Se o Porto antigo é aperitivo para abrir o apetite ... é
desnecessário ... pois o apetite da China é explícito. Na nova 'rota da seda',
Portugal é mais que apeticível, devido à sua posição atlântica como porta
estratégica de entrada. Portugal dependente de tudo e de todos oferece vinhos
ancestrais mas esquece-se de que não há almoços grátis.
Desta vez não se trata apenas de aceitar toneladas de
contentores de bugigangas que num tsunami de lojas asiáticas têm alienado e
descaracterizado os centros históricos e destruído o comércio tradicional.
Trata-se de muito mais. Bon apetit !
OVOODOCORVO
Presidente da República oferece vinho do Porto com mais de
cem anos ao homólogo chinês
Valor base em leilão do vinho ascenderá aos 4.000 euros
JORNAL I
27/04/2019 10:54
Na próxima segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa irá
oferecer ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, um Porto de 1984.
Trata-se de uma edição limitada de 400 unidades, em
comemoração do 400.º aniversário da Quinta do Crasto (1615 - 2015), cujo valor
base em leilão ascenderá aos 4.000 euros, refere a agência Lusa, que cita fonte
da empresa.
Os decanters vão a leilão a partir de junho, em Hong Kong e
Nova Iorque, a cargo da leiloeira Acker Merrall & Condit.
De acordo com a mesma fonte, o decanter, de cristal, com
design da Vista Alegre Atlantis, tem gravado a laser numa placa de prata o
número de série 88. Na china, o 8 é o número da sorte.
Fonte presidencial confirmou à agência Lusa a oferta, que é
pessoal. Mas serão ainda oferecidas prendas institucionais: um vinho do Porto
de 40 anos, em celebração do estabelecimento das relações diplomáticas, um
álbum de fotografias da visita de Xi a Portugal, revestido a cortiça, e um
painel de azulejos para a mulher do Presidente chinês, Peng Liyuan.
O presente deverá ser oferecido durante o encontro bilateral
entre os dois Presidentes no Grande Palácio do Povo, junto à Praça de
Tiananmen.
Diogo Queiroz de Andrade
27 Abril 2019
A China está a promover ativamente uma nova visão do mundo.
Alguns líderes políticos, entre os quais portugueses, estão a participar
alegremente nesta demonstração de força.
Está um terço do mundo na China a prestar respeito a Xi
Jinping e à sua estratégia de influência geopolítica. Setenta países mandaram
representantes, metade destes os responsáveis máximos da nação. Portugal não
faltou à chamada e tem lá Marcelo Rebelo de Sousa e Augusto Santos Silva, mas a
grande conquista da diplomacia chinesa é a presença de Giuseppe Conte, primeiro
líder de uma economia do G7 a tornar-se parceiro de Pequim.
Em causa está a política Belt and Road, uma ação
expansionista do governo chinês que quer virar os ventos da globalização a
favor de Pequim. A estratégia é legítima e (mais ou menos) assumida pela
liderança chinesa nos muitos documentos que tem produzido ao longo dos anos,
razão pela qual merece ser discutida.
Em traços largos, a Belt and Road (por vezes traduzida para
português por “Faixa e Rota”) é uma ação do governo chinês que tem três fases:
a primeira empresta dinheiro a baixo custo para que os países recetores possam
fazer enormes obras de infraestrutura, sempre contratadas a empresas chinesas;
a segunda visa exportar um modelo de desenvolvimento que ignora a democracia e
os direitos humanos; a terceira fase prevê a inversão da ordem mundial
construída a partir das democracias liberais e a passagem do novo eixo central
de poder para o oriente. Como tudo o que emana de Pequim, é uma estratégia
bastante flexível e adaptável que tem em vista o muito longo prazo.
Esta é uma estratégia paralela e adversária à ideia
promovida pelas democracias liberais, que surge na ressaca da crise económica e
em pleno ressurgimento dos populismos que as ameaçam. E essa estratégia é
igualmente ideológica: a ideia de desenvolvimento chinês não preza os direitos
humanos, não respeita as liberdades individuais e não tem qualquer preocupação
pelo meio ambiente. Aliás, o habitual pragmatismo chinês está bem expresso num
documento oficial que discute o momento em que o aquecimento global chegue a
tal ponto que permita finalmente abrir rotas comerciais para cargueiros
cruzarem o Ártico.
O que se tem visto desde o início desta estratégia é o
intensificar de sinais preocupantes: portos civis geridos por empresas estatais
chinesas que acolhem bases da sua marinha, países que têm de recorrer a medidas
extremas para evitar a falência de mega-projetos, apoios declarados a regimes
ditatoriais com oferta de mecanismos para medidas repressivas e um enorme
reforço do uso de combustíveis fósseis – com as consequências esperadas nas
alterações climáticas.
Ao mesmo tempo, a China está a usar o braço tecnológico para
exportar a sua modalidade de vigilância digital que visa simplesmente matar a
democracia e a liberdade de expressão. E continua a usar o enorme poder que tem
nas instituições internacionais para proteger déspotas e impedir a liberdade
das minorias – nada que outros países democráticos, com os EUA à cabeça, não
tenham feito também, mas com a essencial diferença de os seus líderes
responderem às populações que os elegem.
A União Europeia percebeu finalmente a idiotice de ter um
mercado aberto a países que não acreditam neles e está a começar a fechar o
acesso chinês ao mercado comum. Já não é cedo, visto que a China tem um peso
crescente em setores estratégicos europeus (como a energia) – e é por aqui que
deve ser entendida a resistência de Bruxelas aos investimentos chineses no 5G.
E é por isto que é tão importante manter uma voz única nas negociações
europeias com a China, algo que a Hungria e a Itália já quebraram e que
Portugal continua a ser tentado a fazer. Repita-se: é uma opção legítima, mas
com consequências que não podem ser ignoradas.
Ler mais: Sobre este tema, é obrigatório ler o excelente
livro de Bruno Maçães chamado Belt and Road – A Chinese World Order. Escrito a
partir de Pequim, é um relato que mistura cultura histórica com análise
geopolítica sólida e que explica o que está em causa neste projeto
expansionista chinês, oferecendo ao mesmo tempo um olhar sobre o mundo que
poderemos ter em meados do século
PR janta hoje com dirigentes da CTG, State Grid e Fosun
Lusa
27 Abril 2019
Poucos dias depois da OPA da CTG à EDP ter caído por terra,
o Presidente da República janta com os dirigentes dessa empresa chinesa. Além
da CTG, estarão presentes os líderes da Fosun e da State Grid.
O Presidente da República vai jantar, este sábado, em Pequim
com os dirigentes das principais empresas chinesas com investimentos em
Portugal, entre as quais China Three Gorges, State Grid, Fosun e Haitong,
presentes nos setores energético e financeiro.
Também estarão neste encontro com Marcelo Rebelo de Sousa
dirigentes ao mais alto nível da empresa chinesa do setor da água Beijing
Enterprises Water Group, do grupo agroalimentar COFCO e da Sociedade de Turismo
e Diversões de Macau (STDM), fundada por Stanley Ho.
A lista de dez participantes neste encontro, divulgada este
sábado, inclui ainda altos representantes do Banco da China, da empresa de
construção CSCEC e da Tianjin EV Energies. O jantar com o chefe de Estado
português terá lugar na residência do embaixador de Portugal em Pequim, José
Augusto Duarte.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou à China na sexta-feira, onde
estará seis dias para participar em Pequim na segunda edição do fórum “Faixa e
Rota”, iniciativa chinesa de investimento em infraestruturas, e depois para uma
visita de Estado entre segunda-feira e quarta-feira, a convite do seu homólogo,
Xi Jinping.
No domingo, será a vez de o Presidente da República jantar
com altos representantes de alguns dos maiores exportadores portugueses para o
mercado chinês como a empresa de celulose Caima, a cervejeira Super Bock, as
construturas Mota-Engil e Teixeira Duarte, o grupo têxtil TMG e a empresa de
calcários Filstone.
No domingo, o Presidente da República terá também um almoço
com agentes de difusão da língua e cultura portuguesas na China, onde estarão
professores de universidades de Pequim, Macau e Xangai, entre outros, e na
terça-feira intervirá num seminário económico luso-chinês, em Xangai.
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