Regresso de Miguel Relvas causa incómodo no PSD
MARGARIDA GOMES 22/02/2014 - 23:24 / PÚBLICO
Ex-ministro integra lista
para o Conselho Nacional.
A escolha de Miguel Relvas para cabeça de lista do Conselho
Nacional (CN) do PSD foi a grande surpresa do segundo dia da reunião magna dos
sociais-democratas. E provocou um grande mal-estar junto de muitos
congressistas, alguns com responsabilidades de peso no partido, que não
entendem as razões pelas quais foi escolhido para liderar a candidatura.
O Conselho Nacional é o órgão mais importante entre
congressos, que funciona como o "parlamento do partido", onde estão
representadas as várias sensibilidades internas, eleitas normalmente em
diversas listas.
“Uma loucura, inimaginável”, considerou um dirigente
nacional que pediu para não ser identificado. “Nada dava a entender que a
escolha passaria por Miguel Relvas”, adiantou um outro dirigente nacional do
partido, manifestando a sua indignação, considerando a escolha como “pouco
sensata”.
A notícia foi anunciada este sábado ao congresso, à hora do
jantar, pelo líder do partido, Pedro Passos Coelho, e deixou os presidentes das
distritais numa situação de desconforto, uma vez que houve muitos militantes
que subscreveram os termos da candidatura ao Conselho Nacional sem saberem quem
era o candidato.
Logo que foi público, alguns militantes reagiram com
indignação e sentiram-se enganados, afirmando que se soubessem que a escolha
recaía no ex-ministro dos Assuntos Parlamentares não teriam subscrito a
candidatura. Esta circunstância - dizem - inviabilizou a apresentação de listas
alternativas ao CN.
Horas antes do anúncio de que Miguel Relvas estaria de
regresso à direcção do partido, já circulava nos corredores do Coliseu dos
Recreios o rumor de que havia “muita gente” que não pretenderia votar para os órgãos
do partido, mas estava ainda por saber qual a razão.
Contactado pela Lusa, Relvas disse ter aceitado o convite
para liderar a lista de Passos Coelho com a intenção de contribuir para o seu
partido num projecto em que sempre acreditou.
“O mais relevante, neste momento – sublinhou – é dar o meu
contributo ao meu partido, num projecto liderado pelo doutor Pedro Passos
Coelho, em que sempre acreditei”, justificou o ex-ministro-adjunto e dos
Assuntos Parlamentares, que se demitiu em Abril de 2013.
O presidente das Câmara de Cascais e agora escolhido para
vice-presidente do PSD Carlos Carreiras diz que “o Conselho Nacional é um órgão
colegial onde cabem todos os contributos que queiram ser dados por pessoas que
já tiveram responsabilidades e, nesse sentido, acho uma integração normal. Não
esperava mas acho-a normal”.
“É assim que eu interpreto, se tivesse tido a
responsabilidade de fazer as listas: Miguel Relvas foi secretário-geral de
Durão Barroso, de Santana Lopes, tem uma experiência política grande, que cabe
perfeitamente num Conselho Nacional do PSD”, disse Carreiras, sublinhando que
Relvas foi o secretário-geral do partido que mais presidentes acompanhou.
"Tem uma experiência político-partidária muito forte.”
Foi sem surpresas que o ex-líder do partido e actual
ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, recebeu a notícia. “Miguel
Relvas é um militante do partido e é bom que todos os militantes dêem a sua
contribuição quando são chamados, foi o que eu fiz e essa deve ser a prática”,
disse ao PÚBLICO.
O cabeça de lista para o Conselho Nacional da lista de
Passos Coelho não estará presente neste domingo, na sessão de encerramento da
reunião magna social-democrata por se encontrar no estrangeiro por motivos
profissionais. E não pretenderá fazer mais declarações sobre a sua escolha.
”Sendo um cargo interno, é no partido que devo falar."
Neste domingo de manhã o congresso vai eleger a nova
direcção. Na futura Comissão Permanente, Jorge Moreira da Silva fica como
primeiro vice-presidente, e Marco António Costa mantêm o cargo homólogo e
continua como coordenador e porta-voz do partido. Teresa Leal Coelho e Pedro
Pinto, ambos deputados, mantêm-se como vice-presidente e entram José Matos
Correia e Carlos Carreiras. Sai da Comissão Permanente Nilza Sena, que passa a
integrar o CN. Matos Rosa, que recebeu uma enorme ovação do congresso, foi
reconduzido no cargo de secretário-geral.
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