Reino
Unido e França avançam para construção de muro em Calais
PÚBLICO 07/09/2016
- 13:15 (actualizado às 14:07)
Construção
é financiada pelo Governo britânico e estará concluída até ao
final do ano. Objectivo é impedir acesso dos migrantes à estrada
para o porto.
O Governo britânico
revelou que vai financiar a construção de um muro “muito
brevemente” na cidade francesa de Calais para impedir a saída de
refugiados para a ligação entre o Norte de França e as ilhas
britânicas.
O ministro do
Interior, Robert Goodwill, disse na terça-feira que o muro de quatro
metros de altura faz parte de um pacote conjunto entre o Reino Unido
e a França de reforço da segurança no porto de Calais no valor de
20 milhões de euros. O muro irá estender-se ao longo de um
quilómetro na estrada que dá acesso à zona dos ferries do Canal da
Mancha e terá um custo superior a 2,2 milhões de euros, financiado
pelo Governo britânico.
“A segurança que
temos estado a garantir no porto vai ser aperfeiçoada com melhores
equipamentos”, explicou Goodwill durante uma comissão parlamentar
em que explicava no que vai consistir a “Grande Muralha de Calais”,
como lhe chamou o tablóide Daily Mail. “Vamos começar a construir
este novo e grande muro como parte do pacote de 17 milhões de libras
que temos realizado com os franceses.”
A construção deve
começar este mês e deverá estar concluída até ao final do ano. O
objectivo é impedir o acesso dos migrantes e requerentes de asilo
que moram no campo denominado a “Selva” à estrada. Os
camionistas que por ali passam denunciam ataques organizados pelas
máfias de tráfico de seres humanos, que tentam usar os camiões
para fazerem os migrantes chegar ao Reino Unido. Os condutores dizem
que os habitantes do campo de migrantes estão a ficar cada vez mais
agressivos e atiram pedras e outros objectos para tentarem travar os
camiões.
Na segunda-feira,
camionistas e habitantes locais bloquearam a estrada, em protesto
contra a falta de segurança na entrada para o porto e exigiram o
desmantelamento do campo de refugiados. Para além do muro, o Governo
britânico diz que vai investir em espaço adicional para que os
camiões possam parar em segurança.
“A estrada é
tomada de assalto todas as noites pelos migrantes”, afirmou o
presidente do porto de Calais, Jean-Marc Puissesseau, citado pelo
jornal local La Voix du Nord. Actualmente já existem cercas com
arame farpado e câmaras de vigilância, mas que vão permanecer
mesmo depois da construção do muro, de acordo com a BBC.
A decisão foi
recebida também com algumas críticas por parte de activistas
locais. “Este muro é a mais recente extensão de quilómetros de
cercas e de [aparelhos de] vigilância e segurança já construídos.
Irá apenas levar as pessoas a caminharem mais para o contornarem”,
disse François Guennoc, membro do grupo Albergue dos Migrantes,
citado pelo The Guardian.
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