BE
apela “directamente” ao PS para solução de Governo que “salve”
o país
Maria João Lopes /
6-10-2015 / PÚBLICO
O apelo não é
novo, mas surge com mais insistência. A porta-voz do Bloco de
Esquerda, Catarina Martins, voltou a insistir nesta segunda-feira na
disponibilidade desta força política para dialogar com os
socialistas, aos quais apelou “directamente”, para uma solução
de Governo que “salve” o país. As condições para que tal
aconteça mantêm-se: não flexibilizar despedimentos, não
descapitalizar a Segurança Social, não reduzir pensões.
Respeitando estas três linhas vermelhas, pode haver diálogo, se o
PS se mostrar também disponível.
Catarina Martins
falou na sede do Bloco, depois da reunião da Comissão Política, na
qual se analisaram os resultados eleitorais: o Bloco foi “a força
política que mais cresceu no país”, em “todos os concelhos”,
retirou “votos à direita” e transformou-se na terceira força do
país. Apesar de o PSD e CDS terem tido mais votos, “nunca a
direita teve um resultado tão baixo”, disse ainda.
E voltou a insistir
no apelo que já tinha feito ao líder socialista antes da campanha
eleitoral e ao longo dela. A candidata eleita pelo Porto apelou
“directamente” ao PS, garantindo ter a certeza de que também a
CDU “estará presente” e “não faltará à chamada” (ver
página 5). E lembrou que os partidos que tiveram “três milhões
de eleitores”, que têm “mais de 50 por cento dos deputados” no
Parlamento, fizeram campanha eleitoral prometendo romper com o ciclo
da direita. “É portanto preciso que hoje, em Portugal, sejamos
consequentes com o que foi a campanha”, disse, frisando que aqueles
três milhões de eleitores têm de ser respeitados.
“Criar soluções”
Questionada sobre
se, ao contrário do que já afirmou em relação à coligação de
direita, o BE admite deixar passar um programa do PS, Catarina
Martins reiterou que os bloquistas nunca disseram que tratariam da
mesma forma um governo minoritário da direita e o PS e que, mesmo
existindo “grandes diferenças” entre o programa do BE e o do PS,
estão “disponíveis para conversar”.
Como “nenhuma
força tem maioria absoluta”, todas “terão de se encontrar para
criar soluções de estabilidade para o país”, disse. E sublinhou:
o BE está disponível para “conversar com o PS sobre uma solução
de estabilidade”, mas para isso é preciso que o PS também diga
“se quer conversar com a esquerda” ou “prefere dar estabilidade
a um governo minoritário de direita”. Sobre a possibilidade de o
BE viabilizar um orçamento, caso o PS respeite as três condições
colocadas, a porta-voz reafirmou que está disponível para
conversar, mas nunca abdicando da protecção das pensões, salários
e emprego.
Catarina Martins
deixou ainda duas críticas: uma ao presidente da Comissão Europeia
por considerar que os resultados das eleições mostram que os
portugueses querem manter as políticas até agora seguidas e outra
ao Presidente da República que está a tomar “decisões
apressadas”. A porta-voz entende que Cavaco Silva se está a
precipitar ao chamar na terça-feira o líder da coligação de
direita, antes de estarem contados os votos dos emigrantes, que foram
“muito mal tratados” nestas eleições. Mesmo que estes votos não
alterem os resultados, é uma questão de “respeito institucional”.
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