quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

O que acontece a Joacine se o Livre aprovar retirada de confiança política?



O que acontece a Joacine se o Livre aprovar retirada de confiança política?

O partido diz que não se sente representado pela sua deputada e descreve um clima de tensão e confronto que recua à eleição da deputada. Livre está disposto a perder a representação parlamentar para não perder a identidade colectiva do partido.

Maria Lopes e Liliana Borges 16 de Janeiro de 2020, 22:21

Livre diz que Joacine Katar Moreira não está a representar os ideiais do partido

A confirmar-se a ruptura política entre Joacine Katar Moreira e o Livre, a deputada única eleita poderá cumprir o seu mandato até ao final da legislatura. Ou seja, mesmo que o partido aprove a moção da assembleia e lhe retire a confiança política, a deputada pode manter-se no Parlamento até 2023. Mas há consequências.

Por ser uma deputada única representante de partido (DURP) e não integrar um grupo parlamentar — que requer dois ou mais deputados eleito pelo partido —, Joacine Katar Moreira já tem alguns direitos limitados. Se passar a deputada não-inscrita, perderá outros.

Apesar de manter o direito a intervir durante um minuto na discussão de iniciativas legislativas, ao contrário de um DURP, Joacine Katar Moreira não poderá questionar o primeiro-ministro nos debates quinzenais. E em vez das três declarações políticas por ano dos DURP, só poderá fazer duas.

Além disso, verá também a capacidade de agendamento reduzida. Deixará de poder fixar, uma vez por ano, a ordem do dia de uma reunião plenária. Como deputada não-inscrita perde o direito a um dia em que só se discute o tema por si escolhido.

Se se concretizar a ruptura com Joacine Katar Moreira, além da representação parlamentar o Livre perderá recursos financeiros. Deixa de ter direito à subvenção anual para encargos de assessoria no valor líquido de 1764,8 euros por deputado eleito. O valor passa a ser usado pelo gabinete da deputada não-inscrita para pagar a assessoria e outras despesas.

Caso Joacine Katar Moreira decida renunciar ao mandato, o Livre pode substituí-la por Carlos Teixeira, o número dois da lista pelo círculo de Lisboa, pelo qual Katar Moreira foi eleita.

A decisão sobre a resolução da assembleia deverá ser tomada já no sábado, quando o congresso decidirá se a resolução é aprovada, rejeitada ou remetida à apreciação dos novos órgãos nacionais a eleger.

Em 2011, o próprio Rui Tavares esteve envolvido numa polémica com Francisco Louçã, então líder do Bloco de Esquerda, que acabou com o então eurodeputado eleito pelo Bloco a romper com o partido, mantendo-se no Parlamento Europeu na qualidade de independente.

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