domingo, 28 de abril de 2019

Presidente da República oferece vinho do Porto com mais de cem anos ao homólogo chinês / A exportação do capitalismo anti-liberal / PR janta hoje com dirigentes da CTG, State Grid e Fosun


Se o Porto antigo é aperitivo para abrir o apetite ... é desnecessário ... pois o apetite da China é explícito. Na nova 'rota da seda', Portugal é mais que apeticível, devido à sua posição atlântica como porta estratégica de entrada. Portugal dependente de tudo e de todos oferece vinhos ancestrais mas esquece-se de que não há almoços grátis.
Desta vez não se trata apenas de aceitar toneladas de contentores de bugigangas que num tsunami de lojas asiáticas têm alienado e descaracterizado os centros históricos e destruído o comércio tradicional. Trata-se de muito mais. Bon apetit !
OVOODOCORVO

Presidente da República oferece vinho do Porto com mais de cem anos ao homólogo chinês

Valor base em leilão do vinho ascenderá aos 4.000 euros

JORNAL I

27/04/2019 10:54


Na próxima segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa irá oferecer ao seu homólogo chinês, Xi Jinping, um Porto de 1984.

Trata-se de uma edição limitada de 400 unidades, em comemoração do 400.º aniversário da Quinta do Crasto (1615 - 2015), cujo valor base em leilão ascenderá aos 4.000 euros, refere a agência Lusa, que cita fonte da empresa.

Os decanters vão a leilão a partir de junho, em Hong Kong e Nova Iorque, a cargo da leiloeira Acker Merrall & Condit.

De acordo com a mesma fonte, o decanter, de cristal, com design da Vista Alegre Atlantis, tem gravado a laser numa placa de prata o número de série 88. Na china, o 8 é o número da sorte.

Fonte presidencial confirmou à agência Lusa a oferta, que é pessoal. Mas serão ainda oferecidas prendas institucionais: um vinho do Porto de 40 anos, em celebração do estabelecimento das relações diplomáticas, um álbum de fotografias da visita de Xi a Portugal, revestido a cortiça, e um painel de azulejos para a mulher do Presidente chinês, Peng Liyuan.

O presente deverá ser oferecido durante o encontro bilateral entre os dois Presidentes no Grande Palácio do Povo, junto à Praça de Tiananmen.


 A exportação do capitalismo anti-liberal
Diogo Queiroz de Andrade
27 Abril 2019
A China está a promover ativamente uma nova visão do mundo. Alguns líderes políticos, entre os quais portugueses, estão a participar alegremente nesta demonstração de força.

Está um terço do mundo na China a prestar respeito a Xi Jinping e à sua estratégia de influência geopolítica. Setenta países mandaram representantes, metade destes os responsáveis máximos da nação. Portugal não faltou à chamada e tem lá Marcelo Rebelo de Sousa e Augusto Santos Silva, mas a grande conquista da diplomacia chinesa é a presença de Giuseppe Conte, primeiro líder de uma economia do G7 a tornar-se parceiro de Pequim.

Em causa está a política Belt and Road, uma ação expansionista do governo chinês que quer virar os ventos da globalização a favor de Pequim. A estratégia é legítima e (mais ou menos) assumida pela liderança chinesa nos muitos documentos que tem produzido ao longo dos anos, razão pela qual merece ser discutida.

Em traços largos, a Belt and Road (por vezes traduzida para português por “Faixa e Rota”) é uma ação do governo chinês que tem três fases: a primeira empresta dinheiro a baixo custo para que os países recetores possam fazer enormes obras de infraestrutura, sempre contratadas a empresas chinesas; a segunda visa exportar um modelo de desenvolvimento que ignora a democracia e os direitos humanos; a terceira fase prevê a inversão da ordem mundial construída a partir das democracias liberais e a passagem do novo eixo central de poder para o oriente. Como tudo o que emana de Pequim, é uma estratégia bastante flexível e adaptável que tem em vista o muito longo prazo.

Esta é uma estratégia paralela e adversária à ideia promovida pelas democracias liberais, que surge na ressaca da crise económica e em pleno ressurgimento dos populismos que as ameaçam. E essa estratégia é igualmente ideológica: a ideia de desenvolvimento chinês não preza os direitos humanos, não respeita as liberdades individuais e não tem qualquer preocupação pelo meio ambiente. Aliás, o habitual pragmatismo chinês está bem expresso num documento oficial que discute o momento em que o aquecimento global chegue a tal ponto que permita finalmente abrir rotas comerciais para cargueiros cruzarem o Ártico.

O que se tem visto desde o início desta estratégia é o intensificar de sinais preocupantes: portos civis geridos por empresas estatais chinesas que acolhem bases da sua marinha, países que têm de recorrer a medidas extremas para evitar a falência de mega-projetos, apoios declarados a regimes ditatoriais com oferta de mecanismos para medidas repressivas e um enorme reforço do uso de combustíveis fósseis – com as consequências esperadas nas alterações climáticas.

Ao mesmo tempo, a China está a usar o braço tecnológico para exportar a sua modalidade de vigilância digital que visa simplesmente matar a democracia e a liberdade de expressão. E continua a usar o enorme poder que tem nas instituições internacionais para proteger déspotas e impedir a liberdade das minorias – nada que outros países democráticos, com os EUA à cabeça, não tenham feito também, mas com a essencial diferença de os seus líderes responderem às populações que os elegem.

A União Europeia percebeu finalmente a idiotice de ter um mercado aberto a países que não acreditam neles e está a começar a fechar o acesso chinês ao mercado comum. Já não é cedo, visto que a China tem um peso crescente em setores estratégicos europeus (como a energia) – e é por aqui que deve ser entendida a resistência de Bruxelas aos investimentos chineses no 5G. E é por isto que é tão importante manter uma voz única nas negociações europeias com a China, algo que a Hungria e a Itália já quebraram e que Portugal continua a ser tentado a fazer. Repita-se: é uma opção legítima, mas com consequências que não podem ser ignoradas.

Ler mais: Sobre este tema, é obrigatório ler o excelente livro de Bruno Maçães chamado Belt and Road – A Chinese World Order. Escrito a partir de Pequim, é um relato que mistura cultura histórica com análise geopolítica sólida e que explica o que está em causa neste projeto expansionista chinês, oferecendo ao mesmo tempo um olhar sobre o mundo que poderemos ter em meados do século


PR janta hoje com dirigentes da CTG, State Grid e Fosun
Lusa
27 Abril 2019

Poucos dias depois da OPA da CTG à EDP ter caído por terra, o Presidente da República janta com os dirigentes dessa empresa chinesa. Além da CTG, estarão presentes os líderes da Fosun e da State Grid.

O Presidente da República vai jantar, este sábado, em Pequim com os dirigentes das principais empresas chinesas com investimentos em Portugal, entre as quais China Three Gorges, State Grid, Fosun e Haitong, presentes nos setores energético e financeiro.

Também estarão neste encontro com Marcelo Rebelo de Sousa dirigentes ao mais alto nível da empresa chinesa do setor da água Beijing Enterprises Water Group, do grupo agroalimentar COFCO e da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), fundada por Stanley Ho.


A lista de dez participantes neste encontro, divulgada este sábado, inclui ainda altos representantes do Banco da China, da empresa de construção CSCEC e da Tianjin EV Energies. O jantar com o chefe de Estado português terá lugar na residência do embaixador de Portugal em Pequim, José Augusto Duarte.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou à China na sexta-feira, onde estará seis dias para participar em Pequim na segunda edição do fórum “Faixa e Rota”, iniciativa chinesa de investimento em infraestruturas, e depois para uma visita de Estado entre segunda-feira e quarta-feira, a convite do seu homólogo, Xi Jinping.

No domingo, será a vez de o Presidente da República jantar com altos representantes de alguns dos maiores exportadores portugueses para o mercado chinês como a empresa de celulose Caima, a cervejeira Super Bock, as construturas Mota-Engil e Teixeira Duarte, o grupo têxtil TMG e a empresa de calcários Filstone.

No domingo, o Presidente da República terá também um almoço com agentes de difusão da língua e cultura portuguesas na China, onde estarão professores de universidades de Pequim, Macau e Xangai, entre outros, e na terça-feira intervirá num seminário económico luso-chinês, em Xangai.

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