Com quatro anos de atraso, há uma
nova escola para rejuvenescer o Chiado
Reabilitação de parte do edifício do
antigo Tribunal da Boa Hora custou aos cofres da Câmara de Lisboa 2,6 milhões
de euros. Escola Maria Barroso está pronta para receber 150 alunos de
jardim-de-infância e primeiro ciclo no próximo ano lectivo.
MARGARIDA DAVID CARDOSO 2 de Maio de 2017, 20:55
Foram necessários mais de quatro anos para que parte do
Edifício da Boa Hora, onde funcionou o tribunal com o mesmo nome, se
transformasse numa escola. Desde 2012 que a Câmara de Lisboa mostrava a
intenção de, neste local, em pleno Chiado, abrir uma nova escola básica e
jardim-de-infância. Plano que se concretizou com a construção da Escola Básica
Maria Barroso, inaugurada esta terça-feira, em homenagem à professora, actriz e
antiga primeira-dama.
Dada a "carência de equipamentos escolares na área da
baixa", a Câmara de Lisboa olha para esta escola como um impulsionador da
“inversão do processo de desertificação” desta zona da cidade, podendo
funcionar “como pólo de atracção para jovens casais”. Com capacidade para 150
crianças, o novo equipamento é um “avanço importante na agenda do mandato”,
salientou no discurso de inauguração o presidente da autarquia.
Fernando Medina destacou a necessidade de devolver uma
escola ao centro histórico da cidade, um passo “importante para a sua habitabilidade”.
Uma posição semelhante adoptou o primeiro-ministro e ex-autarca da capital,
António Costa, ao destacar que Lisboa, como outras cidades, só tem “vida
enquanto tiver pessoas” e as escolas são condição essencial para que o centro
histórico seja habitado.
A nova escola, que serve as freguesias de Santa Maria Maior
e Misericórdia, terá lugar para 50 crianças no jardim-de-infância, dos 3 aos 5
anos, e 100 alunos do primeiro ciclo do ensino básico, com idades entre os 6 e
9 anos. As portas abrem em Setembro para o início do ano lectivo.
Com entrada pelo Largo da Boa Hora, a escola ocupa parte do
edifício que albergou o Convento da Boa Hora – construído após o terramoto de
1755 e encerrado em 1834, com a extinção das ordens religiosas - e onde, até
2009, funcionou o tribunal. A reconversão do espaço custou aos cofres da
autarquia 2,6 milhões de euros.
A criação da escola neste local é um desejo antigo da
autarquia, tornado público em 2012, depois do edifício da Boa-Hora ter passado
das mãos do Estado para a Câmara de Lisboa como contrapartida pelas obras de
requalificação da Avenida Ribeira das Naus que ficaram a cargo da autarquia
após a extinção da sociedade Frente Tejo. Um mês depois, 70% do edifício foi
devolvido à administração central: vendido ao Ministério da Justiça por cerca
de seis milhões de euros para a instalação do Centro de Estudos Judiciários, o
Museu do Judiciário e serviços do Instituto de Registos e Notariado.
É nos 30% do edificado que ficaram na esfera municipal que
existe hoje a escola. Esta estrutura abre quatro anos após o inicialmente
previsto. Em 2012, o então autarca António Costa previa que as aulas ali
começassem no ano lectivo 2013/2014. O projecto, da autoria da arquitecta Ana
Luísa Barbosa, acabaria, no entanto, por ser aprovado apenas em Janeiro de 2014
e o aval para adjudicação da empreitada só seria dado pelo executivo camarário
um ano depois. As obras começaram em 2016.
E
m resposta à agência Lusa, em Abril do ano passado, a
autarquia justificava que os atrasos se deveram a uma reformulação parcial do
projecto de 2012 pela descoberta de "vestígios arqueológicos
relevantes" e pelas "condições geológicas/geotécnicas do
terreno".
Hoje, há três pisos dedicados ao ensino, com salas para o
jardim-de-infância e para o primeiro ciclo, pátios, recreios cobertos, cozinha,
refeitório, ginásio, biblioteca e sala de informática. A autarquia garante que
houve uma "intervenção mínima" no edifício existente.
Presentes na cerimónia inaugural estiveram também familiares
e amigos de Maria Barroso em homenagem à pedagoga que o autarca de Lisboa
considerou ser “uma figura maior do nosso tempo”, um “exemplo para os mais
novos”.
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