Política de remunerações é da responsabilidade dos accionistas
|
Por Lusa
06/04/2013 in Público
David Cameron no Metro de Londres ... sem lugar sentado |
O presidente executivo da EDP, António Mexia, recebeu 1,2 milhões de euros em 2012, a que se soma o prémio plurianual relativo ao mandato dos três anos anteriores, num total de 3,1 milhões de euros, segundo a EDP.
No relatório e contas anual da EDP enviado à Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), a eléctrica dá conta de que a remuneração fixa de António Mexia foi de 714.572 euros em 2012: 99.571 euros até 20 de Fevereiro, ocasião em que mudou o conselho de administração, e cerca de 615 mil euros a partir dessa data.
O presidente executivo da empresa recebeu ainda 480 mil euros no ano passado em remuneração variável anual, relativa a prémios em função do desempenho da empresa.
A estes valores somam-se mais 1,9 milhões de euros que Mexia recebeu em 2012, não em remunerações relativas ao ano passado, mas resultantes da atribuição de um prémio plurianual inerente ao mandato de 2009/2011. Tudo somado, o valor atinge os 3,1 milhões de euros.
Fonte oficial da EDP disse à agência Lusa que "a política de remunerações da EDP é definida pelos seus accionistas com base numa análise comparativa nacional e internacional e numa perspectiva de sustentabilidade económica e financeira da empresa".
"Esta política de remunerações leva em conta um conjunto de critérios de desempenho internos e externos, tendo como base as melhores práticas internacionais. De realçar que o prémio plurianual diz respeito aos anos de 2009, 2010 e 2011 e isso tem em conta toda a actividade internacional de todas as empresas do grupo EDP" (EDP-Energias do Brasil, EDP Renováveis), explicou a mesma fonte.
De acordo com o relatório da eléctrica, o montante global bruto das remunerações pagas aos membros dos órgãos de administração e fiscalização da EDP, no exercício de 2012, rondou os 18 milhões de euros.
Em Março, a EDP apresentou os resultados anuais relativos a 2012, tendo fechado o ano com lucros de 1.012 milhões de euros, menos 10% do que no ano anterior.
"Temos que aprender a dar mais e a pedir menos", |
António Mexia diz que fez por merecer os 3,1 milhões
6 ABRIL, 2010 in http://www.esquerda.net/content/ant%C3%B3nio-mexia-diz-que-fez-por-merecer-os-31-milh%C3%B5es
O presidente da EDP responde às críticas, dizendo que não ganha "nem de longe nem de perto o ordenado mais alto do PSI20". A empresa quer cortar nos prémios anuais para aumentar os bónus plurianuais.
António Mexia afirma que o valor recebido em 2009 em prémios é justificado porque "o que está em causa é que ultrapassámos os objectivos definidos em 2006, 2007 e 2008. Foram definidos objectivos ambiciosos e difíceis de atingir para a maioria das pessoas e que foram ultrapassados".
"Se não tivéssemos atingido esses objectivos, a pergunta nem se colocaria, e isso é que é pena", disse ainda o presidente da EDP, acrescentando que "as pessoas devem ser confrontadas quando não conseguem entregar aos accionistas o que é suposto e não quando entregam muito mais do que é suposto".
As declarações de Mexia surgem na sequência do escândalo causado pela sua remuneração à frente duma empresa onde o Estado é o principal accionista, numa altura em que o governo propõe medidas de austeridade para os mais pobres.
O deputado socialista António José Seguro considerou "obscenos" os rendimentos recebidos por Mexia. "Em fase de enormes dificuldades e de exigência de sacrifícios aos portugueses, é incompreensível como se atingem estes valores remuneratórios. É uma imoralidade!", exclamou Seguro, lembrando que a EDP é a empresa mais endividada do mercado de capitais português com 14,007 mil milhões de euros (mais 117 milhões do que em 2008).
Também o secretário de Estado da Energia e Inovação, Carlos Zorrinho, defendeu esta terça-feira que "num momento de crise como este que estamos a viver, se deve repensar, de forma global, como são estabelecidas as remunerações" destes administradores, escusando-se a comentar o caso de Mexia, que estava ao seu lado a apresentar o projecto InovCity em Évora, juntamente com o primeiro-ministro José Sócrates.
Tirando a passagem pelo Grupo Espírito Santo, António Mexia fez toda a sua carreira nos negócios em empresas com participação estatal, muitas vezes por nomeação política, para além de ter participado nos governos de Cavaco Silva e Santana Lopes. No entanto, Mexia assume-se como um liberal e foi um dos promotores da iniciativa "Compromisso Portugal", que defendia justamente a saída do Estado do capital das empresas onde ainda se mantém.
Na sua mensagem aos membros do Compromisso Portugal, Mexia defendeu que a "ambição que é hoje obrigatória para Portugal" exige "sacrifícios no curto prazo por forma a obter vantagens no médio prazo, devendo esta geração evitar carregar inutilmente as próximas".
"Temos que aprender a dar mais e a pedir menos", aconselhava o então presidente da Comissão Executiva da GALP Energia, ainda antes de aceitar o convite de Santana Lopes para entrar no governo. Quando o governo caiu, foi a vez de Mexia convidar Santana para o cargo de assessor jurídico na EDP.
2 comentários:
E voltamos à historia - que já foi desmentida - de santana ser assessor da edp... uma mentira repetida muitas veses transforma-se numa veradade
Depois de ler esta tese de mestrado em torno de António Mexia, fiquei severamente preocupado com o valor miserável que Jorge Coelho ganhou na Mota-Engil - eram só 634 mil. E de Mário Lino que acumulou o cargo de presidente do conselho fiscal da Fidelidade Mundial e da Império Bonança, entre TANTOS outros.
Felizmente nenhum destes cargos foi sugerido por Pedro Santana Lopes
Enviar um comentário