Parque de estacionamento no
Cais do Sodré tem em exposição vestígios romanos
INÊS BOAVENTURA 27/02/2014 / PÚBLICO
O parque subterrâneo, na
Praça D. Luís I, foi inaugurado esta quinta-feira.
Lisboa ganhou esta quinta-feira um novo parque de
estacionamento subterrâneo, com 202 lugares, junto ao Cais do Sodré. No parque
é possível apreciar alguns dos vestígios arqueológicos que foram descobertos
durante a sua construção, incluindo ânforas e peças de cerâmica romanas.
A construção desta infra-estrutura, localizada na Praça D.
Luís I, começou em 2010 mas só agora ficou concluída. José Tavares da Silva,
presidente do conselho de administração da Empark, a empresa com quem a Câmara
de Lisboa celebrou um contrato de gestão do espaço por 55 anos, lembrou que
esta obra “teve algumas vicissitudes, decorrentes dos achados arqueológicos
encontrados”.
Como o PÚBLICO noticiou em 2012, no local foram descobertas
uma grade de maré do século XVII (para reparação naval ou lançamento de
embarcações) e partes de um navio dessa época, além de uma escadaria e um
paredão do Forte de S. Paulo (século XVII), parte do Cais da Casa da Moeda
(século XVIII) e fornalhas da Fundição do Arsenal Real (século XIX). Mais tarde
os arqueólogos encontraram também um fundeadouro romano (um local de ancoragem
de embarcações) usado entre os séculos I a.C. e V d.C., uma madeira de uma
embarcação, meia centena de ânforas e peças de cerâmica.
O parque de estacionamento agora inaugurado tem quatro
pisos, em cada um dos quais é possível ver alguns dos materiais descobertos
durante as escavações, bem como instrumentos utilizados pelos arqueólogos nos
seus trabalhos. Esses objectos, devidamente legendados, encontram-se expostos
em vitrines de vidro, nas escadas de acesso a peões em cada um dos andares e
numa zona contígua ao elevador no piso -1.
Na abertura desta infra-estrutura marcaram presença o
vereador Manuel Salgado, da maioria, e Fernando Seara, do PSD. O presidente da
Câmara de Lisboa, António Costa, esteve ausente, embora na placa que foi
descerrada na ocasião constasse o seu nome.
No seu discurso, Manuel Salgado lembrou as dificuldades
desta obra, que segundo a Empark teve um custo de seis milhões de euros. Entre
elas, elencou o vereador do Urbanismo e da Reabilitação Urbana, os trabalhos
arqueológicos mas também “a conjuntura, que é extremamente adversa para as
empresas de construção”. Foi, admitiu, uma empreitada “extremamente penosa”
para os residentes e comerciantes da zona, “pelo tempo que acarretou”.
O autarca sublinhou que está é “uma obra particularmente
importante”, da qual poderão beneficiar “várias actividades” da área do Cais do
Sodré. Até porque, disse, permitiu uma “melhoria da qualidade do espaço
público”.
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