Utentes denunciam degradação do Metro
de Lisboa e exigem mais investimento
19/5/2017,
Cerca de meia centena de pessoas concentraram-se junto à
sede do Metropolitano de Lisboa para denunciar a falta de condições e a
degradação deste transporte, e exigiram mais investimento.
Cerca de meia centena de pessoas concentraram-se esta
sexta-feira junto à sede do Metropolitano de Lisboa para denunciar a falta de
condições e a degradação deste transporte, e exigiram mais investimento para a
requalificação de estações e carruagens.
“Detetamos vários problemas ao nível da segurança, poucas
condições nas estações de Metro, falta de acessibilidades, principalmente nas
estações mais antigas que foram construídas sem elevador para a superfície, e
as outras mais recentes, que, ou têm as escadas rolantes ou os elevadores
avariados durante meses”, disse a porta-voz da Comissão de Utentes dos
Transportes de Lisboa (CUTL), situação que causa “grandes dificuldades às
pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida, com carrinhos de bebés ou a
idosos com canadianas”.
Em declarações à agência Lusa, Cecília Sales indicou que os
utentes do Metro de Lisboa deparam-se diariamente com tempos de espera elevados
e enunciou uma “série de outros problemas” que a CUTL tem vindo a apontar há
meio ano, sem que, até agora, tivesse assistido à sua resolução.
Os tempos de espera que são enormes, as carruagens estão
paradas e não têm reparação nem manutenção, os processos de aquisição de
material estão atrasados e demoram cerca de dois anos e têm de se fazer tudo com
tempo, e isso não foi feito. A falta de maquinistas também, que levam alguns
meses a serem formados, e perturbações constantes nas quatro linhas”, afirmou.
A porta-voz da CUTL frisou que há estações de Metro sem
funcionários e “completamente abandonadas”, e deu o exemplo das máquinas de
venda de bilhetes da estação do Aeroporto de Lisboa, que, Cecília Sales diz ter
“imensas filas” porque “não funcionam corretamente e avariam”.
Os utentes afirmam não se oporem à expansão da rede do
Metropolitano de Lisboa, mas apelam a que, primeiro, a administração da empresa
requalifique o que existe atualmente. “Não estamos contra a expansão da rede do
Metro. Achamos que deve chegar à cidade toda, não é só ao centro, mas também à
zona ocidental e a outras zonas da cidade. Mas, prioritariamente, o Metro
deveria pensar em requalificar aquilo que está mal”, defendeu Cecília Sales.
A deputada na Assembleia da República pelo Bloco de Esquerda
Isabel Pires associou-se ao protesto, corroborando das preocupações dos
utentes, mas alertou também para a situação dos trabalhadores que “estão cada
vez mais saturados” perante promessas não cumpridas.
“Existia uma promessa de contratação de maquinistas – já
passou mais de um ano — e ainda não aconteceu. Eles são muito necessários, tal
como são necessários nas oficinas do Metro para reparar o material circulante
que precisa de obras. Temos neste momento carruagens que não circulam porque
não há pessoas para trabalhar nessas carruagens”, afirmou a deputada bloquista.
Para Isabel Pires a culpa está na política seguida pelo
anterior executivo, liderado por Pedro Passos Coelho. “E isto é fruto, já
agora, de um desinvestimento propositado do anterior Governo porque queria
privatizar este serviço, [mas] não o conseguiu, felizmente. Mas temos de
reverter seriamente aquilo que foi feito e isso passa pelo investimento
imediato e por um futuro plano de expansão do Metro para a zona Ocidental de
Lisboa e não fechá-lo, de novo, no centro, como é agora proposto”, sublinhou a
deputada do BE.
Na concentração marcaram ainda presença a deputada eleita
pelo PEV na Assembleia Municipal de Lisboa Cláudia Moreira e o vereador do PCP
na Câmara de Lisboa Carlos Moura.
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