segunda-feira, 22 de abril de 2019

How a 16-Year-Old Is Leading a Global Climate Movement





For hundreds of thousands of young people around the world, Greta Thunberg is an icon. In August 2018, dismayed by adults’ lack of action on the global climate crisis, the teenager sat herself down in front of the Swedish Parliament, pledging to strike from school every Friday until Sweden aligned its policies with the Paris Agreement. Greta’s actions have earned her a Nobel Peace Prize nomination and speaking engagements at the World Economic Forum and COP24—but most importantly, they’ve encouraged students from all over the globe to stand up for Earth and their futures.

This is the fourth story in our latest series, “The Brave,” all about the incredible people protecting our Great Big Planet.




Quantos mais Dias da Terra serão precisos?

Hoje, a semente lançada pelo primeiro Dia da Terra, há 50 anos, é já uma árvore corpulenta de respeitados movimentos ambientalistas. E sabemos algo de muito claro: ou mudamos radicalmente agora, ou sofreremos um ponto de não retorno daqui a 12 anos.

Matilde Alvim
Estudante da Escola Secundária de Palmela e uma das organizadoras da Greve Climática Estudantil

22 de Abril de 2019, 8:05

Hoje, 22 de Abril, assinala-se o Dia da Terra, reconhecido pela ONU em 2009. As origens da celebração deste dia coincidem com o início do florescimento do movimento ambientalista nos Estados Unidos e no mundo. Em 1970, em plena guerra do Vietname, o movimento estudantil continuava altamente dinâmico. Numa década marcada pelas lutas de justiça social, protagonizadas muitas vezes pela comunidade estudantil, a proactividade brotava do chão.

Em 1969, após a assistir a um derrame de petróleo em Santa Bárbara, no estado da Califórnia, o senador americano Gaylord Nelson começou a arquitectar a ideia ambiciosa de colocar as questões climáticas na agenda política nacional. A tarefa não seria fácil: canalizavam-se quantidades monstruosas de dinheiro para a exploração de combustíveis fósseis; as indústrias altamente prejudiciais triunfavam num crescimento mundial desenfreado; o cheiro a smog e a poluentes tóxicos nas vilas e cidades era apenas sinal de prosperidade e desenvolvimento económico. Tomar os impactos ambientais em conta nas decisões políticas era ainda extremamente rudimentar. O céu era o limite para o crescimento económico.


Um ano depois, escolheu-se o dia 22 de Abril de 1970 para se comemorar o primeiro Dia da Terra. Uma data que ficaria para a história da América e do mundo contemporâneo: foi a primeira vez que se reconheceu a necessidade de se assinalar um dia específico no calendário para celebrar a Terra e alertar para a destruição ambiental. Nelson, em conjunto com o congressista republicano Pete McCloskey e uma equipa de 85 funcionários, coordenaram e organizaram acções, demonstrações e protestos por todo o país. Vinte milhões de americanos saíram à rua nesse dia, alertando para a urgência de tomar medidas contra a iminente crise climática que se aproximava, e focando-se sobretudo nas questões de saúde pública, como água limpa e ar respirável para todos.


A maior parte dos protestos e demonstrações foram protagonizados por estudantes, que canalizavam a energia usada na luta contra a guerra do Vietname para uma causa que conseguiu unir diferentes espectros políticos e classes sociais. Muitos faltaram às aulas para poderem participar nas demonstrações públicas; outros organizaram-se e foram de bicicleta para a escola; outros ainda, enquanto se manifestavam, fizeram recolhas de lixo.

"Em meio século, as emissões continuaram a empilhar-se umas atrás das outras, as grandes multinacionais continuaram a sentir-se à vontade para envenenar o planeta enquanto os governos do mundo olham discretamente para o lado."
Deste dia histórico, cujas acções tiveram como principais agitadores a comunidade estudantil, do liceu ou da universidade, saiu-se com a certeza de que estava plantada a semente para que o movimento ambientalista pudesse florescer e dar corajosamente os primeiros passos num mundo em que as preocupações climáticas eram marginalizadas e ignoradas. Quase 50 anos depois, pergunto-me: onde estamos agora?

Segundo os dados da Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês), as emissões globais aumentaram cerca de 90% desde 1970. Cinco décadas inteiras de luta, protestos, petições, marchas, leis, relatórios, tratados e acordos, e os resultados estão bem à vista de todos. Em meio século, as emissões continuaram a empilhar-se umas atrás das outras, as grandes multinacionais continuaram a sentir-se à vontade para envenenar o planeta enquanto os governos do mundo olham discretamente para o lado.

Agora, o paradigma parece começar a sofrer alguns abalos. Lentamente, traça-se o caminho para descarbonizar e mudar o rumo da catástrofe ambiental. Mas estes são planos que deveriam ter sido feitos quando a semente plantada era ainda um pequeno rebento e a crise climática tinha ainda muita margem de manobra. Hoje, a semente lançada pelo primeiro Dia da Terra, há 50 anos, é já uma árvore corpulenta de respeitados movimentos ambientalistas. E sabemos algo de muito claro: ou mudamos radicalmente agora, ou sofreremos um ponto de não retorno daqui a 12 anos.

O movimento da greve às aulas pelo clima, impulsionado por Greta Thunberg, parece ser o culminar destes 50 anos numa luta que demasiadas vezes se mostra ingrata. E, por isso, neste Dia da Terra de 2019, temos a certeza de que, se em 50 anos as vozes foram quase que ignoradas e a crise climática agravada, iremos lutar com tudo o que podemos para que os últimos 12 anos sejam, por fim, os anos da mudança radical de paradigma. Se não agora, para quando? Decerto não podemos dar-nos ao luxo de aguardar mais meio século.

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