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Cidadãos pedem classificação da casa
onde nasceu Guilhermina Suggia, no Porto
Forum Cidadania Porto está a dar os
primeiros passos e propõe classificação, pelo município, de outros três
edifícios.
ABEL COENTRÃO 26 de Maio de 2017, 21:53
Um grupo de cidadãos propôs esta sexta-feira ao presidente
da Câmara do Porto que seja dado início ao processo de classificação da casa
onde viveu a violoncelista Guilhermina Suggia, da Garagem Passos Manuel, da
Confeitaria Serrana e dos Armazéns Cunha. A carta, enviada ao autarca e à
Direcção Regional de Cultura do Norte é um dos primeiros sinais de vida do
Forum Cidadania Porto, um espelho nortenho do grupo que vem animando alguns
debates em Lisboa.
“Somos a solicitar à Câmara Municipal do Porto, na pessoa de
V. Exa., que desencadeie os procedimentos necessários à classificação de
Interesse Municipal aos imóveis que abaixo se indicam, sendo que, entre eles, e
a um mês exacto de mais um aniversário sobre o nascimento da ilustre
violoncelista Guilhermina Suggia, nascida, como é do conhecimento de V. Exa.,
no Porto em 27 de Junho de 1885, é de sobremaneira justo, pensamos, que se
verifique em primeiro lugar a classificação da casa do nº 665 Rua da Alegria,
onde residiu entre 1927-1950, até à sua morte”, escrevem os subscritores da
carta, Alexandre Gamelas, David Afonso, Francisco Queiroz, Nuno Quental,
Virgílio Marques.
Alexandre Gamelas, arquitecto que vem lutando pela
preservação dos pavilhões interiores do Mercado do Bolhão – iniciativa alvo de
uma petição a que aderiram quase duas mil pessoas – explicou ao PÚBLICO que o
fórum surgiu após uns primeiros contactos que fez com o fundador do movimento
Forum Cidadania LX, Paulo Ferrero, pedindo o apoio deste na divulgação da
causa. Ferrero explicou ao PÚBLICO que há mais de um ano que vinha germinando,
no Porto, a ideia de um movimento semelhante ao da capital, e mostrou-se
agradado pelo facto de a discussão sair do Facebook, onde já existia um grupo,
para dar corpo a propostas concretas.
“Os cidadãos precisam de se envolver nos debates públicos”,
clama Paulo Ferrero, que de entre os vários imóveis cuja classificação é agora
proposta, no Porto, mostra o seu espanto por, exemplifica, um edifício como o
da garagem Passos Manuel não estar classificado, dado o seu valor
arquitectónico. Para o activista, o edifício déco-modernista, de 1930, da
autoria do arq. Mário Abreu e situado na Rua de Passos Manuel “mete no bolso” a
contemporânea garagem Liz, projecto de 1933 de Hermínio Barros e obra
classificada pelo município de Lisboa.
Por outras razões, o grupo gostaria de ver defendida a
Confeitaria Serrana, “uma pastelaria centenária na Rua do Loureiro, n.º 52, no
local da Ourivesaria Cunha (1880-1914), profusamente decorada com motivos Arte
Nova, com esculturas de Oliveira Ferreira e pinturas de Acácio Lino”, notam, e
os Armazéns Cunhas, na Praça de Gomes Teixeira, nº 14, “um edifício
déco-modernista, de 1933-36, praticamente genuíno e com projecto dos
arquitectos Manuel Marques, Amoroso Lopes e Coelho Freitas”, descrevem.
Quanto ao destaque dado à casa do nº 665 da Rua da Alegria,
esta não será a primeira iniciativa cidadã propondo a classificação da casa
onde viveu Guilhermina Suggia, que apesar de estar algo adulterada, no seu
interior, mantém, para o grupo, importância. Contactado pelo PÚBLICO, o até há
poucos dias vereador com o pelouro do Urbanismo, Manuel Correia Fernandes, diz
que nunca lhe chegou um pedido de classificação, mas explicou que muitas das
propostas passam por pelouros como o da Cultura ou do Ambiente, dependendo do
valor que os proponentes pretendem ver defendido, e que pode ser urbanístico,
paisagístico, simbólico ou memorial, entre outros.
Correia Fernandes assinala que e ”este é um momento
apropriado” para se fazer estas propostas, porque o Plano Director Municipal
está a ser revisto e, com ele, também a carta de património, à qual a câmara do
Porto pode, assim o entendendo, acrescentar novos elementos. O autarca
socialista, agora sem pelouros, após o rompimento entre o PS e o grupo de Rui
Moreira, concorda, no geral, com esta proposta de um grupo cuja existência
desconhecia, embora conheça alguns dos seus membros, disse ao PÚBLICO.
Na sua página de Facebook, o Forum Cidadania Porto define-se
como "um espaço livre e aberto a todos que nele se queiram exprimir,
individual ou colectivamente" e "um espaço de apoio e defesa de
causas". Os seus membros pretendem "que o poder ouça e siga a opinião
dos que habitam, trabalham ou visitam a cidade do Porto".
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