.10.2015 08:30
"A
prioridade é comprar o CM"
Calar
o Correio da Manhã era objetivo em 2009.
Por Ana Isabel
Fonseca, Eduardo Dâmaso, Tânia Laranjo ‘Je suis Correio da Manhã’
Dia 24 de junho de 2009.
Armando Vara e
Fernando Soares Carneiro, administrador da Portugal Telecom, falavam
ao telefone. O tema era o Correio da Manhã. A necessidade de comprar
o título da imprensa diária que liderava as vendas e que mais
irritava José Sócrates. Esta e outras escutas fundamentaram o
pedido de António Gomes, juiz de instrução da Comarca de Aveiro,
no processo Face Oculta. O magistrado não teve dúvidas. Havia
suspeitas de atentado contra o Estado de Direito Democrático. Pediu
uma investigação autónoma, que nunca aconteceu. O caso foi
liminarmente arquivado. São inúmeras as conversas que mostram esta
realidade. Foram enviadas para a Assembleia da República, para o
inquérito entretanto aberto e encerrado sem consequências para os
envolvidos. A 24 de junho, a conversação entre Soares Carneiro e
Vara não deixava dúvidas. Soares Carneiro diz a Vara que, "por
indicação de cima", foi acordado que se tentaria comprar o
Correio da Manhã ou mesmo a Cofina. Era esse, garantiu, o objetivo
da Portugal Telecom. Fernando Soares Carneiro vai mais longe. Diz que
a dívida da Cofina está na Caixa Geral de Depósitos e no BCP, do
qual Vara era administrador. Soares Carneiro já tinha a garantia do
apoio da Caixa. A ajuda de Vara era uma obrigatoriedade. A conversa
continua. Soares Carneiro deixa no ar a hipótese de que Sócrates já
tenha sido informado. A expressão usada é que já falou com o
gabinete do amigo de Armando Vara. Do "amigo lá de cima",
explica. Nessa altura, diz a investigação, já Vara sabia que
estava sob escuta. Também Sócrates teria conhecimento da
investigação. Os interlocutores foram avisados e tentaram depois
"corrigir" a conversa.
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