sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Pais das vítimas do Meco apresentam queixa-crime contra Lusófona e dux. Lusófona “tranquila” perante queixa-crime anunciada pelos pais das vítimas do Meco


Pais das vítimas do Meco apresentam queixa-crime contra Lusófona e dux
MARIA JOÃO LOPES 14/02/2014 - 22:42 in Público
Advogado diz que as famílias entendem que há “matéria criminal” e que universidade devia “controlar” o COPA

Os pais das seis vítimas, que morreram na praia do Meco, decidiram que vão apresentar para a semana uma queixa-crime contra a Universidade Lusófona, onde os jovens estudavam, e contra o único sobrevivente daquela madrugada, João Gouveia, que era o dux, o responsável máximo na hierarquia da praxe académica.

O advogado das famílias, Vítor Parente Ribeiro, disse ao PÚBLICO que esta decisão tomada nesta sexta-feira baseou-se não só no facto de não ter ainda chegado resposta sobre o pedido para os pais se tornarem assistentes no processo, mas também porque os familiares recolheram uma “série de elementos” que entendem ser “matéria criminal”.

Entre estes elementos estão, segundo o advogado, alguns revelados pela TVI e que dão conta da existência de documentos escritos por uma das vítimas que revelam que 10 pessoas, e não sete, seriam esperadas no fim-de-semana do Meco. De acordo com esses documentos, algumas dessas pessoas já teriam mesmo pago despesas relativas ao fim-de-semana. A mesma jovem terá deixado escritas referências a um fim-de-semana na Serra da Arrábida, no qual apenas duas das vítimas do Meco terão participado, e para o qual estariam a ser planeadas praxes como rastejar, andar pela serra, pelo cemitério e comer comida de gato, além da alusão a álcool.

O advogado garante que, além destes documentos, existem “outros do mesmo teor” e sobre o mesmo “tipo de práticas”. Estes dados fazem os pais das vítimas acreditarem que o que se passou não foi um acidente, mas “uma praxe que correu mal” e que aconteceu durante esse fim-de-semana que juntou elementos do Conselho Oficial da Praxe Académica (COPA).

Para além de João Gouveia, a queixa-crime dirige-se também à Universidade Lusófona. Segundo Vítor Parente Ribeiro, os familiares entendem que é a “entidade a quem compete controlar estes organismos [COPA]”, que existem no seio “da própria universidade” e que “tem conhecimento da sua existência”.

A Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal já realizou a reconstituição do cenário de tragédia. A diligência, de acordo com o que fonte da PJ confirmou ao PÚBLICO, foi feita na madrugada desta sexta-feira.

Os investigadores estiveram no areal e na casa que os jovens tinham arrendado em Aiana de Cima. A reconstituição terá sido feita com base em informações prestadas pelo sobrevivente, que já foi ouvido pela polícia enquanto testemunha. A PJ realizou diligências durante duas horas na praia para tentar perceber as circunstâncias em que morreram os dois rapazes e quatro raparigas. Gouveia continua a rejeitar que as mortes estão relacionadas com ritual de praxe, assegurando que tudo não passou de um acidente.

A Lusófona marcou para ontem uma missa em memória dos jovens, mas a maioria dos familiares não compareceu. com Lusa


Lusófona “tranquila” perante queixa-crime anunciada pelos pais das vítimas do Meco
MARISA SOARES 15/02/2014 – in Público

Vice-reitor pede "serenidade" e menos ruído em torno do caso, e diz que vai aguardar o desenrolar do processo sem preocupações.

O vice-reitor da Lusófona, Carlos Poiares, garantiu nesta sexta-feira à noite que a universidade está “tranquila” perante o anúncio feito pelo advogado dos familiares dos seis estudantes que morreram na praia do Meco, de que vão apresentar uma queixa-crime contra a instituição. O responsável, que admitiu à TSF ter sido apanhado de surpresa, considera que há demasiado ruído em torno do caso.

“A universidade está tranquila, as pessoas são livres em Portugal de intentar acções judiciais, criminais, cíveis, de qualquer espécie ou natureza”, disse Carlos Poiares à TSF nesta sexta-feira à noite. Os pais dos estudantes decidiram apresentar queixa-crime na próxima semana contra a universidade e contra o dux João Gouveia, único sobrevivente da tragédia. “Quem invoca um facto deve prová-lo”, reage o vice-reitor.

“Nós aguardamos sem qualquer espécie de preocupação. Este caso preocupa-nos muito e a toda gente, pelas mortes que existiram, e pelos danos que aconteceram a nível psicológico, das famílias dos falecidos, mas também da vítima sobrevivente”, declarou, acrescentando que “não há qualquer comentário mais a fazer”.

O advogado das famílias, Vítor Parente Ribeiro, disse ao PÚBLICO que a decisão, tomada na sexta-feira, baseou-se não só no facto de ainda não haver uma resposta sobre o pedido para os pais se tornarem assistentes no processo, entregue há 12 dias no Tribunal de Almada, mas também porque os familiares recolheram “uma série de elementos” que entendem ser “matéria criminal”.

Entre eles estão, segundo o advogado, alguns revelados pela TVI, que dão conta da existência de documentos escritos por uma das vítimas que revelam que dez pessoas, e não sete, seriam esperadas no fim-de-semana do Meco. A mesma jovem terá deixado escritas referências a um fim-de-semana na Serra da Arrábida, no qual apenas duas das vítimas do Meco terão participado, e para o qual estariam a ser planeadas praxes como rastejar, andar pela serra, pelo cemitério e comer comida de gato, além da alusão a álcool.

Vice-reitor pede "serenidade" e menos ruído
Segundo Vítor Parente Ribeiro, os familiares entendem que a Lusófona é a “entidade a quem compete controlar estes organismos [COPA]”, que existem no seio “da própria universidade” e que “tem conhecimento da sua existência”.

“Não vou comentar o que o advogado diz porque a lei até proíbe de fazer comentários sobre processos em curso”, afirmou Carlos Poiares. O vice-reitor entende que há demasiado ruído em torno do caso. “Acho que o momento é de mantermos serenidade e de evitarmos uma certa poluição que tem existido em torno deste assunto. Pela minha parte vou remeter-me ao silêncio”, rematou.

Neste sábado passam exactamente dois meses sobre o acidente que vitimou, na madrugada de 15 de Dezembro, seis jovens estudantes da Universidade Lusófona, que terão sido arrastados por uma onda na praia do Moinho de Baixo. A PJ de Setúbal já realizou a reconstituição do cenário de tragédia. A diligência, de acordo com o que fonte da PJ confirmou ao PÚBLICO, foi feita na madrugada desta sexta-feira.

Os investigadores estiveram no areal e na casa que os jovens tinham arrendado em Aiana de Cima. A reconstituição terá sido feita com base em informações prestadas pelo sobrevivente, que já foi ouvido pela polícia enquanto testemunha.


A PJ realizou diligências durante duas horas na praia para tentar perceber as circunstâncias em que morreram os dois rapazes e quatro raparigas. João Gouveia continua a rejeitar que as mortes estão relacionadas com ritual de praxe, assegurando que tudo não passou de um acidente.


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