Este homem apresenta uma arrogância
faraónica extremamente perigosa.
Lisboa dispensa mais intervenções por
este Senhor
Sugestão alternativa para este ego?
A construção do seu próprio mausoléu
mas não em terras Lusas.
OVOODOCORVO
Prémio Pritzker da arquitetura quer
construir silo em Belém que “resolva o problema do estacionamento”
24/5/2017, 15:55
Paulo Mendes da Rocha esteve em Portugal e, em entrevista,
admite que quer construir um silo de estacionamento em Belém. No topo ficaria
"um andar de uso público, como um grande salão de festas."
A conclusão de todo o projeto do Museu dos Coches, em
Lisboa, poderia ser feita em menos tempo. “Mas não muito menos”, admite o seu
autor, Paulo Mendes da Rocha. O arquiteto brasileiro premiado com um Pritzker,
considerado o Óscar da arquitetura, esteve em Portugal e, em entrevista ao
Observador defende que é preciso construir um silo de estacionamento em Belém,
junto ao Tejo. Para tirar de uma das zonas mais nobres de Lisboa a “lataria”,
como chama aos carros.
Estreou o filme que a filha fez sobre a vida dele, em Matosinhos,
recebeu um Doutoramento Honoris Causa na Universidade Lusófona do Porto, mas a
visita a Portugal começou em Lisboa, para que o arquiteto de 88 anos pudesse
acompanhar a inauguração da museografia, finalmente instalada, agora que passam
dois anos desde a inauguração do próprio museu. Concebido por ele e pelo
arquiteto Nuno Sampaio, o projeto museológico mostrou-se pela primeira vez no
fim de semana passado e atraiu 10 mil pessoas.
Dentro de 300 dias, praticamente um ano, deverá ser
construída a passagem pedonal sobre a linha de comboio. Três anos não é muito
tempo para ver o seu projeto concluído? “Eu acho que não”, responde Paulo
Mendes da Rocha, no Porto, a pouco minutos de ser homenageado pela Lusófona.
“Não depende mim, tudo isso são políticas e no mundo inteiro é mais ou menos
assim. Só por milagre a coisa poderia ser feita em muito menos tempo. Não digo
que não pudesse ser feita em menos tempo, mas não muito menos tempo.”
A seguir ao depósito dos coches, Paulo Mendes da Rocha, o
segundo arquiteto brasileiro a receber um Pritzker, em 2006, depois de Oscar
Niemeyer ter sido distinguido em 1988, ainda tem um sonho por concretizar
naquela área: um projeto urbano que resolva o problema do estacionamento,
agravado com a inauguração do novo MAAT. “Porque toda aquela área, Jerónimos,
Centro Cultural de Belém e outros, é museológica. É muito desagradável você
cobrir o território com lataria dos automóveis, é melhor guardá-los no silo“,
defende.
Paulo Mendes da Rocha refere-se a um silo de estacionamento que
fazia parte do projeto inicial do novo Museu dos Coches, e que deveria ser
construído do outro lado da linha de comboio, junto ao rio, em frente ao museu.
Essa ideia acabou por não avançar.
Maquete em papel que Paulo Mendes da Rocha fez na altura do lado
esquerdo está o Museu dos Coches e do lado direito o silo de automóveis, que
acabou por sair do projeto. O silo teria a mesma altura do museu.
“Com um diâmetro de 60 metros naquela torre chamada silo,
como está no projeto, os carros vão estacionando em rampa contínua. Você numa
área de dois mil metros quadrados põe mil automóveis. Se puser no terreno, são
vários hectares de lataria brilhando”, explica, por contraste ao atual
estacionamento a céu aberto que ali existe atualmente, e onde cabem poucas
viaturas. A futura passagem pedonal ligaria o silo ao Museu dos Coches. A ideia
era, assim, retirar das imediações — Museu dos Coches, Jardim de Belém, Palácio
de Belém e Jerónimos — os carros que ali estacionam.
É uma estratégia de valorizar o espaço urbano em frente a
esse trambolho que, como sabemos, é o automóvel enquanto transporte individual.
A ideia de qualquer cidade é que quem more no centro não precise de carro. A
graça da cidade é você desfrutar a pé ou de transporte público. O transporte
individual, desse modo, é um absurdo. É uma máquina que pesa 700 quilos para
levar um de nós que pesa 70 quilos, consumindo as entranhas da terra na forma de
petróleo. O automóvel é uma estupidez enorme.”
A passagem de pedestres deverá estar concluída em 300 dias,
quase um ano. “Logo depois vamos ver se conseguimos o estacionamento”, insiste
o arquiteto, que até já tem ideia do que fazer no último andar do silo de
automóveis. “Um andar de uso público, como um grande salão de festas. Imagino
que ali, na frente dos navios turísticos, possa haver as melhores festas, o
melhor réveillon, em frente ao rio, que se possa imaginar.”
“Não é possível que o lisboeta imagine o outro lado [Margem
Sul] uma América.”
Numa entrevista dada no Brasil, Paulo Mendes da Rocha
defendeu que a habitação “tem de ser junto do transporte público, nas áreas
mais centrais, onde o acesso ao trabalho é fácil.” Num momento em que tanto
Lisboa como o Porto são procurados por cada vez mais turistas e a pressão
imobiliária torna mais difícil a habitação no centro às classes baixas e
médias, a arquitetura pode ajudar a equilibrar a balança. “A arquitetura é
política pura”, diz, sobre o facto de a construção da cidade ser uma questão
política. “A área turística não é uma área para ser abandonada pela população
local. A pessoa que vive no centro desce para tomar o café da manhã, ouve falar
várias línguas, a certa altura você não sabe mais quem é o turista, se é você
ou o outro. Isso é muito rico.”
Para o arquiteto, a cidade “é feita para que possamos
conversar uns com os outros, por isso o turista não pode ser mal visto na vida
quotidiana de uma cidade”. Pelo contrário: “Eis a cidade nova!”, elogia, defendendo,
no entanto, um esforço dos poderes nacionais para que se aproximem da
arquitetura para construírem “a cidade contemporânea”.
Para além do silo, se o prémio Pritzker brasileiro pudesse
definir a política da Grande Lisboa, saberia perfeitamente o que fazer.
Atualmente, vê a capital portuguesa como “uma cidade que se desenvolve com
dificuldade ao longo do Tejo, ao longo do Tejo, na frente Tejo”, quando Lisboa
é, na verdade, “uma cidade transversa, que atravessa o rio”.
“Não é possível que o lisboeta imagine o outro lado uma
América”, defende o prémio Pritzker, sobre a falta de aposta na Margem Sul. ©
Gerardo Santos / Global Imagens
Além de “uma ponte ou outra” e de “alguma navegação”, o
fluxo entre as duas margens “deveria ser muito intenso, com uma Lisboa dos dois
lados, não com a cidade uma margem e uma certa natureza amazónica na outra.” E
acrescenta: “Não é possível que o lisboeta imagine o outro lado uma América.
Todo o plano da cidade deveria, na minha opinião, se dirigir a um sentido transverso
ao canal, e não ao longo do canal.”
O Brasil está a pagar pelos seus erros. A Europa também
No ano passado, Paulo Mendes da Rocha recebeu o Leão de Ouro
de Carreira na Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza por ser autor de
uma arquitetura “intemporal” e por ter criado projetos que “resistiram à
passagem do tempo, tanto no plano material como estilístico”. A filha mais
nova, Joana Mendes da Rocha, estava lá a filmar. Tal como já tinha estado em
2015, em Lisboa, a filar a inauguração do Museu dos Coches.
O resultado dessas filmagens pôde ser visto pela primeira
vez em Portugal esta segunda-feira, na Casa das Artes do Porto. “Tudo é
Projeto” é o nome do documentário sobre o arquiteto brasileiro Paulo Mendes da
Rocha. A convite da Casa da Arquitetura, o arquiteto esteve na Casa das Artes,
assim como a filha realizadora, para diferentes conversas perante o público que
esgotou a sala.
“A minha filha fez o filme durante quase os últimos 10 anos.
São imagens tiradas daqui e dali, no meu escritório, depois de uma viagem a
Veneza, por exemplo. São episódios filmados. Alguns sobre simples memórias
dentro do meu próprio atelier, outros em alguns recintos”, explica o arquiteto.
Diz só ter isto o filme uma vez na vida, e “rapidamente”.
“Porque o filme não foi feito para que eu o visse. Mas do que eu vi, acho que
em qualquer episódio, em qualquer momento do filme, eu percebo que está tudo
lá. Presente, passado e futuro de uma vez só. Esse foi o grande feito da Joana
como cineasta”, diz, orgulhoso o pai, que admite ter um “carinho especial” pela
mais nova de seis filhos. “Todos me são muito queridos, mas essa Joaninha, como
é a última… Me dá muito prazer ver o trabalho dela.”
O que não lhe dá prazer é ver a situação política atual no
Brasil. “Para nós todos foi uma grande deceção, uma revelação rápida de coisas
que estavam escondidas”, considera. “Estamos muito desgostosos, evidentemente.
Espera-se, de um modo ou de outro, que isto dê uma volta e possamos sair desta
encrenca, de uma forma democrática e justa.”
Acrescenta que o que se vive no Brasil não é único no mundo
e lembra o ataque terrorista em Manchester. “Ainda agora tivemos notícias
terríveis de Manchester. Tenho a impressão de que o mundo está pagando as
dívidas do exercício durante tantos séculos de uma política nitidamente
colonialista. A Europa está pagando pelos seus erros.”
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