“Alexander, 58 anos,
ex-membro das forças especiais soviéticas, e Oleg, 54 anos, treinador de luta
greco-romana, militam num partido de extrema-direita, o Svoboda, e simpatizam
com a Organização Nacionalista Ucraniana (UNO), um velho movimento conhecido pela
sua entusiástica colaboração com os nazis, na Segunda Guerra Mundial.
( … )Os grupos
nacionalistas, que outrora faziam gáudio do seu anti-semitismo, mostram-se
agora grandes teóricos do conspiracionismo. Uma cabala orquestrada pelos
americanos e judeus para destruir a Ucrânia está em curso e joga-se aqui, sob
os nossos olhos, na própria revolução da Maidan, explicam Alexander e Oleg.
Cabala essa que é no entanto liderada, de forma algo incompatível, pela Rússia
de Putin, “o homem mais perigoso do mundo”.
( …) “Tudo indica que
as teorias da conspiração são espalhadas pelos grupos de extrema-direita. Mas
acabam por contagiar toda a gente na Maidan. Até inocentes manifestantes como
Olga, que apenas lutam pela democracia, cedem a visões esotéricas (ou
simplesmente lúcidas?): “A Europa só está a defender a Ucrânia porque quer
roubar-nos à influência da Rússia. Mas nunca nos permitirá pertencer à União
Europeia, porque nós somos bárbaros”.
Interrogada sobre o
eventual perigo da infiltração dos grupos de extrema-direita no movimento
pró-democracia, Olga desdramatiza: “Eu não concordo com eles, mas compreendo
que queiram defender a Ucrânia. Que significa, afinal, ser nacionalista? Amar o
seu país”.
REPORTAGEM
Um sabor a vitória na praça. E uma sensação de fim de
alguma coisa
PAULO MOURA (em Kiev) 21/02/2014 - 23:04 / PÚBLICO
As pessoas vieram para celebrar uma vitória, ainda incerta,
mas real. Dizem que querem viver num país normal, europeu. A Ucrânia é um país
com cultura e com orgulho em si próprio.
Foi o dia de reforçar barricadas. Apesar de ter sido fechado
um acordo, durante a noite, entre o Presidente, Viktor Ianukovich, e a
oposição, muito favorável a esta, ninguém pensou em abandonar a Praça da
Independência. Talvez nunca tenha estado tanta gente na Maidan, a palavra que
quer dizer Praça, mas já alargou muito o seu significado, tanto no conceito
como que diz respeito ao espaço: Maidan é a revolução e Maidan é todo o centro
de Kiev.
Por todos os acessos, de todas as direcções, muitos milhares
de pessoas afluíram ao coração da Maidan, ali onde há menos de 24 horas mais de
100 pessoas morreram, nos confrontos entre manifestantes e forças policiais.
As pessoas vieram para celebrar uma vitória, incerta, mas
real. Talvez o Presidente volte atrás nas suas promessas de realizar eleições
antecipadas, repor a Constituição de 2004 que atribuía mais poderes ao
Parlamento, formar um Governo de Unidade Nacional. Mas a derrota não tem recuo.
A humilhação de ter matado e a seguir perdido.
E talvez os manifestantes acabem por não se sentir
satisfeitos com a promessas do Presidente, principalmente porque não confiam
nele, e decidam prosseguir a luta. Alguns grupos e porta-vozes já o disseram -
não vão retirar-se e planeiam novos ataques, talvez deitando a perder o que foi
conseguido. Mas ninguém lhes pode tirar este sabor de vitória. O sentir que a
acção tem consequências.
“Temos de exigir que todos os responsáveis pela violência
sejam investigados e julgados”, disse Olga, 35 anos, professora. “A Ucrânia tem
de mostrar ao mundo que é um estado de direito, uma democracia. Que as pessoas
são responsáveis pelos seus actos, mesmo os governantes. Sobretudo eles. Eu
quero voltar a ter orgulho de ser ucraniana”.
Esta é uma das sensibilidades da manifestação. Uma
percentagem dos que protestam fá-lo porque quer mais liberdade política, mais
direitos, mais dignidade. “A minha geração experimentou a liberdade”, diz Olga.
“Antes de Ianukovich chegar ao poder, houve um período de total liberdade neste
país. Foram criados mais de 100 partidos políticos, surgiram jornais e revistas
de todas as tendências, era permitido dizer e escrever tudo. Entretanto
chegámos a este ponto, em que uma pessoa pode ser assassinada a tiro por vir
para a rua manifestar-se. As pessoas da minha geração não se conformam com
isso. Querem viver num país normal, europeu. A Ucrânia é um país com cultura,
com civismo, com humanidade, com orgulho em si próprio. Recusamo-nos a viver em
ditadura. Nunca mais, nunca mais”.
De repente há a sensação de que isso foi conseguido, e que o
foi de um modo sólido e irreversível, tão natural parece agora este mundo de
liberdade que é Maidan. Um mundo recente e precário, vulnerável como o sangue
ainda vermelho e húmido de algumas das vítimas de ontem, derramado no chão e
cercado de flores.
Mas agora que a zona controlada pelos manifestantes se
estende por todas as grandes avenidas do centro, com as suas barricadas de mais
de três metros de altura, antes construídas com neve comprimida e agora
fortificadas com pedregulhos, com as suas bancas de distribuição de armas -
pedras, bastões e cocktails molotov - os seus checkpoints de segurança, as suas
tendas de comida e bebidas, as suas brigadas de limpeza, agora que não é
possível avistar nenhum polícia, militar ou qualquer outro agente de
autoridade, a vertigem é ainda maior.
Sobraram seres esquisitos
Sobraram seres esquisitos. Uma senhora elegante, de casaco
de peles e uma tranca debaixo do braço. Um jovem hippie com uma barra de ferro
na mão. Uma rapariga magra, de olhos azuis, protegendo o peito com um escudo de
ferro.
Outros, infinitamente mais aberrantes, revelam-se
esteticamente mais coerentes, porém - homens musculados, com capacetes de
guerra, coletes à prova de bala, máscaras negras, escudos e bastões, e
bandeiras de partidos fascistas. Movimentam-se no seu elemento: um cenário de
campo de batalha, com os seus montes de detritos, pneus, pirâmides de lixo,
pontos de armamento, munições e extintores, tendas de lona verde e uma fuligem
negra cobrindo tudo e pairando sobre as carcaças de contentores e carros
incendiados.
Alexander, 58 anos, ex-membro das forças especiais
soviéticas, e Oleg, 54 anos, treinador de luta greco-romana, militam num
partido de extrema-direita, o Svoboda, e simpatizam com a Organização
Nacionalista Ucraniana (UNO), um velho movimento conhecido pela sua
entusiástica colaboração com os nazis, na Segunda Guerra Mundial.
“Os polícias são animais, porque atacaram uma tenda onde
havia figuras e vários objectos religiosos”, disse o surpreendentemente pio
Alexander, antes de explicar, com pormenores de profissional, como é que mais
de 70 pessoas foram mortas por snipers da polícia estrategicamente colocados
nos edifícios circundantes. “Ianukovich é um fascista”, disse Oleg. “Anunciou
um dia de luto pelos mortos, fez hastear por todo o lado as bandeiras a
meia-haste, e depois lançou a polícia contra o povo, para provocar ainda mais
mortos”.
Retratos dos mártires
Alexander e Oleg passaram a noite na praça junto a uma banca
com velas em memória dos mártires do movimento nacionalista ucraniano. Por trás
da banca com os retratos dos mártires, a bandeira vermelha e negra do UNO, que,
segundo os dois amigos, vai agora ressuscitar como partido legal. “A Ucrânia
deve ser para os ucranianos”, explica Alexander com o tom enfático de quem
formulasse uma ideia original. “Estamos cansados de ser subjugados pela Rússia
e outras potências”, continua Alexander. “Eu fui obrigado a ir viver para a
Rússia, para servir numa unidade especial do Exército Vermelho. Muitos outros
ucranianos foram forçados a combater no Afeganistão e no Cáucaso. Milhões de
pessoas foram deslocadas. O nosso país foi invadido e ocupado muitas vezes por
potências estrangeiras. Nós amamos a Ucrânia, queremos que o mundo respeite a
Ucrânia”.
Os grupos nacionalistas, que outrora faziam gáudio do seu
anti-semitismo, mostram-se agora grandes teóricos do conspiracionismo. Uma
cabala orquestrada pelos americanos e judeus para destruir a Ucrânia está em
curso e joga-se aqui, sob os nossos olhos, na própria revolução da Maidan,
explicam Alexander e Oleg. Cabala essa que é no entanto liderada, de forma algo
incompatível, pela Rússia de Putin, “o homem mais perigoso do mundo”.
Uma conspiração?
Leo, um georgiano de 27 anos que desistiu de combater o
poder russo no seu país, veio aproveitar o momento mais propício de Kiev. “Há
uma conspiração da maçonaria e dos milionários americanos para destruir a
Ucrânia”, disse ele, de onde concluiu que a situação apenas tende a
complicar-se: “Isto é o princípio de uma grande guerra entre a Ucrânia e a
Rússia”.
Leo casou com uma rapariga de Ternopil, uma cidade do Oeste
da Ucrânia onde o partido direitista Svoboda detém o poder local. Vivem lá os
dois, com dois filhos, e vieram para Kiev num dos cinco autocarros fretados
para trazer manifestantes à capital. Se o actual conflito degenerasse numa
guerra civil, como alguns auguram, Ternopil e Lviv seriam os centros da facção
anti-Rússia e anti- Ianukovich.
Sveta, a mulher de Leo, admite que está cheia de medo, mas
considera a sua presença no protesto “uma obrigação”. Tem também uma teoria
secreta: “Ninguém sabe, neste país, mas eu tenho a certeza de que há muitos
russos misturados com a Berkut (a força especial da polícia ucraniana)”.
Tudo indica que as teorias da conspiração são espalhadas
pelos grupos de extrema-direita. Mas acabam por contagiar toda a gente na
Maidan. Até inocentes manifestantes como Olga, que apenas lutam pela democracia,
cedem a visões esotéricas (ou simplesmente lúcidas?): “A Europa só está a
defender a Ucrânia porque quer roubar-nos à influência da Rússia. Mas nunca nos
permitirá pertencer à União Europeia, porque nós somos bárbaros”.
Interrogada sobre o eventual perigo da infiltração dos
grupos de extrema-direita no movimento pró-democracia, Olga desdramatiza: “Eu
não concordo com eles, mas compreendo que queiram defender a Ucrânia. Que
significa, afinal, ser nacionalista? Amar o seu país”.
As várias sensibilidades podem ser antagónicas, mas não
deixam de ser também transversais. A outra, estranhamente ubíqua pela geografia
de Maidan, é a religião. No palco onde os activistas proferem os seus
discursos, num ciclo ininterrupto que inclui também poemas patrióticos e canções
de cossacos, há uma estátua da Virgem com um manto branco, velas e pinturas do
rosto de Jesus Cristo.
Além disso, depois de cada discurso, padres ortodoxos e
católicos irrompem em cânticos intermináveis. A certas horas, constituem
completos ofícios religiosos que ocupam o tempo do palco da revolução.
Os muitos milhares de pessoas ouvem os cânticos polifónicos
em silêncio, algumas com lágrimas nos olhos, outras sem disfarçar algum enfado.
Por toda a Praça da Independência e territórios adjacentes os sacerdotes
passeiam-se nas suas vestes rigorosas, pregam sermões a grupos restritos,
cantam em palcos dispersos. Ninguém os ignora, a sua autoridade é indiscutível
e unânime, ao contrário do que sucedia com os controversos imãs na Praça
Tahrir, durante a revolução egípcia. Em comparação com essa, ou com a de
Taksim, em Istambul, esta Primavera é mais confusa, mais violenta, mais
silenciosa e mais sombria.
Aqui, os guerreiros parecem mais velhos, mais pobres, mais
tristes. Enquanto ouviam os trinados límpidos e comoventes dos padres, uma
forte explosão fazia-se sentir ao longe, de vez em quando. Todos sabiam
tratar-se apenas da rebentação, pelos rebeldes, das bombas que sobraram, como
brinquedos de triunfo e bazófia. Mas mesmo assim estremeciam, entreolhavam-se
cheios de medo. Como se soubessem, ou esperassem, que a festa que viviam não
fosse o fim de alguma coisa, mas o princípio.
At stake in Ukraine's drama is the future of Putin,
Russia and Europe
Ukraine may yet show us that
the default model of revolution has changed to one of negotiated transition
Timothy Garton Ash
The Guardian, Friday 21 February 2014 / http://www.theguardian.com/commentisfree/2014/feb/21/ukraine-putin-russia-europe-independence-disintegration
Beyond the burning barricades and the corpses in the
streets, here are five big things that are at stake in Ukraine's
insurrectionary drama. They mean that what happens in Ukraine will affect not
just the Ukrainians, but also Russia, Europe and our sense of what makes a
revolution.
1. The future of Ukraine as an independent state-nation
Intense violence inside a state, still falling short of civil
war, can go two sharply different ways. It can tear the state apart, as in
Syria and former Yugoslavia, or, if people join hands to retreat from the
brink, it can weld a state-nation together – as in South Africa. (A
state-nation is one in which a shared civic national identity is created by the
state, rather than a single ethnic national identity being embodied in it.)
One reason that recent months in Ukraine have been so
chaotic is that Ukraine, despite being an independent country for more than two
decades, is neither a properly functioning state nor a fully formed nation.
President Viktor Yanukovych is a thug, but he is also an ineffective thug.
Effective, disciplined security forces would not be shooting demonstrators dead
almost at random one minute, but abandoning the same streets to them the next.
Similarly, Ukraine's administration, parliament and economy are nothing like
those of a normal European state. They are infiltrated and manipulated to an
extraordinary degree by oligarchs, camarillas and the president's family, aka
the Family.
This is what many Ukrainians are so angry about, and what
some have now given their lives to change. But if yesterday's proposed deal –
for a coalition government, constitutional reform to give parliament back more
powers, and a presidential election before the end of the year – can be made to
stick, then these bloody days could yet go down in history as a decisive
chapter on the path to independent state-nationhood. If not, further
disintegration looms.
2. The future of Russia as a state-nation – or an empire
With Ukraine, Russia is still an empire; without Ukraine,
Russia itself has a chance to become a state-nation. The future of Ukraine is
more central to Russia's national identity than that of Scotland is to
England's. Centuries ago, people who lived in the territory that is now Ukraine
were the original Russians. In this century, the people who call themselves
Ukrainians will shape the future of what is now Russia.
3. The future of Vladimir Putin
An independent Russian journalist has observed that the most
important event in Russian politics during the last decade happened not in
Russia but in Ukraine. It was the Orange Revolution of 2004. So, with
considerable skill, Putin's "political technologists" developed
techniques to counter such developments. When the Kremlin trumped the EU's
rule-rich but cash-poor association offer to Ukraine with a cool $15bn, one
well-known Russian political technologist, Marat Gelman, tweeted: 'Maidan
installation sold for 15 billion – most expensive art object ever.' (The Maidan
is Kiev's Independence Square.)
But it didn't quite go according to plan. So last Monday
Russia released another tranche of the $15bn, and on Tuesday Yanukovych's
militia started using live ammunition against increasingly desperate and
sometimes violent protesters. The fact that Putin was prepared to risk
international blowback during his treasured Sochi Olympics shows how vital
Ukraine is to him. Now he has retreated tactically, faced with the facts on the
ground – but have no illusions that he will stop intervening.
4. The future of Europe as a strategic power
Just as Ukraine is not simply split between east and west,
so the geopolitical issue here is not whether Ukraine joins Europe or Russia.
It is whether Ukraine becomes increasingly integrated into the political and
economic community of Europe, as well as having a very close relationship with
Russia. It is also whether the EU will stand up for basic European values on
its own front doorstep, as it failed to do in Bosnia.
The EU miscalculated by delivering an "us or them"
ultimatum last autumn, without offering Ukraine desperately needed ready cash
or a clear perspective of EU membership. As the Ukraine expert Andrew Wilson
notes, the EU took a baguette to a knife fight. In recent weeks, it has done
better. Friday's proposed compromise is a tribute to the personal engagement of
the German, Polish and French foreign ministers. But does a Europe weakened by
the eurozone crisis have the resolve and strategic imagination for the long
term?
5. The future of revolution
I have argued that, in our time, 1989 has supplanted 1789 as
the default model of revolution: rather than progressive radicalisation,
violence and the guillotine, we look for peaceful mass protest followed by
negotiated transition. That model has taken a battering of late, not only in
Ukraine but also in the violent fall that followed the Arab spring. If this
fragile deal holds, however, and the fury on the streets can be contained,
Europe might again show that we can occasionally learn from history.
Twitter: @FromTGA
Ukraine stands on the brink – and Europe must bring it
back
This is no velvet revolution,
but nor is it an uprising of fascist Cossacks or a zero-sum game with Russia.
Europe must intervene on the side of democracy and human rights
Timothy Garton Ash
The Guardian, Sunday 2 February 2014 / http://www.theguardian.com/commentisfree/2014/feb/02/ukraine-europe-intervene-russia
Ukraine has not yet died – as the country's anthem observes.
But the face of Ukraine today is that of the bloodied, scarred opposition
activist Dmytro Bulatov. Comparisons with Bosnia are still far-fetched, but
think of this as a political Chernobyl.
I have no idea what will happen in Ukraine tomorrow, let
alone next week. But I know what all Europeans should want to happen over the
next year and the next decades. In February 2015, on the 70th anniversary of
the Yalta agreement, Ukraine should again be a halfway functioning state. A
corrupt and rackety one, but still the kind of state that, in the long run,
forges a nation. It should have signed an association agreement with the EU,
but also have close ties with Russia. In February 2045, on the 100th
anniversary of the Yalta agreement, it should be a liberal democratic, rule-of-law
state that is a member of the EU, but has a special relationship with a
democratic Russia. "Pie in the sky!" you may say. But if you don't
know where you want to go, all roads are equally good. This is where we should
want to go.
That outcome would obviously be good for Ukraine. Less
obviously, it would be good for Europe. Look at the shifting balance of world
power, and look at the demographic projections for western Europe's ageing
population. We'll need those young Ukrainians sooner than you think, if we are
to pay our pensions, maintain economic growth and defend our way of life in a
post-western world. Less obviously still, it would good for Russia. Russia has
lost an empire but not yet found a role. Its uncertain sense of itself is
inextricably bound up with its deep-seated confusion about Ukraine, a cradle of
Russian history that many Russians still regard as belonging back in Russia's
nursery.
Once upon a time, young Conservatives like David Cameron
shared such a vision of a wider Europe of freedom. Inspired by the velvet
revolutions of 1989, and by Margaret Thatcher, they loathed the statist,
federalist and socialist Little Europe of Brussels, but loved that far horizon
of liberty. Yet where is the British prime minister's voice on Ukraine today?
Back in his idealistic youth, Germans were the mealy-mouthed
stability-huggers, and Brits spoke out for human rights in eastern Europe. Now,
Angela Merkel tells her parliament – to applause – that the Ukrainian
authorities must not ignore "many people who have shown in courageous
demonstrations that they are not willing to turn away from Europe. They must be
heard", while the Conservative benches of the British parliament resound
with appeals to turn away from Europe, and to keep out those numberless hordes
of eastern European welfare scroungers. Among the few Ukrainians welcome here
are the oligarchs, who get Britain's special visas for the very rich, and buy
the fanciest places in London. One of them, Rinat Akhmetov, paid £136m for a
25,000 sq ft pied-a-terre in the luxurious One Hyde Park apartment complex.
Granted, it is hard to see how we can make much difference
in the short term. This is no longer a velvet revolution, as the 2004 Orange
Revolution was. It started as a protest against the (freely and largely fairly
elected) President Viktor Yanukovych's sudden refusal to sign an association
agreement with the EU. Opinion polls show that a majority of Ukrainians favour
more European integration. The heart of protest in Kiev is still nicknamed the
Euromaidan (Eurosquare). What characterises a velvet revolution, however, is
that non-violent discipline is largely maintained – even in the face of violent
oppression by the state – and it ends in a political negotiation. Now, mainly
because of the stupidity of the Yanukovych machine and the brutality of its
Berkut militia thugs, but also because there are other opposition forces at
work in different parts of a fractured country, the velvet is burning.
Some very nasty far-right groups have mounted the barricades.
How large a role they play is disputed. A Ukrainian specialist on the European
far right, Anton Shekhovtsov, who was there during the recent protests, says
that while there is a real neo-Nazi and hooligan fringe, especially in a group
called White Hammer, most of the so-called Right Sector activists see
themselves as national revolutionaries fighting for independence from Russia.
Yet even if you take a more alarmist view, to suggest that Europe should just
sit on its hands because fascists and antisemitic Cossacks (recognise a
stereotype anyone?) are taking over the show is even more ridiculous than it
would be to pretend that this is all the sweetness and light of Václav Havel's
Wenceslas Square in 1989. Abandon all meta-narratives, ye reporters who enter
here.
Worse than ridiculous is the notion that the EU should not
intervene in any way because this is a purely Ukrainian affair. Putin's Russia
has been intervening for years, overtly and covertly, while insisting no
"outsiders" should interfere. In the last decade, Russia has twice
turned off the gas tap to force Ukrainian hands, and the methods Moscow uses
behind the scenes to persuade Yanukovych and pivotal oligarchs can barely be
described in a family newspaper.
By contrast, the EU's "imperialist" intervention
has consisted in offering an association agreement, attempting to broker a
negotiated settlement between the warring parties and mainly verbal support for
non-violent, pro-European demonstrators. To denounce this herbivorous
intervention while ignoring Russia's carnivorous ones is Orwellian doublethink.
But comrade Lenin's question remains: what is to be done?
The Poles, with members of the Ukrainian opposition, call for a larger carrot.
"Not martial law but a Marshall Plan," says opposition leader Arseniy
Yatseniuk. In your dreams, Arseniy. Others call for targeted western sanctions
against the Yanukovych clan and selected oligarchs.
I suspect all this will make only a marginal difference.
History is being written hour by hour on the ground in Ukraine. But if the
British prime minister does want to reconnect with the idealism of his youth,
while practising the realpolitik required in his current job, I suggest he has
a private word with those key swing-players in Ukraine, the oligarchs. Men like
Victor Pinchuk, Dmytro Firtash (a generous donor to Cambridge University) and
Akhmetov. We know where they live – in London, among other places. So to have
that discreet fireside chat, the prime minister would only need to pop down the
road, from Downing Street to One Hyde Park.
Twitter: @fromTGA
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