TURISMO
Ibiza e Maiorca
proíbem o “turismo de bebedeiras e “excessos”
Governo das
Baleares proíbe tudo o que pode em zonas de risco e declara guerra a este
“tipo” de turismo: fim a “bares abertos,” happy hours, rali tascas turísticos.
E o balconing dá direito a expulsão. Há multas de mil a… 600 mil euros.
Luís J. Santos
Luís J. Santos 18
de Janeiro de 2020, 22:11
Os epicentros do
que o Governo das Baleares chama “turismo de excessos” vão mudar radicalmente:
há novas e apertadas regras para Praia de Palma e Magaluf em Maiorca e para o
chamado West End de Ibiza (a zona de San Antoni de Portmany). Na verdade, o
regulamento agora aprovado é uma longa lista de normas e punições que visa
trazer “civismo” a pontos destas ilhas espanholas que muitas vezes parecem
zonas de guerra (turística).
Estas áreas,
célebres precisamente por este “tipo” de turismo e por serem também “mecas” das
viagens de despedidas de solteiros e finalistas de toda a Europa, Portugal
incluído, passam a estar sob uma semi “lei seca” e sob uma chuva de proibições.
É “o primeiro regulamento para travar os excessos derivados do abuso de álcool
em zonas turísticas”, disse Iago Negueruela, responsável regional de Economia e
Turismo, citado pela RTVE, destacando a norma como “pioneira na Europa”. As
zonas em causa são particularmente dominadas por jovens turistas britânicos e
alemães.
Segundo uma nota
divulgada pelo Governo das Baleares, ficam proibidos os “bares abertos”, “happy
hours” ("e similares"), pub crawls (os “rali tascas” para turistas,
alguns deles com bebedeira garantida), a venda de bebidas alcoólicas nas lojas
das 21h30 às 7h, promoções que envolvam álcool ou a publicidade ao seu consumo
em estabelecimentos turísticos.
E proibidos ficam
também a “exibição de bebidas alcoólicas” e os autodispensadores, sendo obrigatório
vender álcool a preço unitário (é dizer: nada de vendas “a metro” ou por grosso
ao consumidor, nem sequer promoções compra-uma-bebe-outra e afins).
E mais: expulsão
dos turistas que pratiquem o perigoso balconing (salto entre varandas e destas
para piscinas, prática que com frequência causa feridos e mesmo mortos), ou
actividades perigosas similares.
Nem se fica por
aqui: não haverá novas licenças para “barcos de festas" (que passam a vida
a dar voltas às ilhas num mar de álcool) e os que existem terão actividade
limitada. E nenhum dos que existe poderá recolher clientes nas zonas-chave do
regulamento.
O documento
também inclui medidas para acabar com o “uso da mulher” para publicitar locais
turísticos e atrair clientes, avança o El País.
O regulamento
inclui tantas proibições e é tão detalhado que ninguém duvida de que se destina
a uma aplicação concreta, não sendo apenas para “inglês ver”. Bom exemplo é
esta regra: em hotéis em que o turista tenha comprado um “pack” com comidas e
bebidas - não faltam “todos incluídos” com bar aberto -, o cliente não poderá
consumir mais de três bebidas por comida e por pessoa, seja almoço, seja
jantar; nem sequer se podem transferir estes limites de consumo, o legislador
chega ao pormenor de especificar de que quem não bebeu os seus três ao almoço
não pode beber seis ao jantar...
Para uma lista
com tantas proibições há também, noticia o La Vanguardia, uma lista de multas à
medida, sempre a subir até valores quase proibitivos: conforme a infracção, de
leve a muito grave, assim a multa, de mil a... 600 mil euros.
As medidas,
válidas por cinco anos, segundo resume o Governo local, pretendem fomentar o
civismo, adoptar medidas de protecção do destino, evitar problemas originados
pelo consumo excessivo de álcool e, em termos globais, forçar uma mudança real
no modelo turísticos destes destinos.
Talvez por isso
mesmo esta nova “lei seca” tenha sido anunciada a poucos dias do início da Fitur,
a feira internacional de turismo de Madrid, uma das maiores da Europa e que
começa dia 22. Está visto que as Baleares, com as “estrelas” Ibiza e Maiorca à
cabeça, querem apresentar-se já muito mais sóbrias ao mundo.
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