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Afinal os caminhos labírinticos da política de partilha e
nomeações no Lobi Familiar do PS têm vários e mútlipos 'gates'...
A que o Sá Fernandes chegou ... Sim ... O 'Zé' fazia falta
sim ... ao PS
OVOODOCORVO
Os ânimos inflamaram-se numa reunião da Câmara Municipal de
Lisboa.
A propósito de um protocolo entre a autarquia e a Associação
dos Amigos dos
Cemitérios, um vereador do PSD confrontou Medina com a
composição dos órgãos sociais da associação, todos eles com ligações ao PS.
“Lóbi familiar socialista” já chegou aos cemitérios de
Lisboa
24.04.2019 às 20h26
Um protocolo entre a Câmara da capital e a Associação dos
Amigos dos Cemitérios inflamou os ânimos na sessão pública da autarquia desta
quarta-feira. Ante as críticas do vereador do PSD João Pedro Costa, Fernando
Medina e José Sá Fernandes adiaram a votação da proposta. Uma assombração na
véspera do 25 de Abril
PAULO PAIXÃO
O tema parecia ser um mero cumprimento da ordem de trabalhos
da reunião pública da Câmara de Lisboa desta quarta-feira: "aprovar a
celebração de protocolo de cooperação" entre a autarquia e a Associação
dos Amigos dos Cemitérios de Lisboa. Mas, de repente, animado pela intervenção
do vereador do PSD João Pedro Costa, a criatura ganhou vida própria e escapou
ao controlo dos seus criadores.
Em traços gerais, a câmara propunha-se atribuir à Associação
dos Amigos dos Cemitérios de Lisboa (AACL) poderes para dinamização de
iniciativas nos cemitérios da capital (exposições, concertos, roteiros, entre
outras), gerir o Centro Interpretativo do Cemitério dos Prazeres, homenagear
personalidades sepultadas na cidade, desenvolver arquivos ou celebrar parcerias
com diversas entidades,entre outras competências.
A Câmara cedia ainda um seu espaço no cemitério de Carnide
para sede da Associação, além de apoiar a divulgação de atividades desta última
entidade.
Tudo parecia na paz dos cemitérios, politicamente falando,
quando João Pedro Costa anunciou que iria desfiar os nomes dos corpos sociais
da AACL, uma organização fundada em 2017. Antes desse momento, já Fernando
Medina, com uma expressão facial a denotar algum incómodo, tentava meter fim à
conversa, sugerindo um adiamento da proposta: "Dado o adiantado da
hora", sugeriu o presidente da Câmara.
"Entre os órgãos da associação", prosseguiu João
Pedro Costa, no que foi de novo interpelado por Medina: "Eu ía propor que
nós adiássemos...".
O vereador da oposição não o deixou terminar. "Mas
estamos numa reunião pública" [além dos munícipes que se queiram deslocar
aos Paços do Concelho, pode ser seguida em direto no site da Câmara].
O líder socialista de Lisboa cobriu a parada: "Adiamos
para uma sessão pública".
O eleito do PSD fez ouvidos de mercador: "Se calhar não
quer que eu prossiga, mas eu vou prosseguir". E assim fez: "Jorge
Ferreira, fotógrafo de campanhas do PS e de eventos da Junta de Freguesia do
Lumiar; Pedro Almeida, funcionário do PS no Parlamento; Inês César, sobrinha de
Carlos César; a sua mãe, Patrocínia Vale César (deputada municipal do PS) e o
seu pai, Horácio Vale César (irmão de Carlos César e ex-assessor de João Soares
quando ele foi ministro da Cultura); João Soares; Diogo Leão, deputado do PS;
Filipa Brigola, assessora do grupo parlamentar do PS. E podia continuar a
elencar nomes", advertiu.
"Temos aqui mais uma vez um lóbi familiar
socialista", disse o vereador do PSD.
Não bastava já o friso de militantes e de dirigentes do PS,
com laços de família ou somente partidários, a encabeçar a Associação. João
Pedro Costa deu ainda outra alfinetada no Executivo socialista de Lisboa. Após
ter consultado o plano de atividades da AACL, o vereador do PSD disse que a
entidade "já conta com €10 mil de apoio da Câmara de Lisboa, mesmo sem o
protocolo ter sido aprovado".
Com este balanço, perguntou João Pedro Costa a Fernando
Medina: "O Sr. Presidente sente-se confortável com esta proposta? Ou quer
adiá-la?".
A pergunta era simples retórica, pois o vereador do PSD bem
sabia que Medina estava mortinho para matar o assunto numa discussão à vista de
todos.
Coube a José Sá Fernandes, o signatário da proposta, mitigar
os estragos das palavras do vereador do PSD. Enquadrou a atuação da AACL, que
já "organizou uma cerimónia evocativa" da morte de Mário Soares e
"está a preparar uma exposição" sobre Amália Rodrigues (cujo
centenário do nascimento se celebra no próximo ano).
De resto, ante as alegações de João Pedro Costa de que a
Associação ficaria com poderes excessivos ("a Câmara quer transferir
competências até aqui asseguradas pelos serviços municipais", disse), Sá
Fernandes quis relativizar a amplitude das competências que pretende
transferir: "Se eles ajudarem a fazer o roteiro dos escritores, dos
jardineiros, dos políticos...", comentou.
No remate, afirmou José Sá Fernandes: "Para dissipar
quaisquer dúvidas, retiro a proposta. Não vamos criar um drama sobre esta
matéria. Vamos adiar".
Para quem assistiu à discussão, não foi bem drama: ele foi
mais comédia. Para os socialistas, o "Familygate" já virou mesmo
assombração. Nem nos cemitérios estão descansados.
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