Resposta
ao anúncio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
A Misericórdia de
Lisboa fez publicar ontem uma página de publicidade com um
“esclarecimento” acerca de uma notícia do PÚBLICO, de sábado,
com o título “Projecto da SCML custou um milhão e não originou
qualquer emprego”. A Direcção do PÚBLICO refuta as acusações
aí feitas e mantém o que foi escrito, chamando a atenção para os
erros, contradições e faltas à verdade do texto assinado por um
vogal da Mesa da SCML, Ricardo Alves Gomes. Assim, importa sublinhar:
1 — O título “Projecto da SCML custou um milhão e não originou
qualquer emprego” corresponde à verdade dos factos apurados pelo
PÚBLICO.
O projecto United At
Work (UAW) foi orçamentado em mais de um milhão de euros e foi esse
o valor candidatado. No âmbito da sua aprovação, a Comissão
Europeia afectou 850 mil euros de fundos comunitários a este
projecto. O UAW está praticamente concluído desde meados de Julho e
terminará formalmente no próximo sábado.
Todas as informações
recolhidas pelo PÚBLICO confirmam que até agora não foi criado
qualquer posto de trabalho efectivo graças ao UAW, nem a SCML
consegue dizer nem provar o contrário.
2 — Diz o anúncio
que, à data da publicação do artigo, a Comissão “tinha
atribuído à SCML cerca de metade do valor noticiado”. Querendo
certamente dizer que até essa data foi pago esse montante, a
afirmação em nada contraria o que foi noticiado. Isto, porque o
PÚBLICO em parte alguma escreveu quanto é que a Comissão já pagou
do total da comparticipação aprovada. E não o faz porque, apesar
de o ter perguntado por escrito à SCML em Julho, esta não lhe
respondeu até agora.
3 — A afirmação
de que o título “pressupõe que o montante atribuído surge na sua
totalidade do orçamento da SCML” é falsa. Isso não está nem no
título, nem no texto. O que lá está escrito, logo na primeira
frase, é que “a Comissão Europeia apostou nela [na ideia do UAW]
e apoiou-a com 850 mil euros — 80% do projecto apresentado pela
Misericórdia de Lisboa”.
4 — A Misericórdia
sustenta que “não teve qualquer custo com o projecto” e que “os
20% de comparticipação da SCML são realizados através da
afectação de recursos humanos da instituição”. Ainda que isso
signifique que os custos com pessoal da SCML afecto apenas ao apoio
administrativo prestado ao UAW — uma vez que os formadores eram
externos — totalizaram 215.500 euros em cerca de um ano, nada no
artigo se diz quanto aos custos assumidos pela instituição.
5 — O PÚBLICO
nunca escreveu que a criação de empregos foi “uma premissa da
candidatura da SCML”. Está lá citado o site do UAW, onde se lê
que o seu objectivo reside em “testar a validade de uma eventual
política pública que promova a criação de empresas constituídas
entre jovens e seniores qualificados e desempregados”. Mas é nesse
mesmo site, na página “o que é o UAW”, que a SCML, e não o
PÚBLICO, escreve que o projecto “promove o empreendedorismo
intergeracional para criar mais emprego e novas empresas
desenvolvidas em conjunto por jovens e seniores qualificados.
6 — É verdade, e
não falso, que a SCML não respondeu às perguntas do PÚBLICO. E é
falso que o jornalista se comprometeu a só publicar a notícia
depois de ter as respostas da instituição, após 31 de Outubro. O
que se passou foi que depois de lhe dirigir 13 perguntas concretas no
dia 28 de Julho, recebeu semanas depois a indicação de que as
respostas só podiam ser dadas em Setembro. O PÚBLICO entendeu
esperar até lá, sendo-lhe depois dito que, afinal, só seria
possível responder no início de Outubro. O PÚBLICO esperou mais
uma vez e foi depois informado de que, afinal, só haveria respostas
depois de 31 de Outubro. Tendo abundante informação disponível,
nomeadamente a que consta do site do UAW, não fazia sentido
continuar a adiar a publicação até que a SCML entendesse
responder. E isso mesmo foi transmitido ao seu assessor de imprensa.
Além disso, a SCML diz que o PÚBLICO publicou informação
“incompleta e não correspondente à verdade”, mas não aponta um
único erro ou, sequer, imprecisão reais.
7 — Por fim, a
Misericórdia diz ser “falso” que apenas dois projectos estejam
em actividade, afirmando que “vários projectos já iniciaram
actividade”. Pena é que não informe concretamente quantos e quais
são esses projectos. Ontem à tarde mais uma vez lhe foi perguntado.
A resposta foi: “A SCML não tem qualquer comentário a fazer”
in PÚBLICO /
29-10-2015
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