are on the tenancies will get rehoused here,
and then they’ll rent the flats out on the private market. And the people who
were actually living unofficially in the tower at the time of the fire won’t
get rehoused.
“I’m very sad that people have lost their homes, but there
are a lot of people here who have bought flats and will now see the values
drop. It will degrade things. And it opens up a can of worms in the housing
market.”
AJ, who moved into his £2,500-per-month one bedroom flat
less than two months ago, said he was neutral about the plan. “I’m
Switzerland,” he announced while walking Enzo, his chow chow.
“I love it here. There are great facilities – a pool, cinema,
gym, spa. Porters are on duty 24 hours a day. It’s well built and well
maintained. The other day I had a problem with the air conditioning and it was
fixed in half an hour.”
He had been horrified at the fire. “It was dreadful, I had
friends living there. We gave stuff, and went up and helped for a couple days
last week. In my eyes everyone should be equal.”
Waiting to collect children outside the Kensington primary
academy, Jaime Paul thought the plan to rehouse Grenfell Tower residents in the
complex was a good thing.
“These flats are being wasted. There are so many empty
ones,” she said. “People who are worried about the values of their homes are
just being selfish.”
In the complex’s marketing suite, a smartly dressed
saleswoman declined to give details about the announcement or the facilities
available to residents. A concierge directed the Guardian to the complex
manager, who insisted the flats where Grenfell Tower residents would be housed
were under separate management, although built and owned by the same
developers.
Edmond, an Albanian worker who lays parquet floors in the
apartments, said the Grenfell Tower rehousing plan would never come to pass.
“It’s not going to happen, trust me. Go and have a look at the cars down
there,” he said, gesturing at the underground car park as a black Jaguar with a
personalised numberplate purred down the ramp to the remote-controlled gates.
“You can write what you like, but trust me, money rules the
world. People like me are going to live here? Never.”
A tragédia de Pedrógão Grande continua incontrolável e para
lá da cortina de fumo formada pela enésima recuperação das propostas para
ordenar a floresta começam a desenhar-se três panos de fundo: a maré
condescendente com as explicações oficiais criada pela dor, a onda punitiva que
chega a propor o recurso aos reclusos para se limparem as matas e a vaga lírica
que defende o regresso a uma floresta original, pura e límpida, húmida e rica
em fauna, viçosa e livre de eucaliptos. Compreende-se e aceita-se. Depois do
que se passou é difícil travar o sentimento de revolta que, como se sabe, cede
mais facilmente aos instintos da emoção do que às exigências do pensamento
racional. Mas, se em Agosto de 2016 os 160 mil hectares ardidos levaram António
Costa a declarar que o país não podia perder mais tempo a reformar a floresta
sob pena de se perderem as “as condições políticas" do momento, em Junho
de 2017, após o horror de Pedrógão Grande, ficou claro que a preservação da
floresta portuguesa exige muito mais do que uma simples reforma paliativa.
Exige uma atitude emocional de revolta, capaz de ultrapassar os limites do
decreto-lei ou do sistema fiscal favorável.
Quem, como o autor destas linhas, acompanhou as discussões
sobre a política florestal nos últimos 25 anos percebe que os governos só se
empenham no dossier árduo e pouco visível da floresta com a força da revolta e
da indignação cidadã. Em 1995 arderam 150 mil hectares (um valor que hoje nos
parece “normal”) e no ano seguinte fez-se a Lei de Bases da Política Florestal;
em 2003 arderam mais de 400 mil hectares e, acto contínuo, a lei de bases foi
regulamentada e criou-se o pomposo plano nacional de defesa contra incêndios;
no ano passado o fogo devastou 160 mil hectares e o sentido de urgência
regressou à ordem do dia. O que há de novo depois de Pedrógão Grande, da
absurda perda de tantas vidas e da trágica dimensão da área ardida (um quinto
das perdas totais do ano passado em apenas um fim-de-semana) é a sensação de
que chegámos ao momento do tudo ou nada. Já não nos bastam bancos de terras
feitas a partir do milhão de parcelas florestais sem dono conhecido, não chegam
medidas que travam a expansão do eucalipto ou criam sociedades de investimento.
Uma floresta que arde como ardeu na zona do Pinhal Interior exige muito mais.
Exige uma revolução.
O Estado pode começar a reconhecer de uma vez por todas que
os donos da floresta (os privados dominam 98% da área total) não são capazes de
responder ao desafio que se lhes coloca. Manchas de pinho ou eucalipto
contínuas como as que arderam exigem a criação de aceiros para travar a marcha
do fogo, empreitadas que proprietários absentistas ou populações idosas e
empobrecidas do mundo rural jamais poderão fazer. Seria uma boa ideia pôr a
engenharia militar a prestar esse serviço? Manchas de povoamento com tojos ou
giestas, espécies altamente combustíveis, têm de ser limpas, o que só se
conseguirá se a colheita da biomassa for rentável. Seria uma boa ideia o Estado
financiar a criação a laboração de centrais para produzirem energia – ou
pellets? As orlas das estradas ou os limites das aldeias e vilas do interior
têm de ser impositivamente limpas de coberto vegetal, e aqui não se pede ao
Estado Central que intervenha: pergunta-se antes às autarquias para que servem
os seus pomposos gabinetes técnicos florestais, que recebem até 16 mil euros
por ano do fundo florestal permanente, para, salvo raras excepções, criarem
apenas jobs for the boys.
Para que este desafio colossal fizesse sentido, o eixo da
discussão sobre os fogos teria de passar dos bombeiros para os silvicultores.
Há muito que em Portugal se gastam dezenas de milhões de euros por ano em
operações de estilo militar (70 milhões em 2016, quatro vezes mais do que na
prevenção) quando toda a gente sabe que em incêndios dantescos como o destes dias
os bombeiros pouco mais podem fazer senão mostrar a sua coragem, abnegação e
por vezes sacrifício. É neste ponto que aparece o tal discurso lírico sobre a
floresta natural, imune ao fogo e à especulação capitalista, que tem tanto de
inocente como de perigoso. Sejamos claros: em Portugal, e no mundo, a floresta
natural ou é um mito ou um tesouro da museologia natural guardado em nichos
como a Madeira ou no Gerês. A floresta em Portugal cresceu pela força do
interesse económico, fosse sob a égide do Estado, ou dos particulares – no
princípio do século XIX os povoamentos ocupavam 10% do território nacional, e
esse valor chega hoje aos 34.5%. O eucalipto ou o pinheiro que ardem têm um
papel fundamental na sustentação da economia rural. E na economia nacional também
– a pasta e o papel rendem ao país cerca de 2800 milhões de euros por ano e a
Navigator Company (ex-Portucel) é a maior exportadora líquida de Portugal.
Travar a eucaliptização, como fez este Governo, faz sentido.
A floresta não pode ser apenas um negócio. Por isso, faz sentido manter ou
reforçar o apoio público à plantação de montado de sobro ou de carvalhos –
espécies que viram a sua área na floresta nacional aumentar, embora menos do
que o desejado e muitíssimo menos do que o galopante eucalipto. Ou como se
torna imperioso exigir que haja linhas destas espécies instaladas entre manchas
maiores de floresta de produção. Mas acreditar numa utopia florestal sem
árvores aptas para a indústria, capazes de remunerar o investimento e de dar
lucro aos proprietários, não passa disso mesmo: de um acto de fé.
Com o ordenamento florestal atribuído a planos regionais
(PROF), a zonas de intervenção e a planos de gestão congelado por inépcia
política, todas as promessas de 1996 se goraram e o que era um barril de pólvora
tornou-se um arsenal pronto a explodir por força das alterações climáticas. Na
prática, o equilíbrio entre a floresta-recurso público e a floresta-recurso
económico desequilibrou-se e, como sempre que há falhas, somos nós quem vai ter
de pagar a factura. Vão ser precisas leis de excepção para intervir no espaço
privado, vão ser necessários recursos financeiros vultuosos, as autarquias vão
ter de assumir as suas responsabilidades na defesa das populações e dos seus
recursos, vai ser preciso travar o protagonismo do lobbie do fogo, vai ser
necessário recuperar o que resta de um dos melhores serviços públicos que o
país teve em tempos – os serviços florestais. A dor colossal dos mortos em
Pedrogão exige um esforço colossal e rápido do país para evitar a sua
repetição. Um Verão terrível pode estar às portas e, se nada se fizer agora, os
fogos vão continuar a ser primeiras páginas dos jornais em Portugal e no mundo.
This article in a Swiss newspaper today is so ruthlessly
clear-sighted in its assessment of just how screwed we are that I just had to
translate it for the non-German speakers. Hold on to your hats:
If it weren't so serious, the situation in Great Britain
would almost be comical. The country is being governed by a talking robot,
nicknamed the Maybot, that somehow managed to visit the burned-out tower block
in the west of London without speaking to a single survivor or voluntary
helper. Negotiations for the country’s exit from the EU are due to begin on
Monday, but no one has even a hint of a plan. The government is dependent on a
small party that provides a cozy home for climate change deniers and
creationists. Boris Johnson is Foreign Secretary. What in the world has
happened to this country?
Two years ago David Cameron emerged from the parliamentary
election as the shining victor. He had secured an absolute majority, and as a
result it looked as if the career of this cheerful lightweight was headed for
surprisingly dizzy heights. The economy was growing faster than in any other
industrialised country in the world. Scottish independence and, with it, the
break-up of the United Kingdom had been averted. For the first time since 1992,
there was a Conservative majority in the House of Commons. Great Britain saw
itself as a universally respected actor on the international stage. This was
the starting point.
In order to get from this comfortable position to the chaos
of the present in the shortest possible time, two things were necessary: first,
the Conservative right wingers’ obsessive hatred of the EU, and second,
Cameron’s irresponsibility in putting the whole future of the country on the
line with his referendum, just to satisfy a few fanatics in his party. It is
becoming ever clearer just how extraordinarily bad a decision that was. The
fact that Great Britain has become the laughing stock of Europe is directly
linked to its vote for Brexit.
The ones who will suffer most will be the British people,
who were lied to by the Brexit campaign during the referendum and betrayed and
treated like idiots by elements of their press. The shamelessness still knows
no bounds: the Daily Express has asked in all seriousness whether the inferno
in the tower block was due to the cladding having been designed to meet EU
standards. It is a simple matter to discover that the answer to this question
is No, but by failing to check it, the newspaper has planted the suspicion that
the EU might be to blame for this too. As an aside: a country in which parts of
the press are so demonstrably uninterested in truth and exploit a disaster like
the fire in Grenfell Tower for their own tasteless ends has a very serious
problem.
Already prices are rising in the shops, already inflation is
on the up. Investors are holding back. Economic growth has slowed. And that’s
before the Brexit negotiations have even begun. With her unnecessary general
election, Prime Minister Theresa May has already squandered an eighth of the
time available for them. How on earth an undertaking as complex as Brexit is
supposed to be agreed in the time remaining is a mystery.
Great Britain will end up leaving its most important trading
partner and will be left weaker in every respect. It would make economic sense
to stay in the single market and the customs union, but that would mean being
subject to regulations over which Britain no longer had any say. It would be
better to have stayed in the EU in the first place. So the government now needs
to develop a plan that is both politically acceptable and brings the fewest
possible economic disadvantages. It’s a question of damage limitation, nothing
more; yet even now there are still politicians strutting around Westminster
smugly trumpeting that it will be the EU that comes off worst if it doesn’t toe
the line.
The EU is going to be dealing with a government that has no
idea what kind of Brexit it wants, led by an unrealistic politician whose days
are numbered; and a party in which old trenches are being opened up again:
moderate Tories are currently hoping to be able to bring about a softer exit
after all, but the hardliners in the party – among them more than a few
pigheadedly obstinate ideologues – are already threatening rebellion. An epic
battle lies ahead, and it will paralyse the government.
EU chief negotiator Michel Barnier has said that he now
expects the Brits to finally set out their position clearly, since he cannot
negotiate with himself. The irony of this statement is that it would actually
be in Britain’s best interests if he did just that. At least that way they’d
have one representative on their side who grasps the scale of the task and is
actually capable of securing a deal that will be fair to both sides. The Brits
do not have a single negotiator of this stature in their ranks. And quite apart
from the Brexit terms, both the debate and the referendum have proven to be
toxic in ways that are now making themselves felt.
British society is now more divided than at any time since
the English civil war in the 17th century, a fact that was demonstrated anew in
the general election, in which a good 80% of the votes were cast for the two
largest parties. Neither of these parties was offering a centrist programme:
the election was a choice between the hard right and the hard left. The political
centre has been abandoned, and that is never a good sign. In a country like
Great Britain, that for so long had a reputation for pragmatism and
rationality, it is grounds for real concern. The situation is getting decidedly
out of hand.
After the loss of its empire, the United Kingdom sought a
new place in the world. It finally found it, as a strong, awkward and
influential part of a larger union: the EU. Now it has given up this place
quite needlessly. The consequence, as is now becoming clear, is a veritable
identity crisis from which it will take the country a very long time to
recover.
Las llamas van de un lado a otro, de Pedrógão Grande a Góis, como las preguntas que se hacen los vecinos, que viven su tercer día de incertidumbre en medio de unos fuegos que han matado ya a 64 personas. Los políticos coinciden en que no es tiempo para las críticas, pero sí se ha abierto el de las preguntas. El mismo primer ministro, António Costa, quiere saber por qué no se cerró a tiempo la N236, la carretera de la muerte. También se ha sabido que el plan contraincendios tiene cuatro años cuando debía ser renovado cada dos años.
En 500 metros de asfalto encontraron la muerte 47 de las 64 personas que han fallecido por los incendios. Atrapadas en sus coches, algunas volvían de las playas, otras salían de las aldeas cercanas, de Figueira, de Nodeirinho, de Pobráis, porque, según una superviviente, les dijeron que el camino era la alternativa segura a la carretera comarcal I8. Y se encontraron con un caldero en llamas.
El primer ministro Costa pregunta a los responsables de la Guardia Nacional republicana por qué no se cerró la N236; también pide explicaciones por las previsiones meteorológicas y por el defectuoso servicio de comunicaciones. “¿Por qué, desde cuándo y qué impacto tuvo en la planificación, dirección y ejecución de las operaciones que vuestros sistemas no estuvieran funcionando? ¿Qué se hizo para establecer conexiones alternativas?, preguntó Costa, según la agencia Lusa, informa Reuters.
En este nuevo escenario de preguntas sin críticas, se revela que el Plan Forestal Contraincendios está congelado desde hace cuatro años; el anterior, de 2012 se publicó ayer, tras la denuncia del diario Público. Este plan debía actualizarse cada dos años, pero no se ha hecho nada desde hace cuatro.
También queda para largo la ley de reforestación que va a prohibir -según el Partido Socialista (PS)- el aumento de la superficie de eucaliptus; también está en trámite el primer catastro de bosques. Se desconoce la propiedad de casi la mitad de las parcelas rurales y boscosas; sin esa herramienta básica se hace muy difícil la planificación y encarar cualquier programa de prevención.
Ahora se echa la culpa a la falta de limpieza de los montes, pero el secretario de Estado de Bosques, Amãndio Torres, restó importancia a este argumento, pues recuerda que se han limpiado 25.000 hectáreas en una superficie forestal de 3,1 millones y que el arbusto también cumple una función ecológica.
No es que falten leyes, dice el propio secretario de Estado Torres, sino que es necesario que se cumplan las que hay. Está prohibido arbolar a 10 metros de las carreteras, los propietarios de los bosques tienen la obligación de mantenerlos limpios y de mantener los cortafuegos libres, pero se desconoce cuántas multas han impuesto los Gobiernos por estas causas.
En el kilómetro 7,5 de la carretera de la muerte todo está calcinado, pero se intuye lo que había: el bosque de eucaliptus, el camino cortafuegos, pero después ya junto a las cunetas, más eucaliptus que brotan de forma silvestre. Este martes, tres días después de la tragedia, unos obreros reemplazaban los quemados guardarraíles por otros nuevos; el asfalto aún se nota levantado por el calor, las señales de tráfico aguantan de pie, pero negras; en una de ellas alguien ha colocado un ramillete de flores. Aquí, el joven Miguel, vecino de Pobráis, encontró a su madre calcinada. Miguel dice que aquello que vio no era su madre, aunque sabe que era porque reconoció el coche.
La ciudadanía se pregunta más cosas. Por ejemplo: ¿Cómo puede ser que 47 cadáveres estuvieran casi 24 horas allí, en medio de la carretera, dentro de sus coches unos, en la huida otro? Solo un médico especialista podía levantar los cuerpos...y era la tarde de un sábado de playa.
El banco BPI y la Fundación bancaria La Caixa han anunciado que destinarán, en colaboración con el Ayuntamiento de Pedrógão Grande, un millón de euros para el realojo y la necesidades básicas de los afectados, según han informado ambas entidades en una nota.
Hace un año, para celebrar el Día del Bosque, el primer ministro Costa recordaba -como se puede leer en su página oficial- que Portugal tenía “un sistema de prevención mejor y un sistema de combate mejor; ahora necesitamos un mejor ordenamiento forestal”.
No hay críticas, es hora de trabajar unidos, dicen desde el presidente Rebelo de Sousa al líder de la oposición, Pedro Passos Coelho, pero sí es tiempo de lanzar preguntas, una más: ¿Por qué un país con tanto terreno forestal no tiene un Cuerpo de Guardas Forestales?
Confusión sobre una aeronave estrellada
Protección Civil de Portugal ha rectificado la información inicial en la que daba por estrellada una de las aeronaves que trabaja en la extinción del fuego. "No hay ningún aparato de combate contra los incendios que haya caído o tenido ningún problema", indicó un portavoz de Protección Civil al medio portugués Publico. La misma fuente añadió que no podían asegurar que otro tipo de aparato, no involucrado en las labores de extinción del fuego, pudiera haber sufrido un accidente.
A las 17.15 hora local (18.15 en la España peninsular) de este martes, un miembro de Protección Civil alertó a la agencia de noticias portuguesa Lusa de que un aparato involucrado en las labores de extinción se había accidentado en el término municipal de Pedrógão Grande.
La Fuerza Aérea de España informó a través de su cuenta de Twitter de que el posible avión de extinción accidentado no era español. El secretario de Estado de Administración Interna de Portugal ha asegurado a los periodistas desde Góis que no podía confirmar que un aparato se hubiera estrellado.
En una comparecencia de prensa, el responsable de Protección Civil, Vítor Vaz Pinto, ha explicado que el origen de la confusión ha podido estar en la explosión de una caravana abandonada que tendría bombonas de gas en su interior. No obstante, Vaz Pinto admitió que se enviaron equipos de búsqueda a la zona, en las proximidades de Ouzenda, en el término municipal de Pedrógão Grande.
EL DRAMA VUELA A GÓIS
Se ha cumplido lo que más temía el bombero español Aitor Soler, que el fuego se extienda por las escarpadas montañas, casi imposible de combatir a pie.
El sábado, el fuego comenzó en una planicie, en Fundeiros, cerca de Pedrógão Grande. La imprevisibilidad -con las condiciones meteorológicas ayudando- provocó el desastre más que la difícil topografía; pero los montes de Góis son otra cosa.
La noche pasada, otra vez con vientos cambiantes y mucha sequedad, el fuego se extendió por la difícil topografía de Góis. Desde las 7 de la mañana los hidroaviones, españoles y franceses principalmente, lanzaban agua sobre la tupida sierra. Pedrógão se daba por controlado y acabado a media mañana; pero al otro lado, en el concejo de Góis, aumentaban los problemas. El humo se elevaba y los aviones dejaron de poder trabajar. Aldea por aldea comenzaban a ser evacuadas: Cadafaz, Cabreira, Sandinha...
-¿Hay que entrar en las casas?, preguntaba un bombero español a los portugueses.
-Sí, casa por casa, pero antes llamad a la puerta.
Aunque llamen, hay ancianos que no se quieren marchar. Los bomberos no tienen autoridad y tienen que llamar a la Guardia Nacional Republicana. Habían sido evacuadas más de 27 aldeas hasta media tarde, la mayoría ancianas, desperdigadas en unas casas por allí y otras por allá, casas tan integradas en la espesura que son difíciles de detectar.
Los ancianos salen montados en sillas y llevados a pulso por zapadores o personal que se ofrece. Los aviones se desviaron a Pedrógão, donde la situación se ha agravado. Aquí también se desalojó la aldea de Ouzenda. Son 40 focos activos, reactivados por el capricho del viento y una tierra que sigue humeando como el cráter de un volcán.
Los supervivientes del incendio acusan a las autoridades: “Nos arrastraron hacia la muerte”
Los agentes indicaron que la carretera donde fallecieron la mayoría de las víctimas era segura.
Mientras Portugal cierra su segundo día de luto oficial por las al menos 64 víctimas del incendio de Pedrógão Grande, más de 1150 efectivos siguen intentando controlar la conflagración que ha quemado decenas de miles de hectáreas de los distritos centrales de Leiría, Coimbra y Castelo Branco desde su inicio el pasado sábado.
El comandante operacional de Protección Civil, Vítor Vaz Pinto, afirma sentir confianza que el incendio estará controlado en cuestión de 24 horas, pero a lo largo del martes las autoridades lusas se vieron obligadas a evacuar 27 aldeas y un asilo de ancianos en el municipio de Góis, distrito de Coimbra ante el avance imparable de las llamas.
“Estamos ante una situación grave que puede pasar a ser gravísima”, reconoció Lurdes Castanheira, presidente de la Cámara Municipal de Góis, población que se sitúa a unos 40 kilómetros del punto de inicio del incendio. “El incendio ha logrado atravesar la sierra y el viento ha hecho que llegue hasta aquí con una intensidad increíble”.
Castanheira reconoció temer por la vida de algunos de sus conciudadanos, ya que “en varias aldeas los más ancianos han rechazado dejar sus casas, pese al peligro evidente que supone el avance de las llamas. En una aldea ocho personas han decidido obviar el aviso de evacuación. Infelizmente no les podemos retirar a la fuerza”.
Dos militares españoles salvan la vida en el último atentado yihadista en un hotel de MaliDos militares españoles salvan la vida en el último atentado yihadista en un hotel de MaliAlejandro RequeijoUn subteniente permaneció varias horas en paradero desconocido y un comandante tuvo que usar su arma en el ataque para poder huir.
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Mientras siguen las labores de extinción, crece la indignación contra las autoridades ante noticias que revelan graves fallos de coordinación en las primeras horas del incendio. Errores que, según cuentan los supervivientes, pueden haber provocado la muerte de decenas de personas.
Hacia la “carretera de la muerte”
Maria de Fátima se encontraba volviendo de Coimbra el sábado cuando se enteró que un incendio afectaba la zona donde vive su padre, residente de Pedrógão Grande. “Cuando le llamé me dijo que era verdad, que el fuego les tenía completamente rodeados y que estaban en peligro”, cuenta Fátima en declaraciones a los medios lusos. “Conseguí llegar al pueblo y encontrar a mi padre, pero cuando intentábamos salir de la zona y tomar la IC8 [una autopista que pasa cerca de la zona], la Guardia Nacional Republicana (GNR) la había cortado”.
Según Fátima, cuando preguntó a los agentes de la GNR por dónde debía evacuar la zona, estos le indicaron que la carretera nacional 236 estaba libre de peligro. Al avanzar por esta vía, sin embargo, se encontró con un escenario apocalíptico.
“El humo era tan denso que no se veía absolutamente nada, lo único que resaltaba eran las llamas entre los árboles”, recuerda Fátima. “Chocamos con algo que estaba tirado en medio de la carretera, y de pronto un coche que venía detrás impactó chocó con el nuestro, y en nada el nuestro comenzó a arder. Queríamos salir del coche, pero a la vez el calor era tan intenso que no sabíamos si seríamos capaz de sobrevivir ahí fuera”.
Vi a una madre arder con los dos hijos agarrados a ella. Yo sólo conseguí salvar a mi nieta de milagro
Finalmente, Fátima y su padre se decidieron y lograron salir de la zona a pie, junto a otra mujer que encontraron malherida, con gran parte de su cuerpo quemada. Ante los medios, la superviviente denuncia que los agentes de la GNR la enviaron al sitio donde más de medio centenar de personas murieron calcinados el sábado.
“¡Sólo me salvé gracias a la intervención de Nuestra Señora! ¡Qué horror, qué horror!”Armindo Graça, que también escapó del infierno de la carretera nacional 236, es más explícito en su condena de los agentes de la GNR.
“Nos arrastraron hacia la muerte”, sentencia el residente de Pobrais. “Literalmente señalaron el camino que acabaría con nuestras vidas. Vi a una madre arder con los dos hijos agarrados a ella. Yo sólo conseguí salvar a mi nieta de milagro”.
“No quiero ver ni a un político paseando por aquí, dando condolencias. Deberían haber estado cuando les necesitábamos, ellos y la GNR, que debería haber cortado las vías y avisado sobre lo que se tenía que hacer. Podrían haber salvado a tantas personas…”.
De momento, la GNR no esclarece si los agentes desplegados por la zona el sábado cometieron el grave error del cual se les acusa, pero el cuerpo de gendarmes luso ha prometido abrir una investigación para determinar que falló en esos momentos cruciales.
Falta de información
Entre los testimonios de los supervivientes otra queja frecuente es la falta de información por parte de las autoridades, y el pánico que se vivió al no saber si era necesario evacuar la zona o, por lo contrario, esperar la llegada de auxilio. El relato más devastador es, sin duda, el de Mário Pinhal, otro de los pocos supervivientes de la “carretera de la muerte”, que se vio sorprendido por el incendio en su casa de vacaciones en Pedrógão Grande.
Nadie nos informaba sobre lo que debíamos hacer, no decían si debíamos evacuar o no
“No sabíamos que hacer”, explica el residente de Póvoa de Santa Iria ante los medios congregados. “Nadie nos informaba sobre lo que debíamos hacer, no decían si debíamos evacuar o no. Cuando vi que el incendio se acercaba y que los eucaliptos del bosque estaban todos en llamas, le dije a mi mujer que metiera nuestras hijas en el coche y que saliera de ahí. Yo seguía atrás en otro coche, con mis padres y mi tía”.
“Vi como mi mujer, Suzana, y mis hijas Joana y Margarida murieron en esa calle”, relata Pinhal, intentando mantener la compostura pero en evidente estado de shock. “Iban por delante y no consiguieron escapar el fuego que nos rodeó en esa carretera. La calle estaba llena de coches desechos por las llamas, vi personas corriendo por el andén con el pelo en llama, la ropa ardiendo. Di marcha atrás como pude, mientras nuestros retrovisores se derretían. Poco después de salir de ahí explotaron nuestras ruedas por la intensidad del calor, pero seguimos como podíamos”.
“¿Por qué no las encerré en casa?”, se pregunta. “Habrían sobrevivido. La casa es nueva, sigue en pie. Las debía haber encerrado en casa. Nunca deberíamos haber intentado escapar. Tenía una vida feliz, a mis chicas les encantaba esta casa de vacaciones. Ahora me he quedado sin nada”.
Costa busca respuestas
Ante la indignación colectiva, el primer ministro António Costa ha pedido explicaciones a los máximos dirigentes de la GNR y Protección Civil.
Entretanto, en las zonas donde ya se ha controlado el incendio los forenses han logrado identificar a la mitad de las víctimas, entre las cuales se encuentran al menos cuatro niños y numerosos turistas. Al menos uno de los fallecidos es extranjero, un ciudadano galo cuya muerte ha sido confirmada por la Embajada de Francia en Lisboa.
La primera víctima en ser identificada ha sido Rodrigo, de apenas cuatro años de edad, que murió junto a su tío Sidel Belchoir en la carretera nacional 236. El pequeño se encontraba en la zona de vacaciones con familiares ya que sus padres –empleados de la aerolínea estatal TAP– estaban en Santo Tomé y Príncipe, celebrando su luna de miel.
Tres generaciones de una familia de Nodeirinho –abuelo, hija y nieta– también fallecieron en esa vía maldita mientras intentaban escapar. El cadáver de la pequeña Bianca fue hallado junto al de su abuelo; su madre, Gina, consiguió escapar del coche a pie, pero murió poco después de ser llevada al hospital local debido a la gravedad de las quemaduras que sufrió por todo el cuerpo.
Varios turistas portugueses, entre ellos la familia Machado, de Santarém –compuesta por Lígia, Sérgio, y sus dos hijos menores– están entre las víctimas mortales. Amigos de la familia que los cuatro se habían desplazado a la zona para visitar la popular playa fluvial de Rocas, a pocos kilómetros de Pedrógão Grande.
El matrimonio compuesto por José Maria y São Graça, de la ciudad de Loures, y Cristina y Eduardo Costa, del suburbio lisboeta de Pontinha, también fallecieron en la conflagración. Los primeros huyeron de la aldea de Vila Facaia, haciendo caso omiso a los vecinos que les aseguraban que estarían más seguros en sus casas que en su coche. El matrimonio de Pontinha parece haber sido sorprendido en la carretera mientras se dirigían a visitar la madre del fallecido, que consiguió sobrevivir el desastre.
Mientras los forenses siguen identificando a las 64 víctimas mortales confirmadas por el Gobierno, las autoridades lusas anticipan que el número total de fallecidos aumente debido a la gravedad de muchos de los 160 heridos. Fuentes de Protección Civil también temen encontrarse más víctimas en las aldeas que se sitúan en el centro de la zona afectada por el incendio, algunas de las cuales han estado incomunicadas desde el pasado sábado, cuando ya estaban rodeadas por las llamas.
Portugal’s prime minister calls on emergency services to explain wildfire response
At least 64 people have been killed, 47 of whom died on one road as they fled flames in their cars
Sam Jones in Madrid
@swajones
Tuesday 20 June 2017 18.52 BST First published on Tuesday 20 June 2017 13.34 BST
Portugal’s prime minister has called on the emergency services to explain their response to the country’s worst wildfire as public anger mounts over the tragedy. At least 64 people have been killed and more than 150 injured.
On Tuesday, António Costa asked the head of the National Republican Guard why officers had not closed off the road where many of the victims burned to death as they fled the flames in their cars.
He also asked for clarification on the extent to which rescuers’ communications systems had been affected by the fire, and for more information on whether the high death toll was the result of unusual weather or problems with the response.
“Why, for how long and what impact was there on the planning, command and execution of operations if your very systems were not working? What was done to establish alternative connections?” Costa asked of the emergency services, according to the state news agency Lusa.
A day earlier, Costa had acknowledged that early efforts to alert the public had been hindered after the flames destroyed phone lines and communications towers but insisted that “nothing compromised the firefighting efforts”.
The prime minister’s calls came as firefighters battling the blaze said they hoped to bring it under control within 24 hours.
More than 1,100 firefighters are still tackling the fire, which is thought to have started after lightning struck a tree in the central municipality of Pedrógão Grande on Saturday.
“The situation is quite a lot better,” operational commander Vítor Vaz Pinto told Lusa. “By tonight or Wednesday morning, the fire will be under control.”
He added, however, that progress would depend on the wind and the temperature, which was expected to reach 43C (109F) on Tuesday.
Reports that one of the water-bombing planes fighting the blaze had crashed on Tuesday were denied by the authorities, who said all the aircraft were accounted for.
As Portugal waits to emerge from three days of national mourning, questions are being asked about why the death toll has been so high in a country where there are wildfires every year.
Many are focusing on the authorities’ failure to close down the N236 road – and why it had apparently been signalled as an alternative route after a nearby road had been sealed off.
Forty-seven of the 64 forest fire victims died on the N236, which has been called the “road of death” or the “road of hell” by the local media. Thirty of them burned to death in their cars, trapped by the flames, while others died after abandoning their vehicles.
A survivor told Portuguese television that gendarmes directed them to the N236 as an alternative to the nearby IC8 route which had been closed and which the gendarmes used themselves.
“When we arrived at the IC8, they told us we couldn’t pass and directed us towards the N236. We thought that the road was safe but it wasn’t,” a survivor, Maria de Fatima, told AFP.
Among those killed as they fled was a four-year-old boy whose parents had left him with his uncle and aunt as they went on their honeymoon. According to the Correio da Manhã newspaper, his mother appealed for help on social media while his grandmother left Lisbon to try to find him. His body and that of his uncle were later found beside a car.
Assunção Cristas, the leader of the centre-right CDS-PP opposition party, said that while the country was still in mourning, a time would come “when all questions will be asked” in parliament.
Many people believe poor forest management – combined with the depopulation of rural villages, which has left many wooded areas untended – have played a part in the disaster.
“What failed this Saturday?” asked a headline in the Público newspaper. “Everything, as it has failed for decades.”
Paulo Fernandes, a professor in the forest science department of Trás-os-Montes e Alto Douro University in Vila Real, said that despite warning signs, people may have been caught off guard because the blaze had broken out before the usual forest fire season began.
“This was a unique event in terms of the impact it had on people and fatalities,” he said. “It was a bit early for this kind of fire, but we’ve had a somewhat dry winter and spring and then this heatwave, which has combined with very extreme atmospheric instability to bring lightning but no rain in the affected region.
“The area is heavily forested and when you have naturally ignited fires, they tend to occur randomly in the landscape and often in more remote locations.”
A burnt-out tractor near Castanheira de Pera. Photograph: Miguel Vidal/Reuters
Fernandes said people may have panicked when firefighters failed to appear and decided to get into their cars rather than staying in their homes.
He added that while forest fires in 2003 and 2005 had led to improvements and innovations in disaster planning, the emphasis still remained on fighting fires rather than preventing them.
A Portuguese environmental lobby group, Quercus, said the fires were the result of “forest management errors and bad political decisions” by governments over recent decades.
Quercus argued that much of the danger came from the highly flammable eucalyptus trees that have outstripped pine and cork oak to become the country’s dominant forest species and now occupy a “scandalous” area of about 9,000 sq km (3,500 sq miles).
However, Fernandes said the risk of eucalyptus had been overstated.
“It’s a popular perception,” he said. “But it’s quite exaggerated because when we analyse fire data versus land cover data, we really don’t find fire has a preference for eucalyptus forests. It’s true it’s quite flammable, but pine forests are quite flammable and shrubland is highly flammable. Most of our Mediterranean vegetation types burn quite well.”
Three months ago the government announced new measures to combat wildfires, including restrictions on plantations of eucalyptuses and a simplified and cheaper programme of property registration to determine which land is being neglected.
However, not all of the reforms have come into legal force.
Xavier Viegas, an expert on forest fires, said while the fire had outpaced firefighters in some villages, the deaths had mainly highlighted communication problems when it came to evacuating people.
“It’s still hard to identify what failed, but it’s a bit of everything,” Viegas told Reuters.
Other countries prone to forest fires have systems in place to alert people to danger. After the fires that killed 173 people in 2009, Australia began using text messages and emergency broadcasts to get the word out.
“There’s an urgent need to organise that kind of alerting,” Viegas said. “Here, at best, someone from the parish council goes knocking on doors telling people to leave.”
Não me vou alongar demasiado com a história do desastre da
cobertura florestal deste desgraçado país, pois está explicitada no artigo
"Os incêndios e a desertificação de Portugal florestal", publicado no
PÚBLICO, há cerca de dez anos. Apesar de andar a alertar para as causas dos
piroverões anuais que acontecem há cerca de quatro dezenas de anos e como se
pode resolver o problema, os governos sucessivos que temos tido, não só nada
fizeram, como também têm sido colaboracionistas na florestação mono-específica,
contínua e contígua, sem o mínimo de ordenamento e regras.
Sabemos que antes da última glaciação (Würm) a laurisilva
[floresta (silva, em latim) sempreverde, com predominância de árvores da
família dos loureiros (laurus, em latim)] era a floresta que tínhamos no país.
Durante o período glaciar, esta floresta praticamente desapareceu em Portugal
Continental (existem apenas algumas espécies reliquiais), teve uma cobertura
florestal semelhante à actual taiga que circunda a parte continental norte do globo
terrestre, em torno do círculo polar árctico. São disso testemunho as relíquias
do pinheiro-de-casquinha (Pinus sylvestris) que ainda se encontram em algumas
das zonas montanhosas mais frias do Gerês. Finda essa glaciação, isto é, após o
início do período actual, o Holoceno (Antropogénico), com o desaparecimento da
laurisilva e da taiga, o respectivo nicho ecológico continental foi ocupado por
uma nova floresta na qual predominam árvores da família das Fagáceas
(Fagaceae), como carvalhos, a faia e o castanheiro. Designo por fagosilva este
tipo de floresta, em consonância com a referida laurisilva. Quando o homem
inicia o cultivo de cereais e a domesticação de animais, há cerca de 8-7 mil
anos, inicia-se a degradação da fagosilva. Os Descobrimentos e respectiva
Expansão provocaram uma tremenda devastação da fagosilva, completada, mais
tarde, com a construção da rede de caminho-de-ferro, cujas travessas das vias
férreas eram de madeira de carvalho.
Assim, as montanhas, particularmente as da região entre o Douro
e o Tejo, foram praticamente desarborizadas. Com as montanhas desarborizadas, a
população passou a viver do pastoreio. A pastorícia intensiva também teve
grande impacto na destruição da flora portuguesa. Os fogos e a prática das
queimadas nas regiões agrícolas e também nas regiões de pastoreio contribuíram
e continuam a contribuir para a desertificação das nossas montanhas. A partir
de certa altura, essas áreas de mato foram rearborizadas com o pinheiro bravo
(Pinus pinaster). Particularmente depois da criação dos Serviços Florestais e
da política de arborização do Estado Novo, Portugal passou a ter a maior área
de pinhal contínuo da Europa.
As nossas montanhas transformaram-se então num imenso
pinhal, outrora cobertas fundamentalmente por carvalhais caducifólios.
O povo que vivera da floresta primitiva (caça, bolota,
castanha, etc.), após a destruição desta, passou a viver dos matos
(pastorícia), passando, seguidamente, a viver do pinhal, que lhe dava madeira,
lenha, resina, plantas para “cama” para o gado, depois adubo para os campos de
cultivo e muitos objectos manufacturados artesanalmente, como colheres, garfos
e até facas.
A partir de meados do século passado (XX), muitos pinhais
foram substituídos por eucaliptais e eucaliptaram-se muitíssimas outras áreas.
Os eucaliptos interessam mais às celuloses por serem árvores de crescimento
mais rápido do que os pinheiros. Nas últimas décadas incrementaram-se tão
desenfreadamente as plantações de eucaliptos que se criou em Portugal a maior
área de eucaliptal contínuo da Europa.
Com as montanhas ocupadas por eucaliptais, deu-se o êxodo
rural pois, como os eucaliptos são cortados periodicamente de dez em dez anos,
o povo não fica dez anos a olhar para as árvores em crescimento sem ter mais
nada que fazer. Assim, o povo, além do abandono rural a que foi “forçado”,
ficou ainda numa dependência económica monopolista, um risco para o qual não é,
nem nunca foi, alertado. Desta maneira, as nossas montanhas passaram a estar
cobertas por florestas mono-específicas, com árvores altamente inflamáveis (o
pinheiro por ser resinoso e o eucalipto por ter produtos químicos aromáticos,
arremessando ramada inflamada à distância, por esses produtos serem voláteis e
explosivos). Por isso, designo este tipo de floresta por ignisliva (do latim
ignis=fogo e silva=floresta), ou melhor, por sugestão da Prof. Maria de Fátima
Silva, hilépiros (do grego hyle=floresta e pyr=fogo) ou xilópiros (do grego
xylon=madeira e pyr=fogo). Como estamos habituados ao termo laurisilva, talvez
seja melhor adoptar ignisliva para a floresta que agora temos. Mas, como há
muito designo por piroverões os Verões que temos tido há umas décadas, talvez
prefira o termo xilópiros, pois temos estado a plantar floresta para termos
madeira para arder.
Quando a floresta era de pinhal continuo, os Serviços
Florestais controlavam-na e não tínhamos Verões com tantos incêndios, nem tão
devastadores. A partir da década de 80 do século passado, governos sucessivos
resolveram não só acabar com os Serviços Florestais, como também delapidaram
toda a técnica (material e humana) existente, assim como todo o património
construído (as designadas Casas dos Guardas Florestais). Por outro lado, como
já foi referido, deu-se a desumanização do meio rural, além do abandono a que
foram votadas as montanhas pela diminuição de técnicos florestais. Sem
profissionais florestais habilitados (engenheiros florestais e silvicultores,
técnicos e guardas florestais), não só se pinheirou e eucaliptou sem regras,
criando-se áreas contínuas e contíguas da dita floresta ígnea.
Passámos então a ter Verões com incêndios devastadores (os
tais piroverões) e risco de transitar em determinadas estradas, ladeadas desse
tipo floresta durante muitos quilómetros sucessivos. Há concelhos
perigosíssimos, como aqueles aonde agora aconteceu a última desgraça. Assim,
quando amigos meus estrangeiros querem visitar Portugal viajando de automóvel,
indico-lhes os concelhos por onde não devem transitar (neste devastador
incêndio morreu um francês). É só irem ao Google e verem como estão muitas estradas
(nacionais e municipais) para se capacitarem de que não só não estou a mentir,
como também para se acautelarem. Actualmente, em Portugal, corre-se o risco de
ser incinerado numa estrada.
Na minha opinião, enquanto não efectuarem o ordenamento do
território, não criarem novamente Serviços Florestais e os apetrecharem
tecnicamente e com profissionais habilitados, nunca vamos deixar de ter
piroverões. Não é com voluntários que o problema se resolve, mas com
profissionais e no terreno TODO O ANO. Podem dizer-me que os Serviços
Florestais eram uma estrutura muito “pesada” (onerosa) e que exigia muito
pessoal habilitado. Mas, conheço muita estrutura política “pesadíssima” e com
pessoal a mais, mas a que nenhum governo conseguiu pôr fim a tal despesismo
DESNECESSÁRIO. Bastam alguns exemplos. A Madeira tem uma superfície de 741 km2
e tem 11 câmaras. O Algarve tem uma superfície de 4.997 km2 (mais do que seis
vezes a da Madeira) e 16 Câmaras. Portanto, a Madeira deveria ter apenas duas
câmaras (seria uma diminuição brutal de pessoal e estruturas). Ainda por cima
tem uma Assembleia Legislativa com 47 deputados. A Região Autónoma da Madeira é
“pesadíssima” comparada com os Serviços Florestais. Temos imensas freguesias
com menos de 5000 habitantes. Que desperdício em pessoal político e
burocrático. E argumenta-se que os Serviços Florestais - a única estrutura
profissionalizada e habilitada para gerir a floresta e evitar incêndios - teve
que ser suprimida por ser muito “pesada”!!!...
É melhor ficarmos por aqui, pois eu, como português que me
honro de ser, tenho VERGONHA de viver num país que importa madeira de carvalho
para mobiliário, por não replantar a floresta nativa.