BE
protesta contra encontro de Costa com Temer
SOFIA RODRIGUES e
MIGUEL PAIS 06/09/2016 – 18:14
O
primeiro-ministro português irá encontrar-se esta quarta-feira com
Michel Temer, o que desagrada ao Bloco de Esquerda. Para os
bloquistas, a chegada de Temer à presidência é um "golpe
contra a democracia".
A menos de 24 horas
da reunião que juntará António Costa, primeiro-ministro português,
e Michel Temer, presidente brasileiro, o Bloco de Esquerda manifestou
o seu incómodo inequívoco com o encontro. “Não havia necessidade
de o Governo português se apressar tanto na legitimidade do Governo
brasileiro”, assume a deputada Joana Mortágua ao PÚBLICO.
A crítica é
apontada não só ao encontro do primeiro-ministro com Michel Temer,
mas também relativamente às acusações que pendem sobre o novo
presidente do Brasil. “Tudo isto deveria ser merecido alguma
cautela ou comentário negativo”, afirma a deputada, recordando que
o BE qualifica como “golpe” o processo de impeachment de Dilma
Rousseff. Questionada sobre se o BE informou o primeiro-ministro
sobre o comunicado que o Bloco fez chegar esta tarde às redacções,
Joana Mortágua disse haver apenas esta posição pública do
partido.
Embora o Bloco de
Esquerda considere a ida de António Costa ao Brasil para apoiar os
atletas portugueses uma “iniciativa louvável”, não deixa de
“lamentar o inoportuno encontro” entre os dois políticos, que
não “aconselha nem justifica”, lê-se na nota que o partido
divulgou esta tarde. Os bloquistas descrevem Temer como “um
político que chega à presidência da República do Brasil sem
legitimidade e a braços com a justiça” e consideram que o
processo de impeachment que levou o antigo vice-presidente brasileiro
a substituir Dilma no Palácio do Planalto ultrapassou os limites
legais.
A nota refere ainda
os processos que Temer e aqueles que o apoiam enfrentam perante a
justiça brasileira. “Temer está no centro de várias suspeitas,
investigações e casos de corrupção. O Governo português não
desconhece que um dos objectivos dos promotores da destituição da
anterior presidente é precisamente o de garantir impunidade perante
o combate à corrupção”, acrescenta a nota, com uma referência
específica ao caso Lava-Jato.
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