quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Teatro Romano reabre para nos dar mais um pouco de Lisboa


Teatro Romano reabre para nos dar mais um pouco de Lisboa

Depois de dois anos encerrado, e quase uma década de campanhas arqueológicas, reabriu ao público o Teatro Romano
Cláudia Lima Carvalho / 1-10-2015 / PÚBLICO

A inauguração estava marcada para o meio-dia de ontem, e faltavam ainda uns minutos quando à porta já se fazia fila para conhecer o renovado Museu do Teatro Romano, em Lisboa. Alguns convidados e muitos curiosos podiam finalmente ver o que até agora se podia apenas espreitar por entre as grades. São ruínas que nos contam a história de Lisboa, ainda antes de ser Lisboa. Uma nova exposição permanente e uma nova museografia dão-nos isso mesmo, uma mais informada e completa visão da história.
Foi o primeiro teatro romano a ser descoberto em Portugal, alguns anos depois do terramoto de 1755. Nas ruínas da tragédia, que destruiu Lisboa, encontravam-se outras ruínas. Há uma história já longa para ser contada, mas que até hoje permanece pouco conhecida do público em geral. Foi para isso que, em 2001, se inaugurou este museu, embora tenha funcionado um pouco de forma intermitente — investigações e escavações arqueológicas a isso obrigavam. Setembro de 2015 marca o início de uma nova vida no número 3 da Rua de São Mamede.
“Foi demasiado tempo mas 12 anos de campanhas fazem-se acompanhar de uma investigação histórica e científica que permite hoje termos um conhecimento aprofundado da história de Felicitas Iulia Olisipo [designação de Lisboa na época romana]”, começou por dizer Lídia Fernandes, coordenadora do Museu do Teatro Romano. “Ficámos a conhecer muito mais a cidade antes de ser cidade”, continuou, explicando que, desde que o museu encerrou definitivamente em 2013 para esta grande operação de reabilitação, novos vestígios foram descobertos no local. “O museu é isto tudo, a história do que hoje é Lisboa”, disse a responsável, por entre as ruínas.
São estas as ruínas que podíamos espreitar ao passar na rua a caminho do Castelo de São Jorge, sem percebermos ao certo o que estávamos a ver. Com a nova museografia, isso acabou. Podemos não só entrar neste espaço, como temos legendas explicativas para tudo aquilo que vemos. Do outro lado da rua fica o museu, que funcionará de terçafeira a domingo, das 10h às 18h — as entradas custam dois euros.
“Este é um momento único e especial”, disse Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, admitindo que a relação da autarquia com a arqueologia nem sempre é fácil. “Mas aqui foi inequívoco, temos de perceber o que a cidade precisa”, disse, destacando que investimento na Cultura é investimento na cidade. “A Cultura não é um adereço, não é um extra, nem pode estar dependente dos ciclos de quem manda. A Cultura liga-nos uns aos outros”, defendeu o autarca, para quem a “valorização da Cultura é elemento central da actividade na Câmara”.
Aos discursos seguiu-se uma visita guiada ao museu, durante a qual Medina se mostrou interessado em perceber tudo aquilo que via. As intervenções realizadas na última década no espaço, virado para o Tejo, deixaram a descoberto novas estruturas, agora identificadas e devidamente iluminadas. É mesmo possível caminhar por entre estes vestígios, observar outros exemplos expostos nas vitrinas e até manusear algumas peças que imitam as dos tempos em que ali existia um teatro.
Na renovação do edifício e do projecto museológico houve ainda a preocupação de tornar o espaço acessível a todos.

O Museu do Teatro Romano está sob a alçada do Museu de Lisboa, a par do Palácio Pimenta, o Museu de Santo António, o piso térreo da Casa dos Bicos e o Torreão Poente do Terreiro do Paço.

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