“Nessas
declarações à imprensa ficou a saber-se também que o Livre pedirá uma reunião
ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, para reforçar a sua
intenção de o partido deixar de ser representado pela deputada. “A partir de
agora, Joacine Katar Moreira irá representar-se a ela própria”, salientou a
direcção.”
“A ausência de
Joacine Katar Moreira da reunião da assembleia para a qual foi convocada foi
mais uma prova de que não tem consideração pelo partido”, analisou um dos
dirigentes do Livre, Pedro Mendonça. Para o Livre, os papéis do divórcio foram
assinados por Katar Moreira.
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LIVRE
Livre aprova
retirada de confiança política a Joacine por maioria
A assembleia
extraordinária convocada pelos novos órgãos eleitos em congresso foi longa e só
terminou nesta sexta-feira de madrugada.
Liliana Borges e
Sónia Sapage 31 de Janeiro de 2020, 9:25
Não há volta a
dar: o Livre aprovou a retirada de confiança política a Joacine Katar Moreira.
A decisão sobre a deputada única eleita pelo partido para o Parlamento foi
tomada “por maioria” durante a madrugada desta sexta-feira, depois de a reunião
da assembleia do Livre se ter prolongado mais de oito horas, apurou o PÚBLICO.
Apesar dos esforços que as duas partes dizem ter feito, o divórcio foi mesmo
inevitável e o Livre opta assim por abdicar da sua representação parlamentar,
cessando a sua relação com a deputada eleita por Lisboa.
Dos 42 membros
eleitos para a assembleia do Livre, 26 transitaram dos antigos órgãos internos
do partido — com um historial de tensão com Katar Moreira —, o que tornou o
cenário de retirada de confiança política inevitável. Em declarações ao
PÚBLICO, Ricardo Sá Fernandes lamenta a decisão. “Lamento que um partido que
sempre quis lançar pontes entre a esquerda não seja capaz de fazer mais para
manter uma ponte com a sua única deputada”.
Joacine Katar
Moreira não esteve presente na reunião em que foi maioritariamente aprovada a
sua retirada de confiança política, por considerar que não foi convocada pelos
órgãos do partido, que têm uma versão distinta. O Livre marcou entretanto uma
conferência de imprensa para as 11h desta sexta-feira para dar conta das
conclusões da reunião.
Daniel Oliveira
@danielolivalx
Quando a
solidariedade contra o ataque de que foi alvo JKM ultrapassa as fronteiras
partidárias, o Livre reune-se burocraticamente para lhe retirar a confiança
política. Até acho que têm razões, mas haverá alguém naquele partido que pense
em timings e essas coisas menores?
A reunião,
agendada para as 20h, arrancou já depois das 20h45, quando o quórum para a
realização do encontro ficou preenchido, não só pelas presenças na sede do
partido, em Lisboa, mas também pelos vários membros que acompanharam e
participaram na discussão à distância, via videoconferência. Ainda que sem
direito de voto (exclusivo aos membros da assembleia), estiveram também
presentes na reunião membros do grupo de contacto (direcção).
À porta do número
5 da Praça Olegário Mariano, em Lisboa, a expectativa de ver Joacine Katar
Moreira crescia com a entrada e saída de membros do partido no prédio que serve
de morada à sede do Livre. E se as entradas na sede foram feitas em silêncio,
rapidamente os membros da assembleia do Livre fizeram saber que optariam por
reunir com “carácter reservado”, remetendo declarações sobre as decisões para
esta sexta-feira.
Ausente da
reunião esteve também uma das vozes que mais defendeu um entendimento entre as
duas partes quando já ninguém achava possível, o advogado Ricardo Sá Fernandes.
O reconduzido membro do conselho de jurisdição não compareceu à reunião por
considerar que a sua “comparência não foi solicitada”, como explicou ao
PÚBLICO, apenas lhe tendo sido dado conhecimento do encontro.
Ainda assim, Sá
Fernandes afirmava-se expectante em relação ao resultado da 44ª assembleia.
Antes da reunião, o advogado, que adoptou uma posição de moderador no último
congresso, mantinha o optimismo, repetindo que a ruptura “causaria muitos
estragos” ao partido. “Eu tenho a vantagem de ser cristão e sei que às vezes há
milagres”, concluía.
O diferendo entre
a deputada e os órgãos dirigentes do Livre tornou-se público logo no início da
legislatura, quando Joacine Katar Moreira se absteve e num voto de condenação
por “mais uma agressão israelita em Gaza” apresentado pelo PCP. Desde então, não
mais parou. Apesar da tensa relação com a direcção do partido, que se prolonga
quase desde o início da legislatura, Joacine Katar Moreira já garantiu estar
“completamente fora de questão” renunciar ao mandato e deixar o seu lugar na
Assembleia da República.
O Livre poderá
tornar-se no primeiro partido a ficar sem representação no Parlamento,
excluindo eleições, se Joacine Katar Moreira decidir passar a deputada
não-inscrita.
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