Candidatura
de Maria de Belém criticada no último almoço socialista
Nuno Sá Lourenço
02/10/2015 - PÚBLICO
Entre o discurso
embaraçoso do fadista Carlos do Carmo que meteu até Sócrates e a
voz que falhou a António Costa, o almoço da Trindade revelou-se uma
iniciativa fora de controlo.
O almoço até
começou alinhado com uma estratégia normal de apelo ao voto útil,
ainda que particularmente agressiva para com o PCP e o BE. Mas depois
pegou no microfone um “não antipatizante” do PS.
E, assim, coube ao
fadista Carlos do Carmo protagonizar mais um momento insólito na
campanha eleitoral socialista. No habitual almoço de fim de campanha
do PS, realizado na cervejaria Trindade, em Lisboa, o artista decidiu
atacar a ex-presidente do PS Maria de Belém, presente na sala,
devido à intenção de avançar para a Presidência, e citar a
situação de José Sócrates.
Depois de algumas
dificuldades no início do discurso, quando o sistema de som não
queria colaborar, Carlos do Carmo decidiu elogiar António Costa,
destacando as dificuldades que tinha tido de ultrapassar nos últimos
tempos. “Foi muito duro para António Costa fazer campanha com um
ex-primeiro-ministro preso, com camarados do partido sistematicamente
a dar entrevistas a deitá-lo abaixo e nas costas de António Costa
apresentar-se uma candidatura a Belém.” A assistência aplaudiu.
Momentos antes,
Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, arrancara aplausos
da assistência com o seu ataque virulento ao PCP e BE. Dirigindo-se
aos eleitores que “estavam a pensar PCP ou BE”, deixou no ar a
ameaça do caos.
“Mas vocês acham
que se as propostas do PCP vencerem, no dia a seguir as vossas
poupanças estão seguras nos bancos?”, questionou antes de
lembrar, a propósito do BE, que as legislativas não eram “um
concurso de beleza nem de simpatia”. E que importava também fazer
algumas perguntas. “Mas algum de vocês acredita que se tomarmos
uma posição de ruptura no euro ou de renegociação unilateral que
isso vai melhorar a situação do país?”
Ferro Rodrigues
seguiu a mesma linha e citou a notícia do Expresso que dava conta
das “combinatas e avisos entre a direcção do PSD e PCP”.
A sessão foi tão
fora do habitual que o candidato a primeiro-ministro se viu forçado
a interromper o seu discurso devido à sua voz, que lhe falhou no
momento em que reconhecia haver “várias razões para as pessoas
estarem indecisas”.
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