sexta-feira, 19 de maio de 2017

Cristas irrita-se e critica oposição por escrever no Facebook


Cristas irrita-se e critica oposição por escrever no Facebook

Filipe Lobo d' Ávila apontou excessiva preocupação com Lisboa e menos com o país.

SOFIA RODRIGUES 18 de Maio de 2017, 18:11

Foi um Conselho Nacional a ferro e fogo. A líder do CDS fez uma intervenção final zangada e a responder às críticas da oposição, dirigindo-se directamente a Filipe Lobo d’Ávila e a Raul Almeida por usarem as redes sociais para a censurarem. Falta de rumo na liderança e a centralização dos esforços do partido na campanha em Lisboa foram algumas das farpas atiradas a Assunção Cristas, segundo relatos feitos ao PÚBLICO.

Nuno Magalhães, líder parlamentar, Telmo Correia, presidente do Conselho Nacional e João Rebelo, da comissão executiva do CDS, foram os dirigentes que saíram em defesa de Assunção Cristas e ao ataque aos elementos da lista alternativa ao Conselho Nacional liderada por Filipe Lobo d’Ávila. Este parlamentar e Raul Almeida, ex-deputado, foram acusados de prejudicar o partido ao publicarem críticas à líder nas redes sociais e ao fazerem declarações à imprensa no mesmo sentido. A recente proposta de alargamento em 20 estações da rede do metro de Lisboa, lançada por Cristas no Parlamento, foi alvo de críticas no Facebook. Também há dias Pedro Pestana Bastos usou a mesma rede social para apontar, como um "erro", a coligação autárquica, com o Partido Popular Monárquico (PPM) e o Movimento Partido da Terra (MPT), em Lisboa.

Filipe Lobo d’Ávila, ex-secretário de Estado da Administração Interna, questionou o rumo do partido, considerando que o CDS não se está a diferenciar dos outros partidos. Não por falta de propostas, mas por não conseguir afirmar-se junto do eleitorado como um projecto alternativo. O deputado criticou ainda a concentração de esforços de Assunção Cristas na sua candidatura em Lisboa, mais “preocupada” com Fernando Medina e a deixar António Costa “à solta”, apontando ainda o facto de a líder não ter associado à proposta das 20 estações de metro o custo que a concretização da medida implicaria. Tal como outros dirigentes locais, o líder da lista opositora a Cristas expressou a necessidade de a presidente ouvir mais o partido e as suas estruturas.

Raul Almeida referiu-se à coligação com o PPM e com o MPT em Lisboa, criticando o líder desta última força política por condenar o excesso de turistas na cidade, quando foi um ex-secretário de Estado do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, a estimular o turismo na capital.

Dos vice-presidentes de Cristas, só Adolfo Mesquita Nunes fez uma intervenção para defender a líder, salientando as suas qualidades. Nuno Melo, outro vice-presidente, esteve ausente do Conselho Nacional. Também já não tinha participado nas jornadas parlamentares do CDS, no início de Maio em Aveiro, e há quem note a sua falta em várias reuniões da comissão executiva do partido. Nem o porta-voz do CDS, João Almeida, nem o líder da Juventude Popular fizeram qualquer intervenção na noite de quarta-feira.

Da lista opositora ao congresso, o conselheiro nacional Rui Barreira, do CDS de Guimarães, também se queixou da falta de aproximação às estruturas e mostrou desconforto pelo facto de a direcção ter canalizado fundos, que podiam ser para a campanha local, para a candidatura em Lisboa.

No discurso final, Assunção Cristas elevou a voz e dirigiu-se aos dois principais críticos, dizendo que as críticas lhe podem ser feitas pessoalmente. Lembrou ao ex-deputado estar disponível para o atender por telefone e a Filipe Lobo d’ Ávila recordou que os dois se cruzam todos os dias no Parlamento.


O Conselho Nacional aprovou 37 coligações autárquicas, incluindo a de Lisboa com o MPT e PPM, segundo a agência Lusa. No final da reunião, Telmo Correia disse à Lusa – único órgão de comunicação social presente, já que os jornalistas não foram convocados – que “há sempre quem tenha opiniões diferentes” e que o partido “é profundamente democrático”, sublinhando que “o CDS em muitas matérias tem conseguido liderar a agenda”. Relativamente à coligação em Lisboa, Telmo Correia salientou a sua importância, desvalorizando “uma ou outra declaração que pode gerar polémica, que pode ser mais feliz ou menos feliz".

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