Merkel avisa Cameron de que se
aproxima de "ponto de não retorno" em relação à UE
ANA FONSECA
PEREIRA 02/11/2014 - PÚBLICO
Revista Der Spiegel noticia que a chanceler alemã prefere saída do Reino
Unido a mexer no princípio da livre circulação de pessoas dentro do espaço
comunitário.
A chanceler
alemã, Angela Merkel, teme que o Reino Unido se esteja a aproximar de um “ponto
de não retorno” nas suas relações com a União Europeia ao insistir na intenção
de restringir a entrada de cidadãos de outros Estados-membros e terá mesmo
avisado o primeiro-ministro, David Cameron, de que prefere que o país abandone
a união a aceitar limites ao princípio da livre circulação.
É a revista alemã
Der Spiegel quem dá conta do endurecimento da posição alemã em relação às
derivas eurocépticas de David Cameron, o líder conservador cada vez mais
acossado pelos antieuropeus do UKIP – o Partido da Independência prepara-se
para eleger o seu segundo deputado, numa eleição intercalar marcada para 20 de
Novembro.
Esta é a
“primeira vez” que Merkel admite a possibilidade real de o Reino Unido
abandonar a UE, escreve a revista na edição que sairá para as bancas nesta
segunda-feira. Até agora, a chanceler alemã tinha-se mostrado aberta a discutir
algumas das exigências feitas por Cameron, que pretende renegociar as condições
da participação britânica na UE a tempo do referendo que prometeu organizar,
caso seja reeleito nas legislativas do próximo ano.
Mas depois de o
UKIP ter vencido as eleições europeias de Maio, após uma campanha que teve como
principal alvo o aumento da imigração oriunda dos países mais pobres da UE,
Cameron endureceu fileiras, anunciando que iria propor medidas para limitar o
direito de livre circulação na UE. Segundo a imprensa, uma das ideias em cima
da mesa é a de limitar a emissão de números de segurança social aos
recém-chegados com baixas qualificações.
A Comissão
Europeia criticou de imediato o projecto e, segundo a Spiegel, Merkel terá
informado Cameron na última cimeira europeia que qualquer proposta para limitar
a liberdade de circulação violará um dos princípios fundamentais sob os quais a
UE assenta. Neste domingo, o jornal Sunday Times noticiou que o Downing Street
abandonou o plano numa tentativa para aplacar a fúria de Berlim, mas estuda
agora uma proposta para “levar aos limites” as regras europeias, ordenando a
saída dos cidadãos comunitários que, três meses após chegarem ao país, não
tenham trabalho nem meios de subsistência”.
A Spiegel, que
faz também referência à nova proposta, escreve que Merkel está, no entanto,
muito pouco receptiva a qualquer plano para limitar a circulação de pessoas no
espaço europeu. “Se Cameron persistir, a chanceler abandonará os seus esforços
para manter o Reino Unido na UE. Com isso, teremos chegado a um ponto de não
retorno e será o fim”, disse à revista uma fonte do Governo federal.
A hipotética
saída do Reino Unido seria um acontecimento sem precedentes na história da
união e, apesar da pressão dos parceiros, não há qualquer indício de que outro
Estado-membro queira forçar Londres a bater com a porta. O próprio David
Cameron diz defender a permanência do Reino Unido na UE, mas exige cedências da
parte dos parceiros – nunca admitiu que fará campanha pelo “não” no caso de não
conseguir as reformas que defende, mas essa é uma possibilidade em aberto.
Confrontado com a
notícia da Der Spiegel , um porta-voz de Downing Street não confirmou o teor
das conversas entre Merkel e Cameron, limitando-se a reafirmar que “o
primeiro-ministro fará o que é certo para o Reino Unido e repetidamente tem
deixado isso claro.
Angela Merkel warns David Cameron over freedom of
movement
German chancellor
rejects UK
prime minister’s demands for a cap on unskilled migrants, according to Der
Spiegel newspaper
Rowena Mason and Philip Oltermann
The Guardian, Sunday 2 November 2014 / http://www.theguardian.com/world/2014/nov/02/angela-merkel-warns-david-cameron-german-chancellor-uk-prime-minister-unskilled-migrants
David Cameron has been warned by German
chancellor Angela Merkel that she would rather see the UK leave the European Union than
change freedom of movement rules, according to reports.
Over the weekend, the Sunday Times also
reported that the prime minister has dropped plans for quotas in a bid to
placate the Germans and that Cameron is now looking at whether the government
can ask EU immigrants to leave the country unless they can support themselves
within three months of arriving in the UK .
Asked whether the Der Spiegel report was an
accurate account of the encounter between Cameron and Merkel, a Number 10
official would only say: “The prime minister will do what is right for Britain as he
has repeatedly made clear.”
However, a spokesman for the German
chancellor indirectly confirmed Der Spiegel’s report by reiterating a statement
Merkel had made at a press conference after the recent EU summit: “Germany does
not want to touch the basic principle of free movement of persons within the
EU.”
Merkel’s reported arguments were backed up
on Sunday by Ken Clarke, the senior Tory MP and former cabinet minister, who
said free movement of labour was “absolutely essential” to the whole concept of
a single market.
He told the BBC’s Sunday Politics: “Not
only is that one of the principles of the EU, it’s the basis of any serious
single market. The Norwegians, who eurosceptics admire, they accept the free
movement of labour. They’ve got a bigger proportion of other EU nationals in their
country compared with their own nationals than we have.
“If you want to be in the single market, if
you want to be a modern economy then the free movement of labour is essential,
but free movement of labour shouldn’t be abused.”
It comes amid speculation that Cameron is
rowing back from his focus and tough language on immigration amid fears that
the Conservatives will never be able to go as far as Ukip supporters want. Jim
Messina, a US
election strategist who worked on Barack Obama’s campaign, is said to have told
a Tory awayday on Friday that every moment the party is not talking about the
economy between now and the election is wasted.
However, Boris Johnson will keep to the
subject of immigration on Monday, as he backs a report by the Commonwealth
Exchange calling for more immigration from Commonwealth countries instead of so
much from the EU.
In his foreword, he will say: “We should
welcome the brightest and the best from a wider range of countries.
“As we re-examine our relationship with the
EU, we have a vital opportunity to recast our immigration system in just this
way. And the first place to start is with the Commonwealth.”
The issue of immigration is also tricky for
Labour. Over the weekend, Ian Austin, a former aide to Gordon Brown and MP for
Dudley North, called on his party to “be honest” and “say sorry” for opening
the borders to eastern Europeans in 2004.
The row is the latest piece of
Europe-related bad news for Cameron in recent days: last week he suffered a
double blow when a parliamentary bill to establish an EU membership referendum
by the end of 2017 collapsed, and a key UK
ally told Britain to accept
a demand from Brussels
to pay an extra £1.7bn.
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