The
Canadian prime minister, Justin Trudeau, has confirmed intelligence suggests a
Ukrainian jet which crashed in Tehran on Wednesday was downed by an Iranian
missile.
Trudeau has
demanded there be a thorough investigation into the incident which killed 176
people including around 30 Canadian citizens
Avião terá sido derrubado com míssil iraniano. New York Times mostra vídeo do momento
Avião terá sido derrubado com míssil iraniano. New York Times mostra vídeo do momento
O
primeiro-ministro canadiano diz que há provas desta tese e o jornal
norte-americano obteve um vídeo que, alegadamente, a demonstra. O avião da
Ukraine International Airlines despenhou-se na quarta-feira, em Teerão, matando
176 pessoas. No mesmo dia, duas bases aéreas iraquianas foram atingidas com
mísseis iranianos.
Filipa Almeida
Mendes e Inês Chaíça 9 de Janeiro de 2020, 17:19 actualizado a 9 de Janeiro de
2020, 23:01
O
primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, disse, esta quinta-feira à noite,
que as provas reunidas até agora pelo seu Governo indicam que um míssil
iraniano provocou a queda do avião da Ukraine International Airlines e que o
ataque “pode ter sido não intencional”. O New York Times divulgou um vídeo,
obtido em exclusivo, que mostra o momento em que o avião terá sido atingido por
um míssil.
O vídeo mostra o
avião a ser atingido minutos depois de ter descolado do aeroporto de Teerão. O
New York Times verificou a localização em que o vídeo foi gravado e cruzou com
dados referentes ao local a partir do qual o transponder (um dispositivo de
comunicação electrónico) do avião emitiu o último sinal.
Sem entrar em
detalhes, Justin Trudeau avançou, em conferência de imprensa, que, ao que tudo
indica, o avião ucraniano foi abatido por um míssil terra-ar. “As evidências
reunidas pelos serviços de inteligência [canadianos e aliados] sugerem, de
forma clara, uma causa possível e provável para o acidente”, sublinhou.
Para o
primeiro-ministro canadiano, as provas de que o Canadá dispõe apenas vêm
reforçar a necessidade de uma investigação completa sobre o desastre. “É agora
mais importante do que nunca saber exactamente como é que esta tragédia
aconteceu. Os canadianos querem respostas. Isso significa transparência,
responsabilização e justiça”, concluiu Trudeau.
O
primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também confirmou, horas mais tarde,
que existe um “corpo de informação” que indica que o avião ucraniano “foi
abatido por um míssil terra-ar iraniano”, disse em comunicado citado pelo
Guardian. Johnson fez ecoar as palavras
de Trudeau ao sugerir que o ataque poderá ter sido acidental.
Boris Johnson
adiantou ainda que quatro cidadãos britânicos morreram no desastre, um número
superior ao anteriormente avançado pela companhia aérea. Segundo o
primeiro-ministro britânico, o Reino Unido está a acompanhar a investigação “de
perto”, junto com o Canadá e parceiros internacionais, para averiguar o que
esteve na origem da queda do avião.
EUA defendem tese
de ataque com míssil
Ao final da tarde
desta quinta-feira, fontes dos serviços secretos dos Estados Unidos, citadas
pela rede de televisão norte-americana CBS, tinham já avançado que o avião da Ukraine
International Airlines que caiu, na quarta-feira, em Teerão, poderia ter sido
abatido acidentalmente por um míssil iraniano.
Segundo esta
tese, avançada também por outros meios de comunicação social, a aeronave poderá
ter sido derrubada acidentalmente, após os sistemas antimísseis iranianos terem
sido activados no seguimento dos ataques a duas bases aéreas iraquianas, onde
estão posicionadas forças norte-americanas, na madrugada de quarta-feira.
Fontes ouvidas
pela CBS indicam que os serviços secretos dos Estados Unidos terão captado
sinais de um radar a ser ligado e satélites norte-americanos terão detectado
também o lançamento de dois mísseis terra-ar, pouco antes de o avião ucraniano
ter explodido. De acordo com a mesma estação, componentes de mísseis poderão
ainda ter sido encontrados junto ao local onde o avião se despenhou.
Esta quinta-feira,
Donald Trump tinha já afastado (antes das declarações de Trudeau) a hipótese de
um problema mecânico ter estado na origem da queda do avião. “Alguém pode ter
cometido um erro do outro lado”, afirmou Trump na Casa Branca. O Presidente
norte-americano disse ainda ter as suas “suspeitas” sobre o que aconteceu ao
avião. “[O avião] Estava a sobrevoar um bairro complicado. Podem ter cometido
um erro. Algumas pessoas dizem que foi mecânico. Eu, pessoalmente, acho que
isso nem sequer é uma questão”, afirmou Trump.
As autoridades
iranianas garantiram, por sua vez, que a teoria dos Estados Unidos “não faz
sentido”. “Vários voos domésticos e internacionais voam ao mesmo tempo no
espaço aéreo iraniano à mesma altitude de 8000 pés, e essa história de ataque
com mísseis (…) não podia estar mais incorrecta”, indicou o Ministério dos
Transportes iraniano, em comunicado citado pela Lusa.
“Esses rumores
não fazem qualquer sentido”, prosseguiu o presidente da Organização de Aviação
Civil iraniana (CAO) e vice-ministro dos Transportes, Ali Abedzadeh.
Ali Abedzadeh
revelou ainda que “o Irão e a Ucrânia têm os meios para descarregar as informações”
que as caixas negras contêm. “Mas, caso sejam necessárias medidas mais
especializadas para extrair e analisar as informações, podemos fazê-lo em
França ou em outros países”, afirmou o representante iraniano, depois de Teerão
ter sido acusado de recusar o acesso às caixas negras do avião ao fabricante
norte-americano Boeing. O ministério rejeita “os rumores sobre a resistência do
Irão em dar as caixas negras (…) aos Estados Unidos”, embora não desminta
explicitamente tais informações.
Ambas as caixas
negras do avião foram recuperadas, mas, como estão muito danificadas, uma parte
da memória perdeu-se. Na quarta-feira, Ali Abedzadeh afirmou que o conteúdo das
caixas negras não seria partilhado com “a construtora e os americanos”. “Este
acidente vai ser investigado pela organização iraniana de aviação, mas os
ucranianos também poderão estar presentes”, disse na altura.
De acordo com a
lei internacional, a responsabilidade da investigação recai sobre as
autoridades iranianas. Apesar disso, referiu Abedzadeh citado pela BBC, as
informações preliminares foram partilhadas com a Ucrânia e seriam enviadas para
os EUA, onde se situa a sede da Boeing. A Suécia e o Canadá também as
receberam.
A queda do avião
ucraniano provocou a morte das 176 pessoas que seguiam a bordo. Segundo o
relatório preliminar da Organização de Aviação Civil iraniana, tornado público
nesta quinta-feira, o avião estaria a voltar para o aeroporto quando o acidente
aconteceu.
Apesar do
relatório das autoridades iranianas, Oleksii Danilov, dirigente do conselho de
segurança nacional ucraniano, apontou quatro cenários possíveis: para além da
tese de avaria, o avião pode ter colidido com um drone, ter sido alvo de uma
acção terrorista ou abatido por um míssil.
Esta última
teoria, disse Danilov no Facebook, foi traçada com base em imagens que circulam
na internet e cuja veracidade não foi ainda confirmada. Nessas imagens,
encontraram-se supostos destroços de um míssil russo no local onde o avião se
despenhou.
“A nossa comissão
de investigação está em conversas com as autoridades iranianas para agendar uma
visita ao local da queda e está determinada na procura por fragmentos de um
míssil Tor russo, sobre o qual circula informação na internet”, afirmou o
dirigente ao site Censor.net, que a Reuters cita.
O acidente
aconteceu horas depois de o Irão ter lançado mísseis balísticos contra bases
norte-americanas no Iraque, fazendo escalar a tensão entre Teerão e Washington.
Ao longo de quarta-feira, começou-se a especular sobre a possibilidade de o
avião ter sido atingido por esses mísseis. No entanto, na manhã desta
quinta-feira, pelo menos cinco fontes (três americanas, uma europeia e uma
canadiana, todas ligadas à área da segurança aérea) tinham afirmado à Reuters
que o avião não tinha sido abatido.
O piloto da
aeronave, que seguia com destino a Kiev, não tentou comunicar com o aeroporto e
não pediu ajuda, detalha o relatório preliminar das autoridades iranianas.
Segundo o mesmo documento, que cita várias testemunhas no local para
reconstruir o que aconteceu, o avião, que desapareceu dos radares a 2440 metros
de altitude, já estaria em chamas imediatamente antes de se despenhar.
Quem seguia a
bordo?
Segundo a
companhia aérea, seguiam a bordo 82 iranianos, 63 canadianos, dez suecos,
quatro afegãos, três alemães e três britânicos, o que indica que muitas das
vítimas poderiam ter dupla nacionalidade. Segundo fonte citada pelo Guardian,
24 tinham dupla nacionalidade (iraniana e canadiana). No entanto, o relatório
iraniano apresenta números diferentes.
Muitas das
vítimas canadianas estariam de regresso a casa após terem ido passar férias ao
Irão. A vítima mais nova tinha um ano e a mais velha 70. O avião fazia a rota
Teerão – Kiev – Toronto, popular entre os canadianos de ascendência iraniana
que visitavam o Irão, uma vez que não existem voos directos entre Canadá e
Irão.
tp.ocilbup@sednem.apilif
tp.ocilbup@aciahc.seni
Sem comentários:
Enviar um comentário