ORDEM DOS
ENFERMEIROS
Número recorde:
mais de 4 mil enfermeiros pediram para emigrar
Ordem dos
Enfermeiros diz que subida é superior a 60% em relação a 2018. E fala em
“número recorde” de pedidos de certificado de equivalência para exercer no
estrangeiro.
Ana Maia 23 de
Janeiro de 2020, 13:25
É “um número
recorde”, afirma a Ordem dos Enfermeiros, de pedidos de declarações que lhes
chegou no ano passado para efeitos de emigração. E bem acima de qualquer número
desde 2010. No ano passado, os enfermeiros fizeram 4506 pedidos do certificado
de equivalência para exercer no estrangeiro, um número que mais que triplica em
relação a 2017 e representa um aumento de 64% face a 2018.
Os dados dos
primeiros seis meses de 2019 já deixavam adivinhar que o ano passado poderia
registar um número recorde de pedidos de declarações, tal como o PÚBLICO tinha
noticiado. “Face aos dados do primeiro semestre de 2019, que contabilizou 2321
pedidos de declarações, a Ordem já tinha alertado para a possibilidade de 2019
vir a registar a maior vaga de emigração de sempre, o que acabou por se
concretizar, e o ano fechou com números surpreendentes e além dos estimados”,
refere a Ordem dos Enfermeiros em comunicado.
Nessa altura, as
solicitações já eram quase tantas como as que foram feitas em todo o ano de
2018. Segundo dados da Ordem, nesse ano os enfermeiros pediram 2736 declarações
e em 2017 esse número foi de 1286. O valor mais alto, desde 2010, tinha sido
registado em 2014, em plena época de crise financeira, com 2850 pedidos de
declaração para efeitos de emigração.
Na nota à
comunicação social enviada esta quinta-feira, a bastonária Ana Rita Cavaco diz
que “este é um número preocupante, que diz muito sobre o estado da saúde em
Portugal e, em particular, sobre a forma como os profissionais são tratados”. A
ausência de contratação e as condições de trabalho são duas das questões que a
bastonária considera que pesaram nestes números.
“No estrangeiro,
os enfermeiros têm a formação e a especialidade pagas, têm, efectivamente, uma
carreira com diferenciação salarial, mas, acima de tudo, são reconhecidos e
acarinhados”, afirma ainda Ana Rita Cavaco.
Embora nem todos
os enfermeiros dêem indicação para que país pensam emigrar ou para o qual vão
emigrar — esta informação não é obrigatória —, há quem o faça. E, segundo os
dados disponíveis, Inglaterra continua a ser o principal destino, seguido de
Espanha e Suíça. No comunicado, a Ordem fala da estimativa de mais de mil
pedidos por ano que têm como destino o Reino Unido e salienta que “os Emirados
Árabes surgem já no sexto destino preferencial, assim como vários países fora
da Europa, como a China e o Qatar”.
No comunicado, a
Ordem afirma que “em Portugal, apesar de faltarem 30 mil enfermeiros, não há
contratação e, como tal, muitos profissionais acabam por emigrar”. A bastonária
tem pedido a contratação de três mil enfermeiros por ano para reforçar
sobretudo os hospitais.
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