Parabéns à vigilância do Forum CidadaniaLX , reconhecimentos a Helena Roseta e Parabéns aos Lisboetas OVOODOCORVO |
Câmara de Lisboa manda rever projecto
para um prédio oitocentista de Alcântara
Projecto actual prevê demolição de
tudo à excepção da fachada e a construção de apartamentos para turistas. O
assunto foi levado à assembleia municipal, onde Helena Roseta pediu que a
aprovação fosse adiada.
JOÃO PEDRO PINCHA 25 de Maio de 2017, 9:15
A Câmara Municipal de Lisboa vai pedir que seja revisto o
projecto de arquitectura para um edifício do século XIX na Rua dos Lusíadas, em
Alcântara. O actual projecto prevê a demolição integral do prédio, à excepção
da fachada, e a construção de 40 apartamentos para fins turísticos. O assunto
deveria ser discutido na reunião camarária desta quinta-feira, mas o vereador
do Urbanismo, Manuel Salgado, disse ao PÚBLICO que a proposta vai ser retirada
e só irá a debate quando existir nova versão do projecto.
Na terça-feira, uma munícipe interveio na sessão da
assembleia municipal para pedir à autarquia que chumbasse a demolição do
edifício, construído em 1888. “O palacete vai ficar completamente desfigurado”,
lamentou Helena Espvall, uma música sueca a viver em Lisboa há quatro anos.
“Acho errado sacrificar o património histórico para fazer alojamento turístico,
não faz sentido nenhum. Eu vivo em Lisboa porque adoro a arquitectura
portuguesa e imploro que façam mais para a salvaguardar. E que votem não a este
projecto”.
Depois desta intervenção, Helena Roseta pediu a Manuel
Salgado que adiasse a discussão da proposta em câmara, que estava marcada para
esta quinta-feira depois de já ter sido adiada uma vez. O vereador nada disse
na ocasião, mas esta quarta-feira garantiu ao PÚBLICO que a decisão de mandar o
projecto para trás já estava tomada antes de Roseta falar nisso.
Há duas semanas, o Fórum Cidadania Lx enviou uma carta ao
vereador a protestar contra a anunciada demolição do prédio, degradado e
abandonado há anos. “Trata-se de um edifício histórico da freguesia de
Alcântara”, escrevem os subscritores, defendendo que “urge recuperar e não
demolir”. A missiva termina com palavras duras para Salgado: “Continuamos sem
compreender a indisfarçável indiferença, senão repúdio, de V. Exa. pelo
património edificado de transição, séculos XIX-XX, em que Lisboa era riquíssima
e que, desde há uma dezena de anos a esta parte, tem vindo a desaparecer de
forma assustadora.”
Helena Espvall, a munícipe que falou na assembleia, também
não compreende a “negligência e desrespeito” que diz existir por este tipo de
património. “A arquitectura deste país é extraordinária, é única, não a vi em
mais lugar nenhum”, disse ao PÚBLICO. A morar na Rua dos Lusíadas há pouco mais
de um ano, a sueca afirma, a rir-se, que a vista para o edifício e o Tejo é
praticamente “a única coisa boa” do apartamento em que está. “Sento-me na sala,
vejo-o diariamente. Não o quero ver demolido ou desfigurado.”
O edifício pertence à imobiliária Imolapa, que o PÚBLICO
tentou contactar sem sucesso durante a tarde de quarta-feira. Fica mesmo ao
lado da sede da Junta de Freguesia de Alcântara, quase debaixo da Ponte 25 de
Abril. O presidente da junta, Davide Amado, disse ao PÚBLICO na terça-feira que
enviou um e-mail para a câmara há quinze dias e ainda está à espera de
informação sobre o assunto.
Sem comentários:
Enviar um comentário