“Isto é uma
vitória para a música. Para as pessoas que fazem música que
realmente significa alguma coisa. A música não é
fogo-de-artifício. A música é sobre sentimentos. Vamos tentar
mudar isso”
Salvador Sobral
A Europa rendeu-se a Salvador e
deu-nos a Eurovisão
Portugal vence pela primeira vez concurso
— e logo com um recorde de pontos. Até agora, não tinha passado do sexto lugar.
LILIANA BORGES 13 de Maio de 2017, 23:35 actualizada às 2:21
Diziam que era impossível. Que uma balada nunca iria vencer
a Eurovisão. Que a música não era festivaleira e que Salvador Sobral iria ter
de mudar tudo o que é para vencer o concurso. O músico de 27 anos dispensou um
espectáculo de luzes impressionante e subiu ao palco com uma indumentária tão
simples quanto a eficácia da sua música. Sem bailarinos ou um coro, Salvador
Sobral colocou um país inteiro a olhar para a Eurovisão novamente. E, em
português, conseguiu conquistar também a atenção além-fronteiras. A canção do
músico de 27 anos tornou-se um fenómeno global e durante semanas surgiam dos quatro
cantos do mundo vídeos de fãs a interpretar as suas versões. Na imprensa
internacional multiplicaram-se títulos a elogiar a “voz de anjo” e a “actuação
perfeita”. A esperança foi crescendo entre as vozes mais cépticas. Este sábado,
os resultados do festival não deixaram margem para dúvidas: a Europa rendeu-se
a Salvador Sobral.
“Isto é uma vitória para a música. Para as pessoas que fazem
música que realmente significa alguma coisa. A música não é fogo-de-artifício.
A música é sobre sentimentos. Vamos tentar mudar isso”, foram as primeiras
palavras de Salvador Sobral, ao agradecer a distinção, durante a noite de
ontem.
A vitória do músico português começou a ser clara nos
primeiros minutos de votação, com Portugal a somar o favoritismo da maioria dos
júris de cada país. A votação dos espectadores não foi diferente.
“Nos próximos anos talvez a Europa traga música com um
bocadinho de mais significado”, continuou o vencedor da Eurovisão, aproveitando
para elogiar a sua irmã, compositora da canção. O músico confessou que “não
voltaria a concorrer” e insistiu na importância que a sua participação teve
para a popularidade e reconhecimento da sua carreira musical.
Salvador chegou ao Festival da Canção depois de o concurso
ter feito interregno de um ano nos palcos da Eurovisão e num ano em que a
organização apostou num novo formato para tentar recuperar o prestígio que o
concurso tinha outrora. A 5 de Março, a 51.ª edição do festival elegeu como
favorito o músico que nunca viu a Eurovisão. A confissão seria feita dias
depois, ao PÚBLICO. Em conversa, o músico sublinhava que estava no concurso
para que conhecessem a sua música. Um objectivo também cumprido. Depois de
vencer o Festival da Canção, o álbum Excuse Me, editado em 2016, saltou para o
top de vendas do iTunes.
Ironicamente, foi “o rapaz do jeito peculiar” que não se
deixou contagiar pela fórmula da Eurovisão o responsável pelo fim da maldição
portuguesa no concurso. Além disso, Salvador fez mais ainda e conseguiu
inscrever a sua marca também na história do concurso: Portugal conquistou a
melhor pontuação de sempre no concurso de música, 758 pontos. Até agora, o
melhor classificado não tinha somado mais de 534 pontos.
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