André Ventura
“propõe” que Joacine “seja devolvida ao seu país de origem”. Livre acusa-o de
racismo
Líder do Chega
fez comentário na página de Facebook. Partido de Joacine Katar Moreira denuncia
ataques de índole racista de Ventura e “Chicão”, novo dirigente do CDS-PP.
Bloco quer que AR condene declarações.
Miguel Dantas 28
de Janeiro de 2020, 18:23
Num comentário
publicado no Facebook a uma das propostas de alteração ao Orçamento do Estado
2020 do Livre, André Ventura sugere que a deputada Joacine Katar Moreira “seja
devolvida ao seu país de origem”. O líder do partido de extrema-direita Chega
reagia assim à medida apresentada pelo Livre para que o património das
ex-colónias portuguesas que esteja na posse de museus e arquivos nacionais
possa ser identificado, reclamado e restituído às comunidades de origem. O
partido de Joacine criticou com veemência as declarações de Ventura e o Bloco
de Esquerda acrescentou que este “acto exige de todos uma frontal condenação”.
Na sua
publicação, Ventura acrescenta que a “devolução” da deputada do Livre, natural
da Guiné-Bissau, seria mais tranquila para “todos”, incluindo o partido pelo
qual Joacine foi eleita — uma referência à tensão vivida nos últimos dias entre
a deputada e a direcção do Livre. O PÚBLICO contactou André Ventura, que
explicou que a linguagem usada “é obviamente irónica” (não estava a referir-se
a uma deportação física) e que a intenção é demonstrar que “quem
permanentemente ataca a história de Portugal, se calhar, não está cá a fazer
nada”.
“Nesse sentido,
tudo o que nós investimos nas nossas colónias, deveria ser devolvido”,
acrescentou.
A deputada do
Livre também usou o Facebook para responder ao dirigente do Chega. "Não é
‘deportada’, é ‘deputada'”, ironizou Joacine Katar Moreira, num post entretanto
apagado.
Em resposta à
publicação de André Ventura, o partido Livre denuncia “ataques de carácter e
referências de índole racista por parte de deputados e dirigentes partidários
da direita” dirigidos a Joacine Katar Moreira, apontando o dedo ao Chega mas
também ao CDS-PP. Classificando como “deploráveis e racistas” as palavra de
André Ventura, o partido de Joacine visa ainda as declarações “sexistas e deselegantes”
de Francisco Rodrigues dos Santos, “Chicão”, novo dirigente do CDS-PP, que
disse que no seu partido “não há Joacines”, dando a entender que não retirará a
confiança política à actual líder parlamentar, Cecília Meireles.
“O LIVRE não pode
deixar de repudiar veementemente esses ataques e o uso de uma linguagem
depreciativa e difamatória, que perpetua estigmas racistas e sexistas na
sociedade portuguesa”, escreve o partido.
Na sequência das
declarações de André Ventura, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro
Filipe Soares, escreveu no Twitter: “André Ventura pede a deportação de Joacine
Katar Moreira, expressão de racismo e falta de noção democrática. Este acto
exige de todos uma frontal condenação. É isso que proporemos ao Presidente da
Assembleia da República e a todos os parlamentares.”
Pedro Filipe
Soares
@PedroFgSoares
André Ventura
pede a deportação de Joacine Katar Moreira, expressão de racismo e falta de
noção democrática.
Este ato exige de
todos uma frontal condenação.
É isso que
proporemos ao Presidente da Assembleia da República e a todos os
parlamentareshttps://www.sabado.pt/portugal/amp/andre-ventura-propoe-deportacao-da-deputada-joacine-katar-moreira
…
André Ventura
propõe deportação da deputada Joacine Katar Moreira - Portugal - SÁBADO
Líder do Chega
reagiu a uma proposta do Livre para que o património das ex-colónias em museus
seja devolvido às comunidades de origem. - Portugal , Sábado.
sabado.pt
482
18:56 - 28 de jan de 2020
Recentemente, no
Parlamento, André Ventura assumiu ter recebido uma contra-ordenação por causa
de uma publicação nas redes sociais. “Ainda há umas semanas eu próprio recebi
uma multa em casa por fazer uma publicação no Facebook. Mas que país é este que
multa pessoas por fazerem comentários no Facebook e que podem ter uma qualquer
interpretação racista?”, questionou o deputado perante a ministra da
Presidência, Mariana Vieira da Silva.
O comício do
Chega no Porto também levou a acusações de que o partido integra membros
pertencentes a grupos neonazis. Num vídeo recolhido durante o convívio, é
possível ver que, durante o hino nacional, um dos participantes faz a saudação
nazi em direcção a André Ventura. Confrontado pelo PÚBLICO, o líder do Chega
diz que “lamenta profundamente o incidente”, alegando que “é impossível
controlar" o comportamento de “centenas de pessoas”.
tp.ocilbup@satnad.leugim
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