Fecho da estação de Arroios por um
ano e meio vai obrigar ao reforço dos autocarros
POR O CORVO • 19 • MAIO, 2017
O reforço na circulação de autocarros no percurso entre
Arroios e a Alameda será uma das medidas a adoptar como compensação pelo
encerramento da estação de metro de Arroios, a partir de 19 de julho e por um
período de um ano e meio. A diligência tem estado a ser trabalhada entre o
Metropolitano de Lisboa (ML) e a Carris e faz parte de um plano de contingência
que aquela transportadora se encontra a preparar como forma de minimizar o
impacto, junto dos utentes, do fecho daquela estação para obras de alargamento
do cais e de reabilitação geral, adiantou a O Corvo a administração da empresa.
Nesse mesmo dia, as composições da Linha Verde, que assegura a ligação entre
Telheiras e Cais do Sodré, passarão a circular pela primeira vez na sua
história com seis carruagens, duplicando assim a tipologia actual.
Além do aumento da
circulação de autocarros, o plano delineado pelo ML prevê ainda o reajustamento
nos horários de circulação de comboios, a “monitorização permanente de forma a
dar resposta em tempo real a eventuais necessidades de aumento de oferta e o
aumento da comunicação e informação ao cliente”. As obras a começar este verão,
orçadas em cerca de 7,5 milhões de euros e que apenas deverão estar prontas no
início de 2019, visam aumentar o comprimento do cais dos actuais 70 metros para
105. Algo semelhante ao que havia já sido feito, em 2013, no Areeiro. As
reduzidas dimensões de ambas as estações constituíam-se, de facto, como o real
motivo técnico pelo qual a actual Linha Verde não podia receber composições de
seis carruagens, mas de apenas quatro. Em 2012, porém, e alegando a necessidade
de racionalização de meios, o anterior governo determinou a redução para três
carruagens.
A retirada de uma
carruagem nesta linha, que liga directamente ao Cais do Sodré e serve uma zona
densamente povoada, tem causado em comboios quase sempre lotados. Por isso, nos
últimos cinco anos, os níveis de conforto caíram de forma drástica. Em Novembro
de 2016, questionada por O Corvo sobre os motivos de manter a circular composições
com três carruagens e não quatro, a administração do Metropolitano de Lisboa
alegava razões técnicas relacionadas com a escassez de material circulante. “A
utilização de composições de quatro carruagens exige uma utilização intensiva
de carruagens motoras e um elevado subaproveitamento das carruagens não
motoras”, dizia a empresa, defendendo que a opção por usar apenas três
carruagens tem permitido gerir de forma “mais eficaz e optimizada” os recursos
disponíveis.
Aquando da apresentação do Plano de Desenvolvimento
Operacional da Rede de Metro, a 8 de maio, ficou a saber-se que o encerramento
da estação de Arroios, a 19 de julho, seria acompanhado pela entrada imediata
em funcionamento de composições de seis carruagens naquela linha. Nesse dia, O
Corvo questionou, novamente, a empresa sobre as alterações que terão motivado
esse aumento de capacidade. Na resposta agora recebida, o metro reitera as
explicações dadas antes. “Actualmente, a circulação de comboios de quatro
carruagens só poderia funcionar com quatro unidades motoras, o que implicaria
que as carruagens reboque ficassem sem utilização, situação impensável, uma vez
que o ML não dispõe de material circulante em quantidade suficiente que permita
a não utilização de carruagens”, dizem. A opção por quatro carruagens,
explicam, obrigaria a “retirar circulações das outras linhas em determinados
horários, o que iria, por sua vez, diminuir a capacidade de oferta”.
Na mesma resposta
escrita, a transportadora pública garante que iniciou, em janeiro de 2017, “um
plano de actuação com vista à recuperação progressiva dos níveis de eficiência
e da qualidade do serviço de transporte prestado ao cliente, que tem
evidenciado melhorias, desde o final do 1º trimestre do corrente ano”. Tal
plano terá tido consequências imediatas, explica a administração da empresa,
anunciando ter-se registado nesse mês “uma melhoria significativa de 4% no
serviço planeado, quando comparado com o mês anterior, apresentando, no
referido período, uma taxa de cumprimento de 98,4%”.
Texto: Samuel Alemão
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