"Há 43 anos que moro aqui e
nunca vi obras no miradouro"
Restrições ao trânsito junto ao miradouro
de S. Pedro de Alcântara começam hoje. O quiosque fecha durante os cinco meses
das obras
29 DE MAIO DE 2017
00:23
Rute Coelho
Os moradores na rua das Taipas e as pessoas que ali
estacionam o carro para ir trabalhar no Bairro Alto vão enfrentar, a partir de
hoje, restrições ao tráfego por causa das obras urgentes no Miradouro de
S.Pedro de Alcântara. A partir dequarta-feira, o trânsito será mesmo
interrompido num troço da rua para estabilização da encosta do miradouro, numa
intervenção que irá demorar cinco meses. Uma grande fenda é visível na parte de
baixo do muro de suporte e para ver outra, na parte superior, basta olhar para
cima que está mesmo junto ao gradeamento. O quiosque/esplanada do segundo nível
do miradouro vai encerrar durante os cinco meses previstos para as obras, adiantou
uma funcionária que não se quis identificar.
Na Rua das Taipas os moradores não escondem o espanto
perante a primeira intervenção a que vão assistir no miradouro que já tem 250
anos de história. Emília Peixe, de 73 anos, que mora na Rua das Taipas há mais
de quatro décadas, apenas critica a autarquia por "não ter colocado avisos
com informação sobre as obras". Mas compreende a necessidade da
intervenção. "Há 43 anos que moro aqui e nunca vi obras no miradouro nem
arranjos no pavimento da rua, que bem precisa". Também José Santos,
vizinho de Emília, com 86 anos, contou que soube das obras porque "ouviu
falar". Em 57 anos como morador na rua das Taipas, José não se lembra de o
muro que suporta o miradouro ter tido qualquer intervenção. "Nunca vi ali
obras". Lembra-se da "hera que vinha quase até ao chão e foi cortada
e de uma planta com flores azuis que enchia o gradeamento" mas nunca notou
as fissuras.
Para notar as fendas é preciso olhar e quase ninguém o faz
quando caminha na rua. Artur Cercas, que trabalha na restauração, no Bairro
Alto, deixa o carro todos os dias na Rua das Taipas e nunca se tinha apercebido
das fendas no muro. "Não costumo olhar". "Já na sexta feira
houve condicionamentos ao trânsito e não tínhamos aqui avisos nenhuns. Não dava
para estacionar em lado nenhum, estava tudo cortado pela Polícia Municipal por
causa de um guindaste que vinha para as obras num prédio em frente ao
muro". Artur espera que sejam criadas "soluções de estacionamento
enquanto duram as obras" e que se melhore a segurança na Rua das Taipas
"porque os carros estão sempre a ser assaltados". Também Luis
Martins, que mora na Avenida de Berna, mas trabalha no Bairro Alto, conta que o
único problema que sabia existir com o miradouro "é ser um ponto de observação
para os tipos que vão assaltar os carros na Rua das Taipas".
A Câmara de Lisboa informou em comunicado que há uma
"necessidade urgente de estabilização da encosta" e lembrou que os
residentes e os veículos autorizados mantêm o acesso nos restantes troços da
rua das Taipas, perto do Bairro Alto. A obra vai ser realizada por ajuste direto
e não por concurso público, segundo uma proposta da Câmara de Lisboa a que a
agência Lusa teve acesso, tendo os trabalhos um valor base de 5,49 milhões de
euros e um prazo de execução de cinco meses.
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