Obras na Praça de
Espanha complicam trânsito a partir de segunda-feira
Novo parque verde
da Praça de Espanha deverá estar concluído este ano, mas os próximos meses serão
complicados para quem vive e circula na zona. Moradores temem pressão viária
nas ruas interiores dos bairros e a perda de lugares de estacionamento.
Cristiana Faria
Moreira e João Pedro Pincha 9 de Janeiro de 2020, 21:34
Arrancam na
próxima segunda-feira as obras de reordenamento viário da Praça de Espanha, em
Lisboa. A empreitada está dividida em oito fases e tem duração prevista de um
ano. Durante este período haverá inúmeros condicionamentos de trânsito que
passarão, daqui a 15 dias, já pelo encerramento das vias que ligam
directamente, pelo meio da praça, a Avenida Calouste Gulbenkian à Avenida dos
Combatentes. No final da intervenção, serão criados dois cruzamentos em lugar
da actual rotunda.
A intervenção que
agora se inicia, e que começa por cortar a ligação que circunda a praça entre a
avenida Calouste Gulbenkian e a de Santos Dumont, tem como objectivo último
criar “um grande jardim” num espaço hoje em grande parte ocupado por carros.
A requalificação
da Praça de Espanha ficará a cargo do ateliê NPK – Arquitectos Paisagistas
Associados, que venceu o concurso internacional promovido pelo município, e
terá a água como elemento central. O riacho do Rego vai ser trazido à
superfície e, além de parque verde com “equipamentos infantis e juvenis, bancos
e bancadas”, aquela área com quase cinco hectares funcionará como bacia de
retenção e prevenção de cheias. Este parque terá ainda uma ligação, via ponte
pedonal, aos jardins da Fundação Gulbenkian.
Para o vereador
da Mobilidade, Miguel Gaspar, este “é indiscutivelmente um grande projecto para
a cidade”, que não criará apenas mais uma zona verde em Lisboa, mas provocará
também profundas alterações na circulação automóvel naquela zona. As obras
darão origem a um novo esquema viário, formado por dois grandes cruzamentos
entre as avenidas de Berna, Gulbenkian e António Augusto de Aguiar e entre as
avenidas Santos Dumont, Columbano Bordalo Pinheiro e Combatentes, desaparecendo
assim a actual rotunda.
Alteração da rede
viária na Praça de Espanha
Ora, apesar de
concordarem que o parque será uma mais-valia, os moradores receiam que as
mudanças na circulação acabem a causar mais pressão dentro dos seus bairros e
temem os impactos que os próximos meses de obras terão no seu dia-a-dia. Foram
essas preocupações que deixaram expressas perante o executivo municipal na
reunião descentralizada da autarquia que decorreu na noite de quarta-feira, com
muitas dúvidas sobretudo em relação à sobrecarga de trânsito que será
expectável na Avenida Santos Dumont.
“Esta [Av. Santos
Dumont] será uma via de escape para o trânsito que existirá na Avenida de
Berna”, disse um munícipe, lembrando que aquela é já uma zona “bastante
sobrecarregada”. “Estamos a falar de uma zona que tem tráfego automóvel,
ferroviário e aéreo. Já para não referir os níveis de poluição automóvel e
sonora”, notou, questionando assim o executivo sobre que medidas estão a ser
pensadas para mitigar estes efeitos.
Na resposta, o vereador
da Mobilidade acabou por confirmar que essa avenida, a par da Rua da
Beneficência, serão aquelas onde “o impacto do tráfego vai ser maior”. “É óbvio
que vai aumentar o tráfego na Santos Dumont a partir do momento em que a
Avenida Columbano Bordalo Pinheiro fica com uma ligação facilitada [à Santos
Dumont]. Isto deve ser dito com frontalidade”, notou o vereador.
Os moradores
notaram estar também preocupados com a redução de estacionamento na avenida.
Segundo disse Miguel Gaspar, haverá mesmo uma redução de lugares nesta artéria,
uma vez que o estacionamento em espinha das placas centrais será eliminado,
passando a ser longitudinal.
Em resposta a
outro munícipe, o autarca detalhou que no primeiro quarteirão da Av. Santos
Dumont não haverá estacionamento longitudinal junto aos prédios, devido ao
cruzamento que ali surgirá com a Avenida dos Combatentes. Mas garantiu que na
restante avenida irá manter-se o estacionamento junto aos prédios. “A Santos
Dumont terá de facto duas faixas desde a Av. dos Combatentes até ao túnel, mas
vai-se mexer na ilha central de forma a que haja estacionamento longitudinal na
zona da ilha central e longitudinal junto às fachadas dos prédios”, detalhou.
Na prática,
disse, no conjunto dos seis quarteirões envolventes a estas artérias, os
moradores terão menos 35 lugares de estacionamento no final das obras, feitas
assim as contas a perdas e ganhos de lugares nas vias envolventes à Praça de
Espanha.
Na nova Praça de
Espanha, todos os caminhos vão dar à água
Miguel Gaspar
disse ainda que está prevista a construção de “um parque de estacionamento de
grandes dimensões no IPO, que há-de aliviar a pressão naquela zona”.
Autocarros da TST
passam para Sete Rios
Respondendo ainda
a uma dúvida de uma munícipe sobre a deslocalização das paragens dos autocarros
da Carris, Miguel Gaspar disse que estas se irão manter nos locais actuais. O
que se confirma é a transferência dos autocarros da Transportes Sul do Tejo
(TST) para a zona de Sete Rios.
Apesar de se
preverem meses complicados para quem vive e circula diariamente naquela zona, o
vereador mostrou confiança de que, no final da intervenção, “a larga maioria
dos movimentos da Praça de Espanha” sairá “claramente beneficiada”. E disse-se
disponível para trabalhar com os moradores soluções que possam “minimizar os
impactos” dos trabalhos.
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