Cristas irrita-se e critica oposição
por escrever no Facebook
Filipe Lobo d' Ávila apontou
excessiva preocupação com Lisboa e menos com o país.
SOFIA RODRIGUES 18 de Maio de 2017, 18:11
Foi um Conselho Nacional a ferro e fogo. A líder do CDS fez
uma intervenção final zangada e a responder às críticas da oposição,
dirigindo-se directamente a Filipe Lobo d’Ávila e a Raul Almeida por usarem as
redes sociais para a censurarem. Falta de rumo na liderança e a centralização
dos esforços do partido na campanha em Lisboa foram algumas das farpas atiradas
a Assunção Cristas, segundo relatos feitos ao PÚBLICO.
Nuno Magalhães, líder parlamentar, Telmo Correia, presidente
do Conselho Nacional e João Rebelo, da comissão executiva do CDS, foram os
dirigentes que saíram em defesa de Assunção Cristas e ao ataque aos elementos
da lista alternativa ao Conselho Nacional liderada por Filipe Lobo d’Ávila.
Este parlamentar e Raul Almeida, ex-deputado, foram acusados de prejudicar o
partido ao publicarem críticas à líder nas redes sociais e ao fazerem
declarações à imprensa no mesmo sentido. A recente proposta de alargamento em
20 estações da rede do metro de Lisboa, lançada por Cristas no Parlamento, foi
alvo de críticas no Facebook. Também há dias Pedro Pestana Bastos usou a mesma
rede social para apontar, como um "erro", a coligação autárquica, com
o Partido Popular Monárquico (PPM) e o Movimento Partido da Terra (MPT), em
Lisboa.
Filipe Lobo d’Ávila, ex-secretário de Estado da
Administração Interna, questionou o rumo do partido, considerando que o CDS não
se está a diferenciar dos outros partidos. Não por falta de propostas, mas por
não conseguir afirmar-se junto do eleitorado como um projecto alternativo. O
deputado criticou ainda a concentração de esforços de Assunção Cristas na sua
candidatura em Lisboa, mais “preocupada” com Fernando Medina e a deixar António
Costa “à solta”, apontando ainda o facto de a líder não ter associado à
proposta das 20 estações de metro o custo que a concretização da medida
implicaria. Tal como outros dirigentes locais, o líder da lista opositora a Cristas
expressou a necessidade de a presidente ouvir mais o partido e as suas
estruturas.
Raul Almeida referiu-se à coligação com o PPM e com o MPT em
Lisboa, criticando o líder desta última força política por condenar o excesso
de turistas na cidade, quando foi um ex-secretário de Estado do CDS, Adolfo
Mesquita Nunes, a estimular o turismo na capital.
Dos vice-presidentes de Cristas, só Adolfo Mesquita Nunes
fez uma intervenção para defender a líder, salientando as suas qualidades. Nuno
Melo, outro vice-presidente, esteve ausente do Conselho Nacional. Também já não
tinha participado nas jornadas parlamentares do CDS, no início de Maio em
Aveiro, e há quem note a sua falta em várias reuniões da comissão executiva do
partido. Nem o porta-voz do CDS, João Almeida, nem o líder da Juventude Popular
fizeram qualquer intervenção na noite de quarta-feira.
Da lista opositora ao congresso, o conselheiro nacional Rui
Barreira, do CDS de Guimarães, também se queixou da falta de aproximação às
estruturas e mostrou desconforto pelo facto de a direcção ter canalizado
fundos, que podiam ser para a campanha local, para a candidatura em Lisboa.
No discurso final, Assunção Cristas elevou a voz e
dirigiu-se aos dois principais críticos, dizendo que as críticas lhe podem ser
feitas pessoalmente. Lembrou ao ex-deputado estar disponível para o atender por
telefone e a Filipe Lobo d’ Ávila recordou que os dois se cruzam todos os dias
no Parlamento.
O Conselho Nacional aprovou 37 coligações autárquicas,
incluindo a de Lisboa com o MPT e PPM, segundo a agência Lusa. No final da
reunião, Telmo Correia disse à Lusa – único órgão de comunicação social presente,
já que os jornalistas não foram convocados – que “há sempre quem tenha opiniões
diferentes” e que o partido “é profundamente democrático”, sublinhando que “o
CDS em muitas matérias tem conseguido liderar a agenda”. Relativamente à
coligação em Lisboa, Telmo Correia salientou a sua importância, desvalorizando
“uma ou outra declaração que pode gerar polémica, que pode ser mais feliz ou
menos feliz".
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