For hundreds of thousands of young people around the world,
Greta Thunberg is an icon. In August 2018, dismayed by adults’ lack of action
on the global climate crisis, the teenager sat herself down in front of the
Swedish Parliament, pledging to strike from school every Friday until Sweden
aligned its policies with the Paris Agreement. Greta’s actions have earned her
a Nobel Peace Prize nomination and speaking engagements at the World Economic
Forum and COP24—but most importantly, they’ve encouraged students from all over
the globe to stand up for Earth and their futures.
This is the fourth story in our latest series, “The Brave,”
all about the incredible people protecting our Great Big Planet.
Quantos mais Dias da Terra serão precisos?
Hoje, a semente lançada pelo primeiro Dia da Terra, há 50
anos, é já uma árvore corpulenta de respeitados movimentos ambientalistas. E
sabemos algo de muito claro: ou mudamos radicalmente agora, ou sofreremos um
ponto de não retorno daqui a 12 anos.
Matilde Alvim
Estudante da Escola Secundária de Palmela e uma das
organizadoras da Greve Climática Estudantil
22 de Abril de 2019, 8:05
Hoje, 22 de Abril, assinala-se o Dia da Terra, reconhecido
pela ONU em 2009. As origens da celebração deste dia coincidem com o início do
florescimento do movimento ambientalista nos Estados Unidos e no mundo. Em
1970, em plena guerra do Vietname, o movimento estudantil continuava altamente
dinâmico. Numa década marcada pelas lutas de justiça social, protagonizadas
muitas vezes pela comunidade estudantil, a proactividade brotava do chão.
Em 1969, após a assistir a um derrame de petróleo em Santa
Bárbara, no estado da Califórnia, o senador americano Gaylord Nelson começou a
arquitectar a ideia ambiciosa de colocar as questões climáticas na agenda
política nacional. A tarefa não seria fácil: canalizavam-se quantidades
monstruosas de dinheiro para a exploração de combustíveis fósseis; as
indústrias altamente prejudiciais triunfavam num crescimento mundial
desenfreado; o cheiro a smog e a poluentes tóxicos nas vilas e cidades era apenas
sinal de prosperidade e desenvolvimento económico. Tomar os impactos ambientais
em conta nas decisões políticas era ainda extremamente rudimentar. O céu era o
limite para o crescimento económico.
Um ano depois, escolheu-se o dia 22 de Abril de 1970 para se
comemorar o primeiro Dia da Terra. Uma data que ficaria para a história da
América e do mundo contemporâneo: foi a primeira vez que se reconheceu a
necessidade de se assinalar um dia específico no calendário para celebrar a
Terra e alertar para a destruição ambiental. Nelson, em conjunto com o
congressista republicano Pete McCloskey e uma equipa de 85 funcionários,
coordenaram e organizaram acções, demonstrações e protestos por todo o país.
Vinte milhões de americanos saíram à rua nesse dia, alertando para a urgência
de tomar medidas contra a iminente crise climática que se aproximava, e
focando-se sobretudo nas questões de saúde pública, como água limpa e ar
respirável para todos.
A maior parte dos protestos e demonstrações foram
protagonizados por estudantes, que canalizavam a energia usada na luta contra a
guerra do Vietname para uma causa que conseguiu unir diferentes espectros
políticos e classes sociais. Muitos faltaram às aulas para poderem participar
nas demonstrações públicas; outros organizaram-se e foram de bicicleta para a
escola; outros ainda, enquanto se manifestavam, fizeram recolhas de lixo.
"Em meio século, as emissões continuaram a empilhar-se
umas atrás das outras, as grandes multinacionais continuaram a sentir-se à
vontade para envenenar o planeta enquanto os governos do mundo olham
discretamente para o lado."
Deste dia histórico, cujas acções tiveram como principais
agitadores a comunidade estudantil, do liceu ou da universidade, saiu-se com a
certeza de que estava plantada a semente para que o movimento ambientalista
pudesse florescer e dar corajosamente os primeiros passos num mundo em que as
preocupações climáticas eram marginalizadas e ignoradas. Quase 50 anos depois,
pergunto-me: onde estamos agora?
Segundo os dados da Agência de Protecção Ambiental dos
Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês), as emissões globais aumentaram cerca
de 90% desde 1970. Cinco décadas inteiras de luta, protestos, petições,
marchas, leis, relatórios, tratados e acordos, e os resultados estão bem à
vista de todos. Em meio século, as emissões continuaram a empilhar-se umas
atrás das outras, as grandes multinacionais continuaram a sentir-se à vontade
para envenenar o planeta enquanto os governos do mundo olham discretamente para
o lado.
Agora, o paradigma parece começar a sofrer alguns abalos.
Lentamente, traça-se o caminho para descarbonizar e mudar o rumo da catástrofe
ambiental. Mas estes são planos que deveriam ter sido feitos quando a semente
plantada era ainda um pequeno rebento e a crise climática tinha ainda muita
margem de manobra. Hoje, a semente lançada pelo primeiro Dia da Terra, há 50
anos, é já uma árvore corpulenta de respeitados movimentos ambientalistas. E
sabemos algo de muito claro: ou mudamos radicalmente agora, ou sofreremos um
ponto de não retorno daqui a 12 anos.
O movimento da greve às aulas pelo clima, impulsionado por
Greta Thunberg, parece ser o culminar destes 50 anos numa luta que demasiadas
vezes se mostra ingrata. E, por isso, neste Dia da Terra de 2019, temos a
certeza de que, se em 50 anos as vozes foram quase que ignoradas e a crise
climática agravada, iremos lutar com tudo o que podemos para que os últimos 12
anos sejam, por fim, os anos da mudança radical de paradigma. Se não agora,
para quando? Decerto não podemos dar-nos ao luxo de aguardar mais meio século.
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